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A Serva do Império

Mara, a Senhora dos Acoma, conhece melhor que ninguém os segredos do Jogo do Conselho. Por meio de sangrentas manobras políticas, ela se tornou uma poderosa força no Império. Mas, rodeada de rivais impiedosos, terá que ser a melhor se quiser sobreviver. Como se isso não bastasse, a jovem precisa lutar em duas frentes. Na corte dos Tsurani, intrigas e traições desestabilizam o poder. Em seu coração, a paixão por um bárbaro do mundo inimigo de Midkemia a leva a questionar os princípios que sempre nortearam sua existência. Com seu filho em perigo e a continuidade de sua Casa ameaçada, Mara usa de todos os meios para tentar controlar a crueldade dos seus inimigos. Os desafios que terá que enfrentar dessa vez irão colocar em xeque as tradições dos Tsurani e suas próprias convicções. Neste jogo de sentimentos e poder, talvez ninguém saia vencedor…
Título: A Serva do Império
Série: A Saga do Império - Volume 2
Autora: Raymond E. Feist & Janny Wurts
Editora: Saída de Emergência
Número de Páginas: 768


Depois de ter lidos todas as obras de Raymond E. Feist lançadas no Brasil até então, a certeza de que iria encontrar pela frente outras obras tão boas quanto ficou marcada em minha mente como se feita a ferro em brasa. Pode até parecer um exagero da minha parte, mas garanto que não é apenas empolgação de leitor.
A Saga do Mago (Aprendiz, Mestre, Espinho de Prata e As Trevas de Sethanon) já havia mostrado para mim um universo rico, com espaço para diversas histórias e com muita qualidade, e quando me aventurei pelas páginas d'A Filha do Império fui surpreendido por tramas ainda melhores e me apaixonei pela força e sagacidade de Mara dos Acoma. Na Saga do Império encontrei muito mais do que esperava e A Serva do Império apenas reforçou essa sensação.
Após conquistar vitórias tidas com improváveis e se destacando cada vez mais no Jogo do Conselho, Mara sabe que a paz conquistada não passa de uma ilusão momentânea. Seus inimigos logo estariam recuperados e sedentos por vingança, era preciso fortalecer-se e colher aliados dentro do império para continuar sua ascenção e garantir a vida de seus servos e familiares, mantendo viva a honra dos Acoma.
A jovem porém não esperava encontrar em Kevin, um escravo vindo do reino bárbaro de Midkemia, um amor como nunca provou antes. Embora a relação entre eles seja proibida pelas tradições de Kelewan, Mara passa a aprender com seu servo e amante noções que são alheias a seu povo e cada vez mais modifica sua forma de pensar. Contudo, Kevin não é a única novidade em seu caminho, e nem todas elas são boas. Ela precisa usar todo seu aprendizado e contar novamente sua astúcia e os conselhos de Nacoya, Keyoke, Arakasi e Lujan, para continuar viva e fora do alcance dos Minwanabi, e garantir que o império se mantenha firme nos tempos de crise que estão por vir.
Se em A Filha do Império acompanhamos a transformação de uma jovem ingenua em uma governante forte e que impõe respeito, em A Serva do Império acompanhamos além da constante evolução de uma mulher determinada cercada de responsabilidades, ameaças e preconceitos, a descoberta da feminilidade. Não são mais apenas as traições, tentativas de assassinatos, disputas por importância dentro do Império e ascensão, que passam a preocupar Mara, mas também seus sentimentos como mãe e como mulher e o conflito com as tradições de seu povo...
Como disse na resenha anterior: apesar de se passar no mesmo universo de histórias da Saga do Mago e acontecer durante a guerra narrada no primeiro e segundo livro, e também eventos do terceiro e quarto, A Saga do Império é totalmente independente podendo ser lido antes, depois, ou até em conjunto, quem sabe. Quem já leu os volumes da série anterior certamente se sentirá mais familiaridade com o cenário de Kelewan e irá identificar alguns personagens e acontecimentos, mas o leitor de primeira viagem será apresentado a um cenário rico e repleto de similaridade com as culturas orientais do nosso mundo. No forte senso de honra, tradições e família, no patriarcado rigoroso, na organização política do Império, nas construções e cultura, a cada momento isso fica mais evidente e próximo, apesar de ao mesmo tempo passar uma impressão de estranheza com a presença do fantástico e do original.
A dupla de autores consegue construir uma narrativa segura e agradável, em até certo ponto ágil,mesmo quando detalhamento é requerido. Mesmo assim não se engane achando que essa será uma leitura rápida, pois há muito conteúdo em suas mais de setecentas páginas. Feist e Wurts trabalham muito bem o enredo de intrigas políticas e estratégias, sem esquecer de dar enfase aos personagens e sem perder o ritmo, seduzindo e cativando o leitor. Os personagens são bem trabalhados, e mostram personalidade e riqueza mesmo quando sua aparição é rápida. O destaque maior - é claro - é de Mara, que mais uma vez se mostra uma protagonista realmente forte, que apesar de ser menosprezada por ser mulher, e ainda  jovem, não se deixar abalar. Que tem defeitos, fraquezas, mas não abaixa a cabeça, que usa sua inteligência e sagacidade a seu favor, que não depende de um homem para ser forte. Mas dessa vez há outros personagens que ganham mais espaço na trama, como o apaixonante Kevin de Zun, e os odiosos Desio e Tasaio dos Minawabi.
Mais uma vez, Raymond E. Feist  e Janny Wurts nos entregam uma trama inteligente, fascinante e com classe. Um livro com espaço para guerras e amores, conspirações e grandes batalhas, aprendizado e evolução. Os amantes da boa literatura, e principalmente os de fantasia de qualidade, precisam incluir o livro em suas listas de leitura.