BEM-VINDO VIAJANTE! O QUE BUSCA NO MULTIVERSO?

Ilustraverso: Alex Mamedes

Todo mundo ama uma boa capa, um mapa bem feito e ilustrações apaixonantes, sejam elas em livros, grafic novels, guias ilustrados, para usar de papel de parede ou pelo simples prazer de admirar. Porém nem todo mundo costuma dar a valor a pessoa por trás da arte, mas por sorte aqui é diferente. Quem sabe você não descobre aqui a pessoa que vai ser responsável por aquele presente diferenciado ou para concluir/iniciar aquele projeto que está engavetado: uma HQ ou a capa e ilustrações de um bom livro.
Na sessão Ilustraverso o artista e sua arte tem vez e reconhecimento. O artista da vez é um ilustrador ilustrador mineiro com um estilo bem particular e encantador (conhecemos o trabalho a pouco tempo mas já desejamos ver a tripulação da Interlúdio em seu traço 🙌): conheçam e apreciem o trabalho de Alex Mamedes!
Alex Mamedes é um ilustrador belo-horizontino que atua como freelancer sempre que tem tempo; tem como área de interesse o design de personagens e quadrinhos, suas principais influências vêm dessas duas áreas.
Estudou na Casa dos Quadrinhos, aqui em Belo Horizonte - onde nasceu e mora -, cursa Cinema de Animação e Artes Digitais, na UFMG e trabalha na Universidade das Crianças.
Você pode conferir uma amostra da arte aí embaixo e as galerias da artista no Artstation e/ou no Instagram. Aos interessados em um contato profissional para alguma encomenda, isso pode ser feito pelo email: mamedes.s.a@gmail.com.

Contos de Lugares Distantes

Único livro de contos do premiado autor Shaun Tan: recebeu o Astrid Lindgren Memorial Award (2010), menção especial na Feira de Bolonha (2007) e, pelo filme The Lost Thing, o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação. Os “lugares distantes” foram inspirados nas experiências da infância do autor em Perth, na Austrália. Nessas 15 histórias, Shaun Tan reúne paisagens estranhas, ficção científica e fantasia.
O fantástico e a vida comum convivem lado a lado, dando a impressão de que algo mágico pode acontecer a qualquer momento. As histórias têm um humor que irá cativar dos leitores iniciantes aos mais sofisticados. As ilustrações participam das histórias e, em algumas delas, o final se concretiza apenas por uma forte imagem. Shaun Tan utiliza várias técnicas para criar os desenhos: pintura, guache, grafite,colagem e outras.
O escritor britânico Neil Gaiman escreveu um texto de quarta capa exclusivo para a edição da Cosac Naify. Da resenha do jornal britânico The Guardian: “Este é o livro mais bonito que você verá durante o ano”.

Título: Contos de Lugares Distantes
Título Original: Tales From Outer Suburbia
Editora: Cosac Naify
Autor: Shaun Tan
Tradução: Érico Assis
Ano: 2012 / Número de páginas: 104


A imagem do cachorro sobre a televisão olhando para algo indefinido ao longe e o sugestivo nome de Contos de Lugares Distantes foram as duas primeiras coisas que me chamaram a atenção e me intrigaram neste pequeno livro de Shaun Tan. Há em ambos um convite quase irresistível à viagem e a leitura e foi a eles que aceitei quando resolvi me aventurar por estas poucas páginas, deste belo livro ilustrado dum autor com nome curioso e até então totalmente desconhecido por mim.
Shaun Tan é um autor e ilustrador australiano premiado e celebrado por seus trabalhos contemporâneos na literatura infantojuvenil. Contos de Lugares Distantes é seu único trabalho como contista e nasceu de uma coleção pessoal de várias ilustrações informais que ele colecionou ao longo de anos num caderno de desenhos e que por sinal ilustram o verso da capa desta edição. Inúmeras ideias, personagens e formas quase sempre descontínuas e fragmentadas tal qual a própria imaginação e a memória constituem e serviram de base para a criação e o desenvolvimento dos contos presentes aqui, perfazendo uma obra que transcende o tão habitual e tão errôneo rótulo de simplista que comumente se dá e se espera dum livro infantil. Definitivamente, Contos de Lugares Distantes não é um livro apenas para crianças e traz uma profundidade inerente que também pode e deve ser apreciada por pessoas de qualquer idade. Shaun Tan se expressa de forma concisa e envolvente, suas ilustrações fazem mais do que complementar seu texto, são elementos indissociáveis da narrativa tal qual num quadrinho e por vezes até contam suas próprias histórias.
Contos de Lugares Distantes é composto por quinze contos curtos bem peculiares e particulares cujos temas e propostas também são bem variados e é até difícil buscar uma unidade narrativa entre eles a não ser aquela sugerida pelo título, como contos pertencentes a outras esferas da vida, outras localidades, para além do comum e cotidiano, beirando a mais pura fantasia e ainda assim eles conseguem ser tão familiares e próximos e nos tocar até mesmo em sua banalidade mais singela. Do muito pequeno ao impossível e ao que sequer existe, tudo aqui se torna real, possível e palpável e não há limites nos enredos mágicos desses contos. Entre eles, destaco:
“País Nenhum” aqui uma família descobre um lugar mágico e paradisíaco no sótão de casa e passa a se refugiar do mundo nele, embora temam que este segredo seja descoberto pelos outros e lhes seja tirado. É uma metáfora sobre os pequenos oásis e pedaços do paraíso que às vezes encontramos dentro de nossas próprias casas, na família e em nós mesmos, é sobre nossos portos seguros em meio às turbulências e adversidades.
“Os Gravetos” faz uma reflexão sobre talvez tudo aquilo que não percebemos, mas que por algum motivo continua lá. Os personagens principais são pequenos gravetos humanóides que dividem espaço conosco e o conto nos força a uma inversão de perspectiva fascinante ao seu final. A técnica de pintura usada para ilustrá-lo me remeteu instantaneamente a algumas obras de Edward Hopper com seu balanço contrastante de luz, sombra e solidão urbana.
“Chuva ao Longe” conta a história do que acontece com todas aquelas poesias pensadas, escritas e esquecidas pelas pessoas, mas que pelos mais variados motivos jamais vêm à público e como elas passam a se atrair umas às outras pelo sentimento de incompletude e posteriormente vindo à chover devolvendo ao mundo todos os fragmentos de sentimentos que carregavam. É o mais poético dos contos e o mais intrincado visualmente, com ilustrações em forma de inúmeros pedaços de papel de variadas cores, tamanhos e formatos.
“Velório” é o conto cuja ilustração aparece na capa. Nele uma grande matilha de cães se reúne para velar um dos seus que fora morto injustamente. Tem um forte peso metafórico e evoca valores e sentimentalismos capazes de deixar qualquer um comovido e emocionado.
“Ressaca” um enorme animal marinho, do nada, amanhece num quintal duma casa cujos moradores passam por problemas de convivência. O evento atrai a atenção dos vizinhos, mas é quando o animal finalmente é devolvido ao mar que percebemos como às vezes falta a mesma mobilização para problemas que estão bem debaixo do nosso nariz e simplesmente ignoramos. Dentre todos os contos foi o que mais me surpreendeu e emocionou, é lindo e triste, mas mostra que ainda há tempo para redenção.
O livro é totalmente colorido e impresso em papel couche fosco de alta qualidade. Além dos contos ele traz uma biografia do autor e do tradutor, Érico Assis, bem como um texto especialmente escrito por Neil Gaiman para a quarta capa desta edição. Shaun Tan também é conhecido por usar diversas técnicas artísticas para criar seus desenhos. Numa rápida folheada é possível perceber essa ampla variedade de estilos: pintura, guache, grafite, colagem e outras estão presentes aqui. Vale mencionar o cuidadoso e notável trabalho editorial com tipografia feito no conto “Chuva ao Longe”, que é inteiramente composto por recortes de variados pedaços de papel, cada um com uma fonte diferente.
Ao fim da leitura sobra a agradável sensação de ter saído do mundo por alguns breves minutos e de ter visitado esses tais lugares distantes, acessíveis apenas através de texto, imagens e imaginação. Cada conto traz uma linguagem e mensagens bem próprias e vai imprimir no leitor uma experiência única ao seu fim. Talvez seja necessária uma certa predisposição para o deslumbramento e que o leitor se deixe sensibilizar e se inquietar com a leitura, que acaba pedindo por reflexão e um olhar para além daquilo que é visível. Há muito em suas páginas, metáforas, grafismos e narrativas, mas ainda assim tudo isso precisa que você vá e encontre por si mesmo algumas respostas, crie suas próprias conclusões e complemente as histórias com sua própria experiência e percepção de mundo, tanto através dos sentidos quanto da sua própria subjetividade. Quaisquer que sejam suas escolhas, a certeza é de que a viagem aos lugares distantes através dos contos e ilustrações de Shaun Tan será recompensadora!


Review: Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça!

É férias de verão e uma turma de adolescentes está num acampamento de arrepiar. Jaime é o monitor do acampamento onde Zeca, Bocão, Frederico, Tati e Serena passam férias. Lá, todos estão com medo da lenda do assassino Escalpo, que supostamente persegue intrusos. Mal sabem eles que Escalpo não é um personagem fictício, sua lenda é absolutamente real.
No jogo, cada jogador controlará um dos personagens tentando fugir das garras do assassino, que será controlado por um jogador diferente a cada rodada. Fugir é questão de vida ou morte, mas como em todo filme de terror, Escalpo parece onipresente, e uma coisa é certa: CABEÇAS VÃO ROLAR!
Titulo: Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça!
Produtora: Geeks N' Orcs
Criação: Gustavo Lopes - Arte: Vitor Cafaggi
Tipo: Cardgame
Mecânicas: Ação SimultâneaGestão de MãoPosicionamento Secreto


Uma homenagem aos clássicos filmes de terror e slasher, muito presentes nos anos 80 e início da década de 90,  com seus adolescentes fugindo de assassinos seriais ou mascarados sobrenaturais. Assim é o clima de Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça!, Cardgame de Gustavo Lopes, recém lançado pela editora Geeks N' Orcs.
Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça! é um card game para 3 a 6 jogadores que revesam no papel de sobreviventes e assassino a cada nova rodada, controlando através de uma mão de cartas o que seus personagens farão para se manter vivos fugindo do assombroso Escalpo
No inicio da partida cada jogador recebe uma carta de personagem e cinco cartas de ações possíveis, clássicas dos filmes de terror com jovens: Dar uns Amassos na Barraca, Andar de Caiaque no Lago, Comprar Comida, Meditar no Alto da  Montanha e Contar Histórias na Fogueira. A cada nova rodada sempre há um novo assassino - o jogador que assistiu a um filme de terror há menos tempo será o assassino na primeira rodada - e os sobreviventes recebem três cubos que representam seus Marcadores de Sangue. O objetivo dos sobreviventes é fugir do assassino, enquanto o assassino precisa persegui-los para matá-los. Mas como isso acontece?

Cara rodada do jogo é composta de 3 turnos: No primeiro deles os sobreviventes selecionam secretamente UMA carta de ação para escapar e o assassino seleciona também UMA carta de ação para perseguir os sobreviventes. Após todos colocarem na mesa secretamente suas cartas escolhidas elas são reveladas; quem tiver escolhido a mesma ação do assassino terá sido alvo do Escalpo, entregando ao assassino um dos seus marcadores de sangue que coloca ao lado do marcador de morte e todos os jogadores que conseguiram fugir do assassino colocam um marcador de sangue junto ao ícone de sobrevivência.
Ao fim do turno todos recolhem suas cartas de ação e inicia o segundo turno, onde tudo ocorre da maneira descrita anteriormente, exceto pelo assassino escolher DUAS cartas de ação enquanto o sobrevivente escolhe apenas UMA para escapar. No terceiro turno a progressão continua: os sobreviventes selecionam UMA carta de ação para tentar escapar e o assassino seleciona TRÊS cartas de ação. Uma maneira interessante de simular aquela incrível habilidade dos assassinos aparecerem quase que magicamente em qualquer lugar, beirando a onipresença, independente de sua velocidade (abraços Jason!).
Após a conferencia do turno três, o jogador a esquerda do assassino assume o papel de Escalpo usando verso da carta de personagem, e o assassino anterior assume seu papel de sobrevivente fazendo o mesmo. Uma nova rodada se inicia e é refeito esse processo até que todos os jogadores tenham sido o assassino. Ao fim da partida são contatos os Marcadores de Sangue (somados) e aquele que tiver acumulado mais deste é declarado o vencedor. Bem simples, pra falar a verdade!
A arte do jogo é com certeza um de seus maiores atrativos, não tem como não reconhecer e se encantar com o trabalho do Vitor Cafaggi (Valente, Graphic MSP Turma da Monica: Laços e Graphic MSP Turma da Monica: Lições). Mas não deixe se enganar por essa beleza e simplicidade: Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça! brinca com a atenção a todo instante tanto para escapar da ameaça de Escalpo quando jogando como Sobrevivente quanto quando jogando como o Assassino. Além disso o Cardgame possui outros modos de jogo - A Matança Continua e Chuva de Sangue - e uma regra opcional - É Tempo de Matança - que incrementam o jogo, o tornam ainda mais dinâmico e interessante, acrescentam rejogabilidade, porém mantem-se um jogo simples e fácil de ser ensinado/jogado. Inclusive recomendo jogar com o uso de todas as modificações a mesmo tempo!
Ao fim, digo sem a menor sombra de dúvidas que Por Favor, Não Cortem Minha Cabeça! é um excelente jogo que vai agradar até mesmo aqueles não acostumados com jogos modernos e/ou com a temática dos filmes slasher; sua simplicidade e os detalhes didáticos utilizados no design das cartas o tornam fácil ensinar, e na primeira rodada é possível sair jogando sem dúvidas. É mais um jogo relativamente barato, de boa qualidade, com uma arte muito bacana, divertido, que compensa o investimento e reforça o coro de que o mercado nacional tem muitas pérolas para mostrar. Indicação certeira!

Audioverso: Postmodern Jukebox


Que o universo da música é tão apaixonante quanto o da literatura, o cinema e as artes ilustradas não há dúvidas! Portanto ele também merece seu espaço aqui no Multiverso X. A seção Audioverso é onde buscamos apresentar novos artistas e bandas, dando um pequeno aperitivo daquilo que de melhor eles têm a oferecer, bem como valorizar a sua arte e contribuir para o seu reconhecimento ao indicar e recomendá-los para um novo público.
E hoje vou falar um pouco da Postmodern Jukebox, uma banda que descobri totalmente por acaso, buscando versões cover de algumas músicas que gosto no YouTube. Com uma formação variável e com vários artistas convidados especialmente para cada nova produção, a banda se tornou famosa dentro e fora da internet pelas releituras que faz de hits populares, atuais e do passado, em versões vintage inspiradas em ritmos musicais clássicos do passado, passando pelo jazz, blues, country, rock e muito mais!
A Postmodern Jukebox foi idealizada e é liderada pelo instrumentista Scott Bradlee. Nascido em Long Island, Bradlee mudou-se para Nova York depois de estudar jazz na Universidade de Hartford. Enquanto tocava em shows nos restaurantes e boates de Nova York, Bradlee começou a experimentar usar arranjos de ragtime e jazz em melodias pop dos anos 80, gravando e lançando posteriormente e de forma independente, álbuns digitais com estas versões já misturando sons de diferentes eras.
Bradlee aumentou a aposta nessas experiências em 2012 com um álbum chamado A Motown Tribute to Nickelback, mas já vislumbrava o YouTube como uma nova plataforma para suas experiências musicais pois desde 2009 já vinha publicando vídeos nele com relativo sucesso.
Então, em 2013, Bradlee começou a postar vídeos semanais em que ele e um elenco rotativo de músicos e vocalistas executavam uma nova música, gravada ao vivo em uma única apresentação em sua sala. Nascia assim a Postmodern Jukebox. Em setembro de 2013, Bradlee publicou sua versão anos 50 de We Can't Stop, de Miley Cyrus, e o clipe logo se tornou viral, acumulando mais de quatro milhões de visualizações em menos de dois meses e chegando a 14 milhões dois anos depois. Desde então o canal ChillBradlee's Postmodern Jukebox vem galgando sucesso na internet com uma base de fãs sólida e contando, até hoje, com mais de 250 clipes disponibilizados em seu acervo.
O canal do YouTube ultrapassa os 2 milhões de inscritos e os vídeos mais populares já somam mais de 20 milhões de visualizações cada. O sucesso é tanto que a agenda de shows da banda está lotada até abril do próximo ano, com apresentações marcadas para diversos países da Europa, Ásia, Oceania e América do Norte como parte de sua primeira grande turnê mundial iniciada em 2016.
Entre os principais motivos para este merecido sucesso, podemos destacar a qualidade dos músicos, tanto instrumentistas quanto vocalistas, os arranjos criativos, familiares e ao mesmo tempo muito originais, a ambientação vintage com direito a figurinos e elementos de época nos vídeos, bem como o bom humor com que adaptam canções extremamente populares em estilos clássicos totalmente inusitados.
Uma rápida olhada em alguns dos vídeos já é o suficiente para te convencer a ver e ouvir mais! O que dizer do tema de abertura do anime de Pokémon com muita classe nesta versão jazz? Ou de Anaconda, de Nicki Minaj numa roupagem de blues grass, uma das mais tradicionais vertentes da música county? A super tocada All About That Bass de Meghan Trainer ganha novos ares com solos de contrabaixo e uma bateria suave nessa peça de cool jazz. A banda também explora outras décadas (imagine Barbie Girl de Aqua em versão surf rock anos 60 ou Burn, de Ellie Goulding em doo-wop por um trio de divas ou ainda I Want It That Way dos Backstreet Boys em versão soul anos 60) e temas (temos desde uma releitura de Bad Romance de Lady Gaga inspirada em O Grande Gatsby dos anos 1920 com direito a sapateado, passando por Careless Whisper de Whan num dançante jazz com saxofone direto dos anos 1930 e que tal se Oops!... I Did It Again de Britney Spears fosse performada por Marylin Monroe ou se Shake It Off da Taylor Swift fosse da época de ouro Motown?). A lista é enorme e aumenta a cada semana com a publicação dum novo vídeo no canal no YouTube!
A Postmodern Jukebox também já conta com diversos álbuns e EPs lançados que compilam algumas das músicas vistas nos vídeos e outras exclusivas! Alguns deles figuraram em listas dos mais vendidos da Billboard dentro da categoria de álbuns de jazz e também foram lançados em formato de vinil. Destaque para as artes de capa vintage que, como não poderia ser, remetem às épocas de ouro do rádio e do jazz!
Se você gosta dum estilo musical mais clássico, e é daqueles que sente saudades duma época que nunca viveu, não terá dificuldades de apreciar o trabalho da Postmodern Jukebox. Se você prefere as músicas atuais, dê uma chance a si mesmo de conferir como elas ficariam se fossem produzidas em outras épocas e de quebra aprenda mais sobre estilos musicais variados e que certamente tiveram importância e influência no tipo de música que é produzido hoje.
Você pode conferir algumas músicas da Postmodern Jukebox nos vídeos abaixo ao longo da postagem e conhecer mais visitando o Site Oficial e os perfis da banda no Facebook, YouTube, Twitter e Instagram. Os álbuns, EPs e singles podem ser adquiridos em formato digital tanto na iTunes quanto na Playstore e estão disponíveis também para audição em plataformas de streaming como o Spotfy e o Deezer.


Ilustraverso: Rodrigo Camilo

Todo mundo ama uma boa capa, um mapa bem feito e ilustrações apaixonantes, sejam elas em livros, grafic novels, guias ilustrados, para usar de papel de parede ou pelo simples prazer de admirar. Porém nem todo mundo costuma dar a valor a pessoa por trás da arte, mas por sorte aqui é diferente. Quem sabe você não descobre aqui a pessoa que vai ser responsável por aquele presente diferenciado ou para concluir/iniciar aquele projeto que está engavetado: uma HQ ou a capa e ilustrações de um bom livro.
Na sessão Ilustraverso o artista e sua arte tem vez e reconhecimento. O artista da vez é um versátil ilustrador radicado no Rio de Janeiro: conheçam e apreciem o trabalho de Rodrigo Camilo!
Rodrigo Camilo é um ilustrador e designer gráfico brasileiro que tem prazer em trabalhar com ilustrações; seus interesses incluem pintura digital e concept arts. Camilo usa sua versatilidade para atuar como freelancer na área de criação e arte, e também no mercado publicitário.
Você pode conferir uma amostra da arte aí embaixo e as galerias da artista no Behance, no Facebook e/ou no Portfólio do artista. Aos interessados em um contato profissional para alguma encomenda, isso pode ser feito pelo email: rodrigocamiloartrodrigocamiloart@gmail.com.

Primeiro Amor

Em um passeio por sua casa de veraneio nos arredores de Moscou, o garoto Vladímir Petróvitch, filho único de uma família tradicional, vê uma moça exuberante brincando nos fundos da propriedade. Trata-se de Zinaida, filha de sua vizinha, por quem se apaixonará de forma avassaladora.
À medida que eles se aproximam, fica claro quem está no controle da situação. Disposto a tudo para ser correspondido, Vladímir terá de aprender rapidamente o intrincado jogo da sedução, em que as regras são tão aleatórias quanto obscuras.
Admirado por Henry James e Flaubert, Ivan Turguêniev foi o primeiro autor russo a ser traduzido na Europa, reconhecido, ainda em vida, como um dos grandes escritores de sua época.
Título: Primeiro Amor
Título Original: Первая любовь (Pervaia Liubov)
Coleção: Clássicos Penguin
Editora: Penguin Companhia das Letras
Autor: Ivan Turguêniev
Tradução: Rubens Figueiredo
Ano: 2015 / Número de páginas: 112



Primeiro Amor foi uma aquisição sem grandes pretensões, daquelas que você coloca no carrinho por sugestão do algoritmo da livraria virtual para completar o valor mínimo para obter Frete Grátis numa compra. Até então, ainda não conhecia nada do autor, mas resolvi me arriscar e que grata surpresa! O curto livro, originalmente um conto publicado em 1860, é tido como um dos mais célebres e conhecidos trabalhos de Ivan Turguêniev, autor russo aclamado ainda em vida como um dos grandes de sua época, o primeiro com a sua nacionalidade a ser publicado na Europa e admirado por outros grandes nomes da literatura, incluindo Gustave Flaubert e Henry James. Como o título sugere, neste conto, Turguêniev explora detidamente as afeições e os sentimentos da primeira experiência amorosa de seu protagonista adolescente.
Vladímir Petróvitch, este jovem de dezesseis anos, filho único de uma família tradicional de aristocratas russos, acaba encontrando uma bela moça pela qual se apaixona perdidamente à primeira vista e pela primeira vez, enquanto passeava pelas propriedades de sua família nos arredores de Moscou.
A moça é Zinaida Alexándrovna , filha da mais nova vizinha da casa de veraneio dos Petróvitch. Sua mãe, Zassiékina, tem o título de nobreza de princesa porém aparenta viver numa situação econômica difícil, viúva e já com certa idade ela está às voltas com processos de litígio sobre os títulos do marido recém falecido. Zinaida é jovem, bela e sabe muito bem usar desta beleza para manter orbitando à sua volta um séquito de pretendentes capazes de fazer todas as suas vontades em troca de um pouco de atenção. Com vinte e um anos ela é muito mais experiente do que o jovem Vladímir no intrincado jogo do amor e logo percebe o interesse do jovem, que está disposto a tudo para ter o seu amor correspondido, tratando então de mantê-lo enredado por perto e sob controle.
O livro é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Vladímir Petróvitch, num relato por escrito que faz a seus amigos muitos anos depois destes eventos, relembrando a sua primeira experiência com o amor, após uma conversa que têm com eles ao fim duma festa. A narrativa deixa transparecer toda a inocência e ingenuidade do jovem Vladímir, desde a primeira visita que faz à Zinaida e sua mãe, até quando se dá conta de que a ama profundamente e duma maneira que nunca experimentara antes. A forma como isso é feita nos cativa pois o primeiro amor é uma experiência universal e Turguêniev soube trabalhá-la de forma singela, leve e reconhecível, ao contrário de Werther, com quem o comparei a todo instante, mas cujos rompantes de amor eram duma intensidade excessivamente perigosa. Zinaida corresponderia ao amor de Vladímir com a mesma intensidade e da mesma maneira? Como entender e diferenciar as sutilezas do amor quando se está entorpecido por ele? As idealizações de Vladímir se contrastam com a dureza da realidade e não raro nos apiedamos de seus sentimentos na narrativa, por mais belos e doces que sejam, eles não o isentam do sofrimento. Além do conflito entre o casal de protagonistas, a trama ainda traz alguns conflitos secundários com os demais coadjuvantes, incluindo os outros pretendentes de Zinaida e a sua mãe e os próprios pais de Vladímir.
Essa edição faz parte do selo Penguin Companhia que reedita clássicos da literatura com novas e cuidadosas traduções e enriquecendo as edições com textos de apoio e alguns extras. Neste temos apenas um breve prefácio de Rubens Figueiredo, também responsável pela tradução, no qual ele discorre sobre a biografia do autor, as características de algumas de suas principais obras e algumas particularidades deste conto, tais como uma possível referência autobiográfica.
Primeiro Amor foi mais uma daquelas gratas surpresas que entregar-se a uma escolha aleatória de leitura pode render! Impossível não se identificar com o jovem protagonista tanto na intensidade e pureza dos sentimentos recém despertados quanto na paralisante insegurança que deles advém, afinal para Vladímir tudo era novidade. Lê-lo quando já se têm a experiência de vários amores certamente fará com que você melindrosamente desvende as intenções de alguns dos personagens e se dê conta delas muito antes de nosso jovem protagonista, mas ainda assim o livro guarda algumas surpresas uma vez que o narrador não revela tudo e você leva um certo tempo até completar todo o quadro que envolve a sua paixão por Zinaida. Algumas pistas são deixadas ao longo do relato de Vladímir e é possível prever com facilidade o seu desfecho, mas ainda assim a experiência da leitura compensa! O texto de Turguêniev é conciso, mas não peca em reflexões sobre afeto, juventude e amor e tem uma beleza estética bem própria, de modo que foi um prazer dos mais agradáveis lê-lo! Recomendo este pequeno conto para quem deseja se iniciar nos clássicos russos e para quem gosta de histórias nos moldes típicos do Romantismo, contadas com o mesmo lirismo e frescor da primeira vez que nosso coração ousa se acelerar por alguém.