Quinze anos após Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, quarto filme da franquia criada por George Lucas e último dirigido por Steven Spielberg, o arqueólogo mais famoso do cinema retorna para uma nova e derradeira aventura. Sua chegada por si só divide opiniões: existem aqueles empolgados e os traumatizados que só queriam que o personagem finalmente descansasse.
Com um Henry Jones Jr. ainda mais velho, e desligando-se um poucos dos eventos do fracassado retorno da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem um desafio tão grande quanto impedir o retorno de nazistas: entregar um filme que agrade várias gerações de fãs, que os façam esquecer do desgosto causado pelo longa anterior, e que seja um final digno para um personagem tão amado.
Provando que às vezes o que precisamos é de um olhar externo e apaixonado, James Mangold, diretor de Logan e Ford vs Ferrari, e a equipe de roteiristas evidenciam a todo o momento aquilo que amamos na franquia, mas também construindo algo novo e interessante. Todo o histórico de aventuras de seu protagonista é aproveitado em referências e citações, mesmo ao malfadado quarto filme, mas também para enriquecer o personagem que já não é mais nenhum garotão. O elemento geracional e o peso da idade se tornam questões importantes não apenas para o personagem em si, mas também para que o roteiro ao dialogar com o deslocamento no tempo, literal e figurativamente.
Como execução, o filme traz cenas de ação divertidas, uma aventura ágil e envolvente, e, claro, personagens cativantes, e um roteiro bem embasado, porém, simples. E talvez seja um grande acerto! Ao relembrar dos melhores momentos da franquia e não extrapolar elementos para novíssimos e destoantes, o roteiro encontra um caminho seguro para encerrar de forma honesta e agradável a jornada de Jones.
Tal peso, da idade, perdas e isolamento, já citado, é transmitido de forma catártica por Harrison Ford que garante para Indy uma veracidade a seus dramas e também a necessidade de um fim tranquilo. Phoebe Waller-Bridge e sua agitada Helena, contrapõe não somente o estado atual do seu padrinho, como remete muito a juventude do personagem com seu jeito malandro e bonachão, ainda mais carregando a tiracolo Teddy o seu próprio "Short Round".
O restante do elenco também vai bem. Boyd Holbrook e Mads Mikkelsen, embora não tenham o que possamos chamar de atuações de grande destaque, convencem como antagonistas e entregam o que o filme necessita.
John Williams, também volta para celebrar sua passagem pelos 40 anos de franquia, e continua assertivo como sempre. Na parte visual, com efeitos práticos e digitais em perfeito equilibro, o filme encontra seu tom correto e entrega até cenas de rejuvenescimento muito bem finalizadas em meio a tantos erros da indústria nos últimos tempos.
Embora faça uma aposta segura e não arrisque algo grandioso, os fãs que forem aos cinemas vão encontrar um filme muito bem executado, divertido, agradável e repleto de nostalgia. E, ao fim, posso afirmar sem medo que Indiana Jones e A Relíquia do Destino é uma digna e honrosa despedida para essa franquia tão amada, e nos livra do sabor amargo deixado por seu antecessor.
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 34 min
Gênero: Ação/Aventura
Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth , David Koepp, James Mangold