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Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Quinze anos após Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, quarto filme da franquia criada por George Lucas e último dirigido por Steven Spielberg, o arqueólogo mais famoso do cinema retorna para uma nova e derradeira aventura. Sua chegada por si só divide opiniões: existem aqueles empolgados e os traumatizados que só queriam que o personagem finalmente descansasse.

Com um Henry Jones Jr. ainda mais velho, e desligando-se um poucos dos eventos do fracassado retorno da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem um desafio tão grande quanto impedir o retorno de nazistas: entregar um filme que agrade várias gerações de fãs, que os façam esquecer do desgosto causado pelo longa anterior, e que seja um final digno para um personagem tão amado.


No longa, após uma introdução ambientada em uma das aventuras de um Indiana Jones ainda jovem no final dos anos 30, somos apresentados a sua realidade atual em 1969. Prestes a se aposentar de sua carreira como professor universitário, Jones é um homem solitário e amargurado que sofre com os acontecimentos mais recentes de sua vida pessoal. Contudo, quando Helena Shaw, sua afilhada, reaparece em sua vida, traz de volta a agitação de seus dias de glória ao envolvê-lo em uma trama de vida ou morte ligada à Anticítera de Arquimedes, relíquia valiosa e poderosa, desejada também por antigos inimigos de Jones.

Provando que às vezes o que precisamos é de um olhar externo e apaixonado, James Mangold, diretor de Logan Ford vs Ferrari, e a equipe de roteiristas evidenciam a todo o momento aquilo que amamos na franquia, mas também construindo algo novo e interessante. Todo o histórico de aventuras de seu protagonista é aproveitado em referências e citações, mesmo ao malfadado quarto filme, mas também para enriquecer o personagem que já não é mais nenhum garotão. O elemento geracional e o peso da idade se tornam questões importantes não apenas para o personagem em si, mas também para que o roteiro ao dialogar com o deslocamento no tempo, literal e figurativamente.

Como execução, o filme traz cenas de ação divertidas, uma aventura ágil e envolvente, e, claro, personagens cativantes, e um roteiro bem embasado, porém, simples. E talvez seja um grande acerto! Ao relembrar dos melhores momentos da franquia e não extrapolar elementos para novíssimos e destoantes, o roteiro encontra um caminho seguro para encerrar de forma honesta e agradável a jornada de Jones.

Tal peso, da idade, perdas e isolamento, já citado, é transmitido de forma catártica por Harrison Ford que garante para Indy uma veracidade a seus dramas e também a necessidade de um fim tranquilo. Phoebe Waller-Bridge e sua agitada Helena, contrapõe não somente o estado atual do seu padrinho, como remete muito a juventude do personagem com seu jeito malandro e bonachão, ainda mais carregando a tiracolo Teddy o seu próprio "Short Round"

O restante do elenco também vai bem. Boyd HolbrookMads Mikkelsen, embora não tenham o que possamos chamar de atuações de grande destaque, convencem como antagonistas e entregam o que o filme necessita.

John Williams, também volta para celebrar sua passagem pelos 40 anos de franquia, e continua assertivo como sempre. Na parte visual, com efeitos práticos e digitais em perfeito equilibro, o filme encontra seu tom correto e entrega até cenas de rejuvenescimento muito bem finalizadas em meio a tantos erros da indústria nos últimos tempos.

Embora faça uma aposta segura e não arrisque algo grandioso, os fãs que forem aos cinemas vão encontrar um filme muito bem executado, divertido, agradável e repleto de nostalgia. E, ao fim, posso afirmar sem medo que Indiana Jones e A Relíquia do Destino é uma digna e honrosa despedida para essa franquia tão amada, e nos livra do sabor amargo deixado por seu antecessor. 


Título: Indiana Jones e a Relíquia do Destino
Título Original: Indiana Jones and the Dial of Destiny
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 34 min
Gênero: Ação/Aventura
Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth , David Koepp, James Mangold