BEM-VINDO VIAJANTE! O QUE BUSCA NO MULTIVERSO?

Uma Dobra no Tempo

Era uma noite escura e tempestuosa; a jovem Meg Murry e seu irmão mais novo, Charles Wallace, descem para fazer um lanche tardio quando recebem a visita de uma figura muito peculiar.
“Noites loucas são a minha glória”, diz a estranha misteriosa. “Foi só uma lufada que me pegou de jeito e me tirou da rota. Descansarei um pouco e seguirei meu rumo. Por falar em rumos, meu doce, saiba que o tesserato existe, sim.”
O que seria um tesserato? O pai de Meg bem andava experimentando com a quinta dimensão quando desapareceu misteriosamente... Agora, com a ajuda de três criaturas muito peculiares, chegou o momento de Meg, seu amigo Calvin e Charles Wallace partirem em uma jornada para resgatá-lo. Uma jornada perigosa pelo tempo e o espaço.
Uma dobra no tempo é uma aventura clássica, que serviu de inspiração para os mestres da fantasia e da ficção científica do mundo, agora adaptada para os cinemas pela Disney. Junte-se à família Murray nesta jornada, entre criaturas fantásticas e novos mundos jamais imaginados.
Título: Uma Dobra No Tempo - Uma Dobra No Tempo # 1
Título original: A Wrinkle in Time - Time Quintet #1
Autora: Madeleine L’Engle
Ano: 2017
Editora: Harper Collins
Páginas: 240


Tem gente que pensa que séries literárias são uma moda atual, mas na verdade elas estão aí faz um bom tempo. A série a qual falaremos hoje é um bom exemplo disso. Uma Dobra no Tempo chegou chamando atenção por conta do filme e a beleza das publicações ligadas a ela, para a maioria das pessoas se tratava de algo recente: mas não é! Qual não foi minha surpresa ao descobrir que se trata de algo lançado pela primeira vez 1962, mais de 50 anos atrás?
O livro conta a história de Margaret Murry, uma garota de 12 anos que enfrenta alguns problemas para se encaixar e se encontrar. Meg não se acha bonita como a mãe, embora lide bem com física e matemática de maneira avançada graças aos pais cientistas, tem dificuldades na escola e não consegue evitar confusões como seus irmãos Sandy e Dennys de 10 anos. Apenas o pequeno Charles Wallace, seu irmão mais novo, parece compreendê-la, pois Charles também é de certa forma um tanto quanto estranho. O garoto pequeno consegue compreender sentimentos das pessoas e praticamente antecipar o pensamento delas, além de ter um QI elevado. Ela teme que as coisas fossem ficar ruins para ele também quando começasse a estudar e conviver com outras crianças. Talvez as coisas estivessem melhores se seu pai, cientista a serviço do governo, não tivesse desaparecido.
Em uma noite de tempestade e insônia as coisas começam a mudar. Enquanto Meg, Charles e a mãe, se fazem um lanche na cozinha esperando a calmaria, surge a porta uma senhora no mínimo peculiar com uma estranha conversa. Tão estranho quanto isso é o fato de Charles Wallace a conhecer e parecerem íntimos. E tão misteriosamente quanto chega, a estranha senhora se vai, deixando no ar a confirmação de que o Tesserato, algo ligado a pesquisa de seu pai, é real e que dobras no tempo e espaço são possíveis.
Meg não consegue entender a conversa daquela mulher e muito menos esquecê-la. Na manhã seguinte, ao voltar da escola, a garota encontra o pequeno Charles Wallace esperando-a pois precisam imediatamente conversar com a Senhoras Quequeé, a mulher que conhecera na noite anterior, e suas amigas a Senhora Quem e Senhora Qual, que vivem na velha cabana na floresta. No caminho, os dois encontram Calvin O'Keefe, um garoto mais velho da escola de Meg, que assim como Charles Wallace parece ter habilidades estranhas e sentiu que devia estar ali.
O trio se une, mesmo sem entender muito bem a situação, e são incumbidos pelas estranhas senhoras da missão de viajar pelo universo para resgatar o desaparecido Sr. Murry e deter o avanço da Coisa Escura, um grande mal que corrompe e destrói os mundos que passa. E assim, como uma louca viagem sem explicação é que aventura desse destemido trio começa. Através de planetas, estrelas, tempo e espaço.
Uma Dobra no Tempo é livro que causa na gente um misto de sentimentos, principalmente se trazemos para leitura um olhar enviesado e acostumados com obras atuais. É preciso entender que trata-se de uma obra infanto-juvenil de mais de 50 anos carregada de conceitos fantásticos e encantados, até mesmo para poder aproveitá-la devidamente. O livro se propõe a ser uma grande aventura sobre crianças, para crianças. Isso fica claro no discurso da autora ao ganhar a Medalha Newbery, encontrado nos extras do livro, onde fala sobre a imaginação infantil e o distanciamento dessa inocência que existe nos adultos.
Embora não justifique, coisas como essas ajudam a explicar determinadas situações presentes na obra que podem ser incomodas para alguns leitores, como a falta de explicações mais aprofundada das coisas que são o que são, porque simplesmente são. Confuso? Pois é exatamente assim que muita coisa é em Uma Dobra no Tempo, e de forma alguma significa que a obra é ruim.
Madeleine L’Engle trabalha muito bem conceitos de ficção científica e fantasia para criar uma aventura interessante carregada de mensagens positivas importantes, e faz isso utilizando-se de uma linguagem simples e clara, para entregar uma narrativa ágil, envolvente e divertida em doze capítulos. Contudo algumas descrições podem ser um tanto confusas, e algumas resposta um tanto quanto vagas.
As personagens, embora por vezes até irritantes, aos poucos se desenvolvem, mostrando facetas interessantes e deixando evidentes as características que as diferenciam, apesar de não haver um maior aprofundamento em muitos deles. O que é uma pena, já que muitos personagens fantásticos, curiosos e cativantes são apresentados na trama, tal qual as três senhoras e o próprio Charles Wallace. O mesmo vale para a ambientação.
Em algumas resenhas por aí, a questão da obra ser ou não de cunho cristão é debatido, por isso acho importante entrar nessa questão. No texto anexo da edição da Harper Collins de Uma Dobra no Tempo a própria neta da autora, ao falar sobre uma espécie de perseguição a obra e comparar com o que houve com Harry Potter, cita o caráter cristão presente na série. Essa influência é evidente durante os questionamentos, ensinamentos e elementos utilizados. Nada no texto se porta como doutrinação como cheguei a ler em outras resenhas, e não diminui em nada as características de fantasia e ficção científica aqui presentes. Pelo contrário! Funcionam muito bem juntos, assim como em As Crônicas de Nárnia.
Não que eu acredite que exista algo que precise ser dito sobre as edições da série lançadas pela Harper Collins Brasil, afinal sua qualidade e beleza são visíveis mesmo a distância, mas... Nossa Senhora! É muito difícil não se encantar com o trabalho feito por eles desde as capas e o acabamento, aos detalhes internos das divisões de capítulos e diagramação. Além disso esta edição traz os já citados discurso de agradecimento da autora pela medalha Newbery e um posfácio que narra a trajetória de escrita e publicação da obra, escrito por uma de suas netas. Ambos nos ajudam a compreender e absorver melhor o conteúdo do livro e o enriquecem.
Uma Dobra no Tempo é com certeza uma aventura mágica e despretensiosa, com mensagens relevantes e conceitos extraordinários, daquelas que deixam com o famoso gostinho de quero mais, embora não seja perfeita e agrade a todos os gostos. Além, é claro, de conter um grande valor histórico atrelado a ela e as razões que a tornam um clássico do gênero. 
Não posso negar que ao fim da leitura, me vi envolvido e convidado a seguir com a série para acompanhar e entender mais este universo e seus personagens.

Review: Covil - Mestre das Trevas

Seja o herói que eles precisam. E o vilão que merecem.
Covil é um jogo competitivo no qual os jogadores disputam a supremacia das regiões que cercam uma pequena e isolada cidade.
Cada jogador controla um general com poderes únicos e que possui incontáveis tropas de minions para "defender o mundo das hordas inimigas", trazer “paz e segurança” aos territórios (em troca de moedas, é claro!), ou aumentar ainda mais o medo e a indignação dos aldeões pilhando a cidade na calada da noite.
Titulo: Covil - Mestre das Trevas
Produtora: Versuvius Media/ Mandala Jogos
Criação: Luís Brüeh
Foco: Estratégia, Comédia e Sorte 


Há um bom tempo atrás tive o prazer de, junto com o Airechu, testar um jogo de tabuleiro ainda em fase de desenvolvimento e escrever um preview sobre ele. Naquela época o Luis Brüeh, nosso amigo e designer do jogo, ainda não havia publicado nenhum de seus jogos, mas já estava visível a qualidade do seu trabalho e seu potencial como Game Designer. Hoje, após alguns anos, voltamos falarmos sobre a versão final de Covil - Mestre das Trevas, publicada  no exterior e aqui no Brasil pela Mandala Jogos. De lá pra cá, alguma coisa mudaram e evoluiram, dando mais dinamismo ao jogo e "redondinho". Contudo, antes de começar a falar sobre a experiência de jogo, precisamos apresentá-lo devidamente.  
Covil - Mestre das Trevas é um jogo de tabuleiro competitivo onde cada jogador assume o papel de um Mestre das Trevas em seu covil - daí o nome do jogo - que usa suas tropas para expandir sua influência pelos territórios ao redor de sua base "defendendo-os" das hordas inimigas, garantindo a paz e proteção, em troca de uma Taxa de Proteção, ou simplesmente tocar o terror e pilhar a cidade durante a noite, indignando os aldeões (que se vingarão assim que possível). Objetivo do jogo é claro: vence o jogador que demonstrar seu poder acumulando mais riqueza.
Cada jogador inicia o jogo em igualdade, com um Mestre das Trevas e uma tropa de cinco servos (as cartas). A partida consiste em 4 dias, as rodadas, cada um deles dividido em 3 fases: Manhã, Tarde e Noite.
Durante a Manhã deve convocar uma nova tropa de minions (os meeples) em seu covil e levantar as tropas que estiverem deitadas. Durante a Tarde, cada jogador pode, na sua vez, pode adquirir um novo servo (substituindo um dos seus por esse novo), ativar quantas relíquias quiser e fazer uma ação com cada uma de suas tropas em campo. As ações podem ser: mover-se, atacar, descansar, ganhar uma moeda ou reparar o Covil. Após realizar um ação, deve deitar o meeple correspondente. Durante a Noite, os jogadores descartam as relíquias ativas, renovam os mercenários disponíveis no mercado, coletam a Taxa de Proteção relativa aos territórios que domina e saqueiam a cidade (se possível). E assim segue até o fim do quarto dia onde os pontos serão contabilizados e o vencedor será revelado.
É claro, ainda existem outras pequenas questões e explicar mais a fundo as regras exigiria uma postagem muito maior, você pode conferir os detalhes no manual do jogo (link no topo da postagem) com todas as regras, totalmente ilustrado, e didático.


Toda a arte do jogo foi feita pelo próprio Luís e casa perfeitamente com a temática e com o clima da partida que, apesar de exigir do jogador uma estratégia para vencer, é permeada por bom humor. E boa parte disso se deve às referências a desenhos antigos, videogames e a cultura pop contidas nas cartas e tabuleiro. Se quiser identificar todas elas é bom ficar atento, pois estão nos mínimos detalhes da arte e do texto das cartas, mas se não ligar para isso, garanto que vai se divertir da mesma forma, pois o jogo independe dessa questão, é apenas um "algo mais".
A partida flui muito bem, sem travas. A princípio você pode se sentir perdido por não entender as questões que envolvem as pontuações de ataque/defesa e as habilidades passivas das suas tropas, porém em poucas rodadas é possível compreender e seguir sem interrupções. Em diversos momento do jogo o jogador poderá se ver forçado a tomar decisões difíceis e que podem ficar "inúteis" mais a frente, seja porque depende de um personagem que está cansado, ou ao adotar outra estratégia, seja porque algum oponente bloqueou suas habilidades com uma carta que você não estava prestando atenção! E isso é extremamente divertido! Jogos que forçam escolhas complicadas e mudança de estratégias rapidamente muito me agradam e Covil exigirá isso, ainda mais com os momentos “toma essa” garantidos pelas habilidades de alguns personagens e pelas cartas de Relíquias. O fato de não ter eliminação de jogadores, e a possibilidade de mesmo um jogador que tenha perdido o seu covil vencer a partida torna ela competitiva até o final!




Além do jogo básico, foi publicada também a expansão Maldade Caótica que traz alguns novos elementos que acrescentam novas possibilidades estratégicas ao jogo e aumentando a competitividade, principalmente com possibilidade das partidas mais longas com as novas cartas de mercenários. Mesmo que não seja uma adição indispensável, a expansão torna o Covil ainda mais interessante.
Covil - Mestre das Trevas apresenta uma boa proposta, com bastante rejogabilidade, e oferece uma boa experiência para tanto para jogadores mais experientes quanto os iniciantes, principalmente para aqueles que adoram uma competição mais acirrada e com bastante interação entre os jogadores. A produção ficou muito boa com excelente acabamento e componentes de qualidade, além de um preço bastante acessível.
Você pode conferir a seguir a opinião de outras pessoas - com diferentes níveis de contato com o hobby dos Boardgames - que, assim como eu, tiveram ao oportunidade de testar o Covil; e também assistir ao vídeo produzido pelo Covil dos Jogos mostrando na prática as regras e uma partida completa de Covil - Mestre das Trevas.
O jogo Covil é muito interessante, a arte é muito atraente e bem feita, é um jogo que enche os olhos com seus personagens cativantes. As regras são simples, e em pouco tempo se aprende e fica fácil de jogar depois dos 10 primeiros minutos. Se for pra resumir o jogo, diria que com certeza é um tipo de jogo que todo mundo iria gostar de ter em sua coleção, não só pela arte, mas também pela jogabilidade. - Daniel Cardoso, Sócio Proprietário da Innova Foto e Vídeo e Jogador Experiente
O primeiro aspecto que me chamou a atenção em Covil foram as ilustrações que remetem à personagens icônicos da cultura pop e ajudam a criar um ar de familiaridade com o jogo. Durante a partida, o que se destaca é a quantidade de jogadas possíveis ponderando as variáveis do jogo (bônus de ataque, de defesa, por tipo de terreno, as habilidades especiais, a movimentação diferenciada das tropas e tantas outras). Achei que isso contribuiu muito para manter um clima dinâmico de estratégia e competição. É preciso estar atento às jogadas dos adversários para não ser pego de surpresa. Como a vitória final é definida pela pontuação acumulada, mesmo que um dos jogadores tenha seu Covil destruído, ele continua no jogo influenciando as jogadas dos adversários. Minions, moedas e cartas na mesa valem pontos e devem ser geridos com cuidado. Covil é equilibrado, tendo a estratégia e sorte como fatores decisivos, e acima de tudo é um jogo envolvente e muito divertido! - Wallison "Airechu" Carvalho, Colunista do Multiverso X e Jogador de Primeira Viagem
Covil, se encaixa muito bem como um Party Game enriquecido pela sua temática divertida com várias referências de personagens normalmente conhecidos pelos jogadores. O jogo é simples e prático, alguns ícones no início são complicados de assimilar, mas com algumas rodadas já fica tudo mais fácil. Apesar de sua simplicidade, o jogo tem um ponto de estratégia muito forte, ficando mais a cargo do jogador do que a própria sorte, mas sim tem um pouquinho de sorte suficiente para ser muito divertido. Tenho certeza que Covil será um jogo frequente em minha mesa, pela sua praticidade beleza e diversão. - Thiago Ferri, Game Designer dos Boardgames Possessão Arcana e Fabrica de Sonhos 


A Metamorfose

Era uma vez um homem igual a todos que acorda transformado em inseto asqueroso. O ponto de partida desta fábula mais que sombria escrita por Franz Kafka (1883-1924) em 1912 tem a aparência daqueles pesadelos dos quais a gente morre de medo de nunca acordar. Entretanto, o estilo seco adotado pelo autor tcheco, próximo ao de um relatório, afasta o leitor do universo quase seguro do fantástico.
Em vez de enfatizar a anomalia, o modo como a escrita de Kafka normaliza o que parece extraordinário faz a estranheza do relato ser percebida como algo que pode acontecer a qualquer hora a qualquer um. Essa astúcia traz à tona a miséria trágica do cotidiano da vida em família, na qual os laços de dependência disfarçam o insuportável de cada um, em que a proximidade física mal esconde a incomunicabilidade.
O notório sentimento de mal-estar que apelidamos de kafkiano, contudo, não está livre de passagens de um humor absurdo, constrangedor. Por tudo isso, quando chega à última página, é difícil o leitor não se sentir feito uma barata tonta. - Cássio Starling Carlos Crítico da Folha
A Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura traz ao público 28 ilustres autores da literatura mundial cujos clássicos marcaram gerações de leitores. Entre eles estão Machado de Assis, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Oscar Wilde, Virginia Woolf, Joseph Conrad, Tolstói e outros renomados autores.
Título: A Metamorfose
Título Original: Die Verwandlung
Autor: Franz Kafka
Tradutor: Marcelo Backes
Editora: Folha de S.Paulo
Coleção: Folha Grandes Nomes Da Literatura (vol.13)
Ano: 2016 / Páginas: 72


Imagine-se “acordar de sonhos intranquilos metamorfoseado num inseto monstruoso”. Esta é uma das premissas e um dos inícios mais memoráveis da literatura. Escrito em apenas vinte dias por Franz Kafka, A Metamorfose é provavelmente a sua obra mais famosa e também a mais estudada e referenciada ainda hoje sendo uma das poucas publicadas pelo autor ainda em vida, em 1915.
A Metamorfose é uma novela curta, protagonizada por Gregor Samsa, um jovem rapaz que trabalha incansavelmente como caixeiro viajante vendendo peças numa rotina extenuante para sustentar sua família composta por um pai aposentado, uma mãe doente e uma irmã ainda muito jovem. Gregor acorda cedo e trabalha muito, mas naquela fatídica manhã algo bizarro lhe acontece e ao despertar ele se dá conta de que não é mais um humano, tornou-se um inseto com uma dura carapaça, patinhas pegajosas e quelíceras asquerosas. Tudo então se desenvolve a partir disto. Gregor é confrontado com sua nova realidade, tenta enfrentá-la, tenta ser aceito, tenta se adequar, acostuma-se a ela, e sobretudo sofre. Diante de si são postos o senso do dever para com o trabalho e a família, a dificuldade de estabelecer um diálogo e uma convivência com eles, com os patrões e a sociedade bem como com a impossibilidade de retornar a forma humana e consequentemente a normalidade de sua rotina.
A novela é dividida em três partes, cada uma delas com um foco diferente da relação da família com Gregor, da relutância ao ódio passando por um curto período de aceitação. A tirania do pai é evidenciada em vários momentos ao passo que a mãe alimenta as vãs esperanças do filho voltar a ser um homem enquanto que a irmã se vê forçada a tomar para si a responsabilidade de cuidar do irmão e ajudar a manter a estabilidade do lar. Gregor passa a viver confinado no próprio quarto onde recebe alimento, mas deixa de ser tratado como filho e irmão, sobrevivendo das migalhas da cozinha e das migalhas do que outrora foram a sua vida familiar.
Li e recomendo a tradução de Marcelo Becks, encontrada nas edições da novela publicadas pela LP&M e Folha de S. Paulo, sobretudo pelas diversas notas do tradutor encontradas ao longo do texto que apontam características comuns de A Metamorfose com outros textos do autor e também evidencia representações simbólicas ao longo do texto e que são de fundamental importância para a plena compreensão da história e de suas particularidades.
A Metamorfose é uma novela curta, atemporal e comovente, repleta de simbolismos e surrealidade com um inegável componente trágico que nos choca mais pela forma como preferimos encarar certas situações do que pela bizarrice da própria transformação de Gregor. O texto simples, direto e imparcial de Kafka é rico em questionamentos sobre relações de trabalho abusivas, sobre as arestas incômodas e a priori invisíveis da convivência familiar, além de falar do comodismo, da solidão e da falta de empatia que por vezes nutrimos sem sequer nos darmos conta.
Ainda que Gregor não pudesse ser encarado exclusivamente como uma pessoa boa e que o autor tenha conseguido manipular minhas opiniões e sentimentos em relação a ele e aos outros personagens, foi impossível não me condoer e me apiedar com a sua situação durante a leitura. Me pergunto, ao final, quem de fato são os verdadeiros monstros ali. Não é difícil encontrar famílias como a dos Samsa e Kafka já demonstra que o próprio conceito de família merece um olhar mais crítico e menos condescendente, afinal apenas porque mudamos involuntariamente a nossa condição por algum infortúnio da natureza somos menos dignos e merecemos ser tratados com desprezo e sermos privados do convívio familiar? Não!

Revista Trasgo - Contos de fantasia e ficção científica

Todo mundo por aqui é chegado em uma boa leitura, não é verdade? Estamos em um blog literário afinal de contas, não poderia ser diferente! Estamos cada dia mais cercados de publicações do mercado editorial, lançamentos nacionais e internacionais, e normalmente não nos damos conta de conhecer algumas outras iniciativas bacanas que temos por aí. Algo totalmente compreensível diante da enxurrada de informação que recebemos a cada dia e as limitações que essas iniciativas precisam enfrentar para encontrar o público. Por isso hoje estamos aqui para te apresentar a Revista Trasgo!
O que é a Trasgo? Bom, a Revista Trasgo é uma publicação online independente e gratuita de contos brasileiros de ficção científica e fantasia escritos por autores consagrados ou estreantes. Ao longo de quatro anos, o projeto abriu portas para autores iniciantes poderem enviar seu material para avaliação editorial e terem seus contos publicados na revista que é distribuída gratuitamente em EPUB, MOBI ou PDF.
O que isso significa? Além de significar material de leitura gratuito para o leitor (Quem não gosta disso? Vai negar?), entregando sempre um produto com qualidade de padrão profissional. A Trasgo é uma porta de entrada para conhecer o trabalho de alguns de nossos autores nacionais, e também uma oportunidade de publicação para aqueles interessados. E de maneira PAGA! Os colaboradores da Revista Trasgo recebem por seu trabalho publicado, embora a revista seja gratuita. É profissionalismo e respeito tanto ao leitor, quanto ao seu autor e/ou ilustrador envolvido com a publicação.
E onde você quer chegar meu caro, Ace? Quero chegar no aviso principal dessa postagem: se você ficou na curiosidade querendo conhecer essa sensacional publicação digital trimestral de contos de ficção científica e fantasia, está aqui uma bela oportunidade (que não deve ser desperdiçada já que a revista não custa nada)! A Revista Trasgo está começando seu quinto ano de publicação com o lançamento de sua edição 17.
A edição tem a capa ilustrada por Daielyn Cris Bertelli, e trás seis contos especiais e entrevista com cada um de seus autores.
"Felicitas Ex Machina", de Alexandra Cardoso, é um conto de um futuro não tão distante sobre Inteligências Artificiais, controle e liberdade, com um final de arrepiar. Depois viajamos ao fim do mundo e de volta com "O Último Dia", de Rodolfo Salles. 
Em "M.I.A.", de Victor Gerhardt, visitamos uma inteligência artificial onipresente que deixa de se comunicar conosco, isolando-se em seu núcleo. E André Caniato nos apresenta "A Folia dos Mortos", um belo conto sobre os mortos, a vida e o fim da estrada. 
"Gritos", de Érica Bombardi, é um conto rápido, visceral e sublime. Encerramos com "Esperando Simone", um conto de ficção científica futurista de Rodrigo Assis Mesquita que nos deixou com lágrimas nos olhos.
Curtiu? A revista, bem como suas edições anteriores, pode ser baixada pelo site www.trasgo.com.br de forma gratuita, sendo necessário apenas um compartilhamento em redes sociais para liberar o download. Você também pode acessar o site para se informar sobre a revista, os profissionais envolvidos com sua publicação, e também saber como ter seu conto ou ilustração publicados por eles. Além disso, você pode contribuir com a Trasgo através de sua campanha de financiamento coletivo recorrente no Padrim - que pode ser acessada pelo seguinte link https://www.padrim.com.br/trasgo - e assim apoiar essa produção nacional independente, assim como os/as artistas, autores e autoras que publicam através da Trasgo.

Multiverso X.:33 | Rime & Dead or Alive 5 #Games


Reproduzir Em Uma Nova Aba - Faça o DownloadArquivo Zip
 
No episódio de hoje o capitão Ace Barros, Airechu, Diogo Fernandes, Julio Barcellos e Hall-e, se juntam para mais um podcast de indicações. Dessa vez nossos destemidos exploradores avançam pelo universo das realidades simuladas e indicam dois jogos: Rime e Dead or Alive 5.
Ouça e descubra o porque o Diogo adora tanto a jornada deste garoto e ficou tão emocionado ao falar do jogo; entenda o porque de Dead or Alive ser uma franquia envolta em injustiças e polêmicas, e porque diabos o indicamos aqui. 
Acompanhe-nos, estimado explorador de universos!

DURAÇÃO: 49 Minutos 12 Segundos

ABORDADOS NO CAST:

RIME - Tequila Works - Oficial Site - Trailer
DOA5: LAST ROUND - Oficial Site - Trailer 

A TRIPULAÇÃO NAS REDES:

Twitter: @MultiversoX @CapAceBarros - @_Airechu - @JulioBarcellos - @id_diogo
Instagram: @multiversox - @_airechu @juliobarcellos @id_diogo
Facebook: Multiverso X

QUER O FEED PARA ADICIONAR NO SEU AGREGADOR FAVORITO?

Assine o nosso feed: feeds.feedburner.com/multiversox/podcast

SUGESTÕES, CRÍTICAS E DÚVIDAS:

Envie e-mails para: contato@multiversox.com.br


Deadpool 2

O mercenário tagarela da Marvel está de volta! Maior, melhor e, ocasionalmente, mais pelado do que nunca. Quando um super soldado chega em uma missão assassina, Deadpool é forçado a pensar em amizade, família e o que realmente significa ser um herói - tudo isso, enquanto chuta 50 tons de bundas. Porque, às vezes, para fazer a coisa certa, você precisa lutar sujo.
Título: Deadpool 2
Lançamento/Duração: 2018 - 119 minutos
Gênero: Aventura/Ação/Comédia/Sci-Fi
Direção: David Leitch
Roteiro: 
 Rhett Reese, Paul Wernick, Ryan Reynolds - Baseado no personagem de Rob Liefeld
Elenco: Brianna Hildebrand, Zazie Beetz, Morena Baccarin, Ryan Reynolds, T. J. Miller, Josh Brolin, Julian Dennison, Shioli Kutsuna, Stefan Kapicic, Leslie Uggams, Karan Soni.


Mais diversão. Mais ação e violência. Mais referências e eastereggs. E muito, MUITO, mais zoeira! Deadpool 2 é de modo geral um filme muito mais intenso, para o bem ou para o mal, que o seu antecessor. Mas o que isso quer dizer?
Depois do sucesso do primeiro filme, uma aposta de mercado no público adulto e uma chance de redenção, Ryan Reynolds reprisa seu papel como o Mercenário Tagarela com o desafio de tornar a surpreender o público e no mínimo igualar-se ao primeiro filme.
A trama gira em torno de impedir que o mutante Cable, vindo do futuro, mate o garoto mutante Russell Collins. Para isso Deadpool reúne um time com figuras como Domino, uma mutante dotada de uma sorte inexplicável, para impedir que isso aconteça. É claro que existem outros detalhes e surpresas, mas a verdade é que a trama é extremamente simples, e funciona dessa maneira.
A decisão então foi intensificar todos os acertos do primeiro longa e trazer frescor através da interação com os novos personagens. E isso é conquistado com certeza graças ao roteiro simples e boa execução geral do longa - apesar de uma seriedade excessiva em certas partes - e principalmente por suas cenas de ação eletrizantes. O próprio filme sabe das deficiências do seu roteiro e brinca com isso, e isso é o que faz de Deadpool... Deadpool, ora bolas!
Tudo é construído para que o filme seja, por mais estranho que pareça, pretensiosamente uma grande comédia de ação. Seu principal objetivo é fazer o público rir utilizando suas principais ferramentas: violência, acidez, metaliguagem e referências. E ele faz isso desde o inicio do filme até as cenas pós-créditos, nada escapa do humor doentio do Mercenário Tagarela. As referências e piadotas são tantas que acabam tendo diferentes níveis, e esse excesso pode irritar algumas pessoas. Existem as locais, que fazem maior sentido para quem conhece os Estados Unidos; existem as sobre super-heróis (incluindo os de outras editoras); aquelas sobre a carreira do próprio Ryan Reynolds e suas falhas; sobre o cinema em geral e a cultura pop, e também sobre o próprio filme e o universo dos X-Men, com citações ao aumento de orçamento e possibilidades de uso de CGI. Tudo é motivo para piada! E a característica do personagem de quebrar a quarta parede e falar diretamente com o público e fazer menções a acontecimentos fora da realidade imaginária do filme estão presentes, e várias vezes.
O elenco entrou totalmente no clima aloprado do filme, inclusive os novos personagens que acrescentam novos elementos tanto para a comédia quanto para as cenas de ação. Reynolds está mais solto do que nunca no papel, e todos os personagens, mesmo os mais diferentes, acabaram casando legal com o filme. O núcleo de apoio do herói ajuda a levantar diversas piadas dos mais inesperados tipos, mas vão além de servir de escada. A interação entre eles é muito boa e fundamental.
Apesar de ter recebido mais orçamento e isso ser refletido muito bem no filme, a computação gráfica parece ter menos esmero nos detalhes do que o anterior. Isso significa que fique perceptível e incomodo? Não, é apenas uma constatação crítica. Um mero detalhe tecnico que me ficou evidente, principalmente em alguns personagens em CGI. 
Mais uma vez a trilha sonora se porta como um personagem a mais na trama. Além de cumprir o papel de compor o momento, contribuindo para o ritmo e desenvolvimento da cena, tanto as tanto as composições originais quanto as música tema casam perfeitamente com o clima da obra. Em vários momentos a trilha é parte integrante das cenas e não apenas um pano de fundo, inclusive gerando situações por causa dela. 
Deadpool é diversão descompromissada e garantida, vale a pena conferir a feliz insanidade deste louco anti-herói. Dito isso, aqueles que gostaram do filme anterior certamente aproveitarão a sequência, e quem não gostou provavelmente gostará ainda menos desse. Mas seja dita a verdade, embora não seja um filme perfeito, Deadpool 2 é divertido pra caralho!


Multiverso X.:32 | Airechu e o Prisioneiro de Azkaban #Literatura


Reproduzir Em Uma Nova Aba - Faça o DownloadArquivo Zip
 
Depois de quase dois meses afastados retornamos, e já dando continuidade a jornada do navegador Airechu pelo universo mágico de Harry Potter. Em episódio especial sob comando do Julio Barcellos, recebemos a escritora Camila Loricchio para falar sobre o terceiro livro da série: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkabam.
Ouça e descubra como foi a experiência de cada um de nós, em especial a do recém chegado Airechu. Acompanhe as descobertas e revisitas pelo mundo bruxo. Confira se a Cerveja Amanteigada tem álcool suficiente pra te fazer dormir com o Pettigrew. E descubra se o nosso navegador vai continuar ou não lendo a série.
Acompanhe-nos, estimado explorador de universos! 

DURAÇÃO: 1 hora 13 Minutos 21 Segundos

NOSSA CONVIDADA:

Camila Loricchio
Site - Twitter: @camiaetria - Instagram: @castelodecartas - Facebook - Livros: Trilogia Castelo de Cartas
Financiamento Coletivos Desenredos: Post no Multiverso X - Apoie no Catarse

CITADOS NESTE EPISÓDIO:

Multiverso X.:23 - Harry Potter e a Pedra Filosofal (Airechu Finalmente Leu)
Multiverso X.:31 - Harry Potter e a Câmara Secreta #DaPáginapraTela

A TRIPULAÇÃO NAS REDES:

Twitter: @MultiversoX @CapAceBarros - @_Airechu - @JulioBarcellos - @id_diogo
Instagram: @multiversox - @_airechu @juliobarcellos @id_diogo
Facebook: Multiverso X

QUER O FEED PARA ADICIONAR NO SEU AGREGADOR FAVORITO?

Assine o nosso feed: feeds.feedburner.com/multiversox/podcast

SUGESTÕES, CRÍTICAS E DÚVIDAS:

Envie e-mails para: contato@multiversox.com.br