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Crítica | Aquaman 2: O Reino Perdido

Warner Bros/Reprodução


Aquaman 2 é a sequência do filme Aquaman de 2018, que acompanha Arthur Curry (Jason Momoa), o filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman). Ele cresce com a vivência de um humano e as capacidades meta-humanas de um atlante. Nesta sequência, depois de não conseguir derrotar o rei dos mares pela primeira vez, Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) utiliza o poder do mítico Tridente Negro para liberar uma força antiga e maligna. Na tentativa de proteger Atlântida e o resto do mundo, Aquaman deve forjar uma aliança incômoda com um aliado improvável e deixar as diferenças de lado para evitar uma devastação irreversível.
Warner Bros/Reprodução

Aquaman 2: O Reino Perdido mergulha em um oceano de avanços impressionantes, especialmente em sua exibição visual. Os efeitos especiais transcendem as expectativas, superando em muito o primeiro filme, garantindo uma experiência visualmente deslumbrante. A direção de arte é de tirar o fôlego, cada cena é meticulosamente projetada, transportando o público para um reino subaquático magnífico e vibrante.

As coreografias de luta são um destaque, especialmente durante o confronto final. A energia, a precisão e a intensidade das cenas de ação são uma demonstração de maestria, proporcionando momentos emocionantes e empolgantes para o público.

Amber Heard como Mera entrega mais uma performance sólida, mantendo sua presença cativante no filme. Ainda que sua participação seja substancial, infelizmente, a dinâmica entre Mera e Aquaman não recebe a profundidade desejada. O relacionamento entre eles, apesar de ser um ponto crucial da trama, carece de desenvolvimento, resultando em um aspecto sub explorado do enredo.
Warner Bros/Reprodução
Um dos pontos que merece destaque é o excesso de clichês que permeiam a narrativa. A previsibilidade em algumas situações, como o ato de salvar personagens à beira da morte, é evidente e poderia ter sido abordada com mais originalidade, garantindo uma experiência menos previsível.

Apesar desses pontos, James Wan, o diretor, demonstra maestria na condução do filme, elevando a narrativa e entregando um desfecho que satisfaz os fãs da franquia. Sua visão criativa e habilidade de trazer vida a esse mundo subaquático são notáveis, fechando "Aquaman 2" com maestria e deixando um impacto duradouro na audiência.

Crítica escrita por Iuri Improta, o @megacinefilo


Título: Aquaman 2: O Reino Perdido
Título original: Aquaman and the Lost Kingdom
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 4min
Gênero: Aventura/Ação/Drama
Direção: James Wan
Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick, James Wan, Jason Momoa

Crítica | Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

Lionsgate/Reprodução


Sucesso nos cinemas e na literatura, a série Jogos Vorazes conquistou milhões de fãs por todo o mundo e apresentou um universo distópico rico e envolvente, além de personagens marcantes. Um odioso personagem, anos após a produção original, ganhou protagonismo em uma prequela que conta sua história de origem: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

A obra chega aos cinemas em 2023 para mostrar mais do vilão Coriolanus Snow e sua jornada de queda e ascensão, afinal como diz o próprio "Snow lands on top/Neve sempre cai por cima". A missão de agradar ao público em uma retomada não é nada simples, mas a Lionsgate veio preparada.
Lionsgate/Reprodução

A rebelião dos distritos é debelada pela Capital, mas não sem consequência para ambos os lados. As perdas foram muitas, e para o povo nunca se esqueça quem são os vencedores, a Capital estabelece os Jogos Vorazes. Em sua décima edição os jogos estão perdendo sua força, e 24 dos jovens mais promissores de Panem são escolhidos para serem os tutores dos tributos essa edição a fim de recuperar o impacto e público dos jogos.

Coriolanus Snow, um jovem que esconde a real situação atual de sua família e deseja acima de tudo o prêmio Plinth, recebe a incumbência de cuidar do tributo feminino do Distrito 12, Lucy Gray Baird. A garota, artista e rebelde por natureza, se torna a chave para a mudança de vida que Snow se preparou a vida inteira. Contudo, nem tudo sai exatamente como planejado.

Com ritmo mais lento, com troca de fases durante a história, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes adapta muito bem o mais longo dos livros da saga. Aqui os jogos são apenas um ponto no plano de fundo maior desse cenário distópico e nos concentramos na construção de uma das figuras mais importantes da saga e nas mudanças que sua presença causa àquele mundo. O questionamos, o entendemos, compadecemos e o odiamos. A direção conduz muito bem elenco e roteiro para que mais uma vez nos interessemos e embarquemos neste cenário de forma prazerosa, mesmo que levemente amarga.
Lionsgate/Reprodução

O ritmo do filme, para muitos, pode ser seu maior inimigo. Sua divisão em atos e pausas para construção dramática podem pegar de surpresa aqueles que esperam constante ação. Contudo, o desempenho dos atores compensa qualquer questão. Tom Blyth e Rachel Zegler garantem a química dos protagonistas e sustentam o drama de seus personagens, Viola Davis entrega uma odiosa Doutora Gaul, bem como Peter Dinklage e seu dúbio Casca Highbottom e os atores coadjuvantes convencem muito bem sobre o peso de toda a situação.

O universo é novamente bem representado nos efeitos práticos e visuais, e bem acompanhado nas trilhas. Tudo é ainda fresco e rústico 10 anos após a guerra, a construção da obra nos faz entender cada um dos avanços que vemos na Saga Jogos Vorazes. 

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é com certeza um filme que vai agradar aos fãs da franquia. Com uma narrativa dramática e trágica, o longa nos envolve naquilo que a saga tem de melhor.


Título: Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
Título original: Hunger Games - The Ballad of Songbirds & Snakes
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 37min
Gênero: Aventura/Ação/Drama
Direção: Francis Lawrence
Roteiro: 
Michael Lesslie, Michael Arndt, Suzanne Collins

Financiamento | O que sabemos sobre Tesouros de Ghanor?


Estivemos na coletiva de imprensa com a Jambo Editora, e recebemos acesso a algumas informações sobre o novo projeto em parceria com o Jovem Nerd: Tesouros de Ghanor!


Caso não saiba, o NerdCast RPG: Ghanor é uma série de RPG do site Jovem Nerd que se passa em um mundo medieval clássico, com reis e princesas, magos e demônios, cavaleiros e dragões — e mais do que isso. A aventura conquistou corações, com episódios lançados entre 2011 e 2012, e uma aguardada continuação em 2022.

Com a conclusão da primeira série do Nerdcast RPG e da publicação dos livros de A Lenda de Ruff Ghanor, o cenário cresceu. A Confederação de Mercadores, onde o óleo negro traz mutações poderosas. O fabuloso metal Arcanium, que fornece capacidades mágicas ao seu portador. O reino de Kottar, onde a morte faz parte da vida. A luta de heróis contra o Devorador de Mundos, que busca impedir o fim de tudo.

A campanha Tesouros de Ghanor - que estará no ar entre os dias 06 de Outubro e 10 de Novembro - tem como objetivo aprofundar e adaptar essas aventuras épicas para novas mídias, incluindo livros, quadrinhos e colecionáveis exclusivos. Como os itens que conferem detalhes a seguir!
Quais os Tesouros de Ghanor?

Dois volumes de histórias em quadrinhos que adaptam as duas séries do Nerdcast RPG: Ghanor! Essas HQs em estilo graphic novel, com formato grande e arte colorida, trarão uma nova perspectiva para as emocionantes aventuras e incluirão cenas inéditas! A equipe criativa conta com roteiros de Fábio Yabu, arte de Fred Rubim e Caio Pegado, e cores de Davi Pinheiro, mas casos as metas estendidas sejam alcançadas, juntam-se ao time para novas histórias: Larissa Palmieri e Rafael Calça no roteiro, Andy PereiraMichel Borges nas artes.
- Volume 1 adapta a série clássica de podcasts.
- Volume 2 adapta a série atual, que está sendo lançada agora e se passa 30 anos depois.
- Inteiro colorido!
- Disponível nas versões: digital (PDF e ebook), brochura, capa dura.
Romance e Antologia

O romance "As Máscaras do Metamorfo", escrito por Karen Soarele, segue a história de Ruprest, um habilidoso espião capaz de mudar de forma. Quando um roubo dá errado, ele se envolve com Lady Faustine, uma feiticeira nobre do reino sombrio de Utteria.
- Romance inédito protagonizado por Ruprest, um golpista capaz de assumir a forma de qualquer pessoa, e Lady Faustine, uma princesa de sangue mágico e maldito.
- Originalmente interpretados por Deive Pazos e Karen Soarele.
- Disponível nas versões: digital (PDF e ebook), brochura, capa dura.
A antologia "As Aventuras de Feldon e Alma" expandirá o universo de Ghanor com 10 histórias inéditas dos autores Felipe Castilho, Enéias Tavares, Karen Soarele, Kali de los Santos, Leonel Caldela, Davide Di Benedetto, Thiago Rosa, Kat Barcelos, Tucano e Alexandre Ottoni. E com as metas estendidas, novos contos virão pelas mãos de Lucas Borne e Carol Chiovatto
- A antologia trará contos girando em torno de Feldon, um elfo capaz de assumir a forma de qualquer animal desde que esteja bêbado, e Alma, uma anã devota da Morte, porém amaldiçoada com a vida eterna.
 - Originalmente interpretados por Tucano e Kat Barcelos.
- Disponível nas versões: digital (PDF e ebook), brochura, capa dura



Miniaturas e Estátua


Uma coleção de miniaturas do Nerdcast RPG: Ghanor, incluindo personagens como Ruprest, Feldon, Rufus, Royston e Nilperto. Perfeitas para usar nas mesas de RPG, essas miniaturas de PVC possuem um padrão de qualidade internacional. Com as metas estendidas, a coleção pode aumentar!
Zamir, o último dos Dragões Vermelhos e sobrevivente da luta contra o Devorador de Mundos, ganhará uma luxuosa e exclusiva estátua, produzida pela Iron Studios. Essa magnífica estátua é ideal tanto para decoração quanto para aventuras de RPG.



Quais os Níveis de Apoio e Recompensas?

A campanha de Tesouros de Ghanor oferecerá diversas opções de apoio com preços promocionais em relação ao que será cobrado após o financiamento. Todas a edições digital, econômica e capa dura terão o mesmo conteúdo, e o número de páginas pode variar a depender do valor arrecadado na campanha e metas estendidas.

Diferente das campanhas anteriores realizada pela Jambô, essa campanha não acontecerá no Catarse, mas um uma plataforma própria. Com maior controle, a editora poderá oferecer facilidades no envio, agrupando os itens selecionados em um único frete, e irá arcar com os juros, facilitando o pagamento, que poderá ser parcelado em até 6x sem juros.
Agora confira os detalhes dos níveis de apoio:
Nível 1: Tesouros de Ghanor, versão digital | R$ 89
— Graphic novel Vol. 1 (PDF e ebook)
— Graphic novel Vol. 2 (PDF e ebook)
— As Máscaras do Metamorfo (PDF e ebook)
— As Aventuras de Feldon & Alma (PDF e ebook)
— Nome nos agradecimentos
 
Nível 2: Tesouros de Ghanor, versão física (brochura) | R$ 249 + frete
Todas as recompensas do nível 1 (digital) e mais:
— Graphic novel Vol. 1 (brochura)
— Graphic novel Vol. 2 (brochura)
— As Máscaras do Metamorfo (brochura)
— As Aventuras de Feldon & Alma (brochura)
— Coleção de marca-páginas
 
Nível 3: Tesouros de Ghanor, versão luxo (capa dura + extras) | R$ 450 + frete
Todas as recompensas do nível 1 (digital) e mais:
— Graphic novel Vol. 1 (capa dura)
— Graphic novel Vol. 2 (capa dura)
— As Máscaras do Metamorfo (capa dura)
— As Aventuras de Feldon & Alma (capa dura)
— Coleção de marca-páginas
— Pôster de Ghanor (em papel)
— Coleção de miniaturas de RPG (cinco miniaturas: Royston, Rufus, Nilperto, Feldon, Ruprest)
— Early bird: miniatura do Ruff Ghanor
 
Nível 4: Tesouros de Ghanor, versão épica (capa dura + extras épicos) | R$ 850 + frete
Todas as recompensas do nível 3 (luxo) e mais:
— Aparador de livros
— Pôster de Ghanor (em tecido)
— Conjunto de dados de RPG
— Dice bag de couro
— Mais miniaturas (Alma no bode e metas estendidas)
 
Nível 5: Tesouros de Ghanor, versão suprema (capa dura + Iron Studios) | R$ 1.950 + frete
Tudo do nível 4 (épico) e mais:
— Estátua de Zamir, o Dragão Vermelho, da Iron Studios, limitada e exclusiva
— Bookplate autografada por Leonel Caldela, Karen Soarele e Fábio Yabu
Além disso, será possível garantir a série de romances A Lenda de Ruff Ghanor, escrita por Leonel Caldela, incluindo o quarto e último volume inédito. Esses itens adicionais não estão inclusos nos apoios básicos. Lembre de selecionar para incluir no seu apoio!
Add-on: A Lenda de Ruff Ghanor, Vol. 4 | R$ 69 + frete
— Livro brochura

Add-on: A Lenda de Ruff Ghanor, série completa | R$ 259 + frete
— 4 Livros brochura
— Box
As metas estendidas e add-ons prometem fazer com o que o projeto alcance uma escala absurda. Para não perder um só detalhe, as atualizações e novidades da campanha serão enviadas por e-mail para todos que se inscreverem no hotsite da campanha..

A campanha ficará disponível do meio-dia desta sexta-feira, 06 de Outubro, até o dia 10 de Novembro, com entrega de recompensas prevista segundo semestre de 2024Agora que você já está por dentro de tudo acesse ghanor.com.br e prepare-se para uma nova jornada de aventuras!


Crítica | Som da Liberdade

Angel Studios/Reprodução


Envolto em polêmicas — algumas desnecessárias e outras realmente graves — Som da Liberdade, chega aos cinemas com um status muito alto. Talvez, maior do que merece. Toda a discussão em volta do filme, a adoção política, e tentativas de boicotes fizeram com que a curiosidade de muitos fosse atiçada e isso tem se refletido em sua bilheteria global.

O longa, que conta com produção de Mel Gibson, direção de Alejandro Monteverde e protagonizado por Jim Caviezel, traz uma história baseada em fatos — com doses de ficção — e explora uma faceta do cinema que vai além do entretenimento e levanta discussões importantes. Mas e para além disso, o filme se sustenta?
Angel Studios/Reprodução

Tim Ballard é um agente do Departamento de Segurança Interna responsável por diversas prisões de pedófilos na carreira da qual se orgulha. Contudo, confrontado sobre quantas crianças realmente libertou e devolveu aos lares em mais de uma década, Tim tem sua visão colocada em xeque. É então que ao resgatar Miguel Aguilar, uma criança hondurenha sequestrada e vítima de abusos, o agente toma para si a missão de ir além.

Colocando em risco a carreira e a própria vida, Ballard segue para a Colômbia em busca da irmã do garoto, Rocio Aguilar, e se vê cada vez mais envolvido em um propósito divino e encontra em Vampiro um parceiro ideal para combater o tráfico sexual internacional de crianças. Entre esquemas intrincados, decisões difíceis e dilemas morais, o longa explora os desafios do ex-agente para concluir a sua missão.

Por vezes uma história pé-no-chão e em outras quase um filme de super-herói americano, Som da Liberdade é competente no que se propõe: trazer luz ao debate sobre a exploração infantil, redes de tráfico internacional de pessoas e pedofilia, que movimentam montantes de dinheiro maiores que o tráfico de drogas. Mesmo focado em contar a trajetória de Ballard, o longa explora através de outros recursos, como imagens reais de sequestros e atuações convincentes, o peso desse drama humano.
Angel Studios/Reprodução

No entanto, enquanto peça cinematográfica, o longa está longe de ser um grande primor. Som da Liberdade aproveita do melodrama, com trilha sonora dramática sempre presente, frases de efeito e montagens de cenas cafonas para atingir seu espectador. Isso faz com que a narrativa, embora competente, seja a todo momento muito previsível e mais do mesmo. 

No ato final do filme talvez esteja o seu ponto mais fraco, ao torná-lo quase um filme do Rambo, reforçando a figura do herói militar americano frente aos males do mundo e o ufanismo patriótico. Essa exaltação à figura do salvador branco em meio a América Latina — feita intencionalmente ou não — quase soa como um refresco ao amargor da informação de que os próprios EUA são um dos maiores consumidores de pornografia infantil do mundo.

A bem da verdade, Som da Liberdade não é um filme ruim ou execrável, porém, apesar de toda a importância de sua mensagem, também não é um filme excepcional ou memorável. Competente em sua proposta, mas mediano e esquecível, o filme traz cenas fortes e impactantes, atuações afiadas com destaque aos atores mirins, e sabe onde quer chegar ao emocionar o público. Contudo, não fossem as polêmicas a seu redor, dificilmente teria o destaque que está recebendo, sendo apenas mais um entre tantos lançados todos os anos.


Título: Som da Liberdade
Título original: Sound of Freedom
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 11min
Gênero: Policial/Ação/Biografia
Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Rod Barr, Alejandro Monteverde

Crítica | A Noite das Bruxas

20th Century Studios/Reprodução


Publicado nos anos finais de sua carreira, A Noite das Bruxas de Agatha Christie - ou Hallowe'en party, no original - não é um de seus maiores sucessos, contudo essa foi a escolha de Kenneth Branagh e sua equipe para dar continuidade a sua série de adaptações cinematográficas das aventuras do excêntrico Poirot.

Se com O Assassinato no Expresso do Oriente (2017) o diretor mostrou competência e com A Morte no Nilo (2022) deu uma leve derrapada, Brannagh chega em sua nova produção dando uma guinada para retornar aos encantos do público, mesclando competentes doses de terror ao suspense.
20th Century Studios/Reprodução

No longa, encontramos o detetive Hercule Poirot vivendo em Veneza tentando aproveitar um isolamento durante sua aposentadoria, algo que não é tão possível assim. Em sua porta diariamente pessoas se apinham em busca de uma chance de conseguir sua atenção para um novo mistério. Em meio a recusas constantes, no entanto, uma velha amiga, Ariadne Oliver, o surpreende com um convite irrecusável: participar de uma sessão espírita com Joyce Reynolds, a última mulher presa pela Lei de Bruxaria, durante a festa do Halloween da famosa cantora de ópera Rowena Drake, cuja filha morreu no ano anterior.

Meio a contragosto, mas motivado a desmascarar a pretensa médium, Poirot aceita o convite da escritora e se depara com uma situação que coloca em cheque suas crenças, mas também conversa sobre os diversos tipos de fantasmas que atormentam a mente humana. Entre o ceticismo e a crença, Poirot se vê instigado a investigar não apenas a mulher, mas também as mortes ligadas ao casarão assombrado que sedia o evento.

Por se tratar de uma obra que remonta aos clássicos mistérios de detetives, seu roteiro por vezes é simples e até previsível, mas a união de elementos tornam esse um filme muito competente em sua proposta. A obra não adapta fielmente a história de mesmo nome, mas se inspira em peças-chave para adicionar elementos oriundos do sobrenatural e do terror para engrandecer o suspense. 
20th Century Studios/Reprodução

Somados a isso, direção competente de Brannagh e a montagem do filme, constroem muito bem o clima sombrio e explora as dúvidas nas mentes dos personagens. O roteiro utiliza bem o seu competente elenco para explorar as diversas camadas sobre aquilo que verdadeiramente os assombra. Angústias, culpas e arrependimentos, e a forma como lidam com os fantasmas são tão ou mais perigosos quantos possíveis assombrações sobrenaturais. 

Mais contido que seu antecessor, que foi muito criticado pelo uso exagerado de CGI, A Noite das Bruxas faz bons usos de efeitos práticos, boas cenografia e jogos de câmera para extrair o melhor possível de sua proposta de suspense. A trilha sonora contida auxilia muito na composição.

Competente e com decisões muito bem acertadas, A Noite das Bruxas mostra que ainda há espaço para filmes clássicos de detetive ao buscar algo além do mistério principal. Tão importante quanto o suspense em si, os personagens e a forma, fazem desse o maior acerto na trilogia Poirot.


Título: A Noite das Bruxas
Título original: A Haunting in Venice
Lançamento/Duração: 2023 - 1h 43min
Gênero: Policial/Drama/Terror
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Michael Green, Agatha Christie

Crítica | As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

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Com diversas versões e reinterpretações aos longos dos anos, seja nas telinhas, telonas ou páginas de quadrinhos, As Tartarugas Ninja é uma das propriedades intelectuais mais amadas entre as gerações de apaixonados por heróis. Em diferentes formatos, o quarteto mutante sempre esteve presente, mantendo-se vivo com maior ou menor destaque, mas faltava a eles um longa a altura (esqueçam aquela bomba do Bay e seus cágados bombados)!

As Tartarugas Ninja: Caos Mutante traz mais uma vez aos cinemas o quarteto de quelônios com nomes de pintores renascentistas, apostando em uma linguagem jovem e uma proposta estética fortemente inspirada por Homem-Aranha no Aranhaverso (2018). Desde o lançamento dos primeiros trailers, o longa tem roubado a atenção pela beleza da arte e pelo elenco de vozes, tanto o estrelado elenco adulto quanto pela primeira vez, as tartarugas adolescentes serem interpretados por adolescentes, e se comportar como tal. Felizmente, o longa vai além de uma casca bonita!
Paramount/Reprodução

O cientista Baxter Stockman cria uma fórmula capaz de alterar animais em híbridos mutantes, e uma organização secreta quer usar isso para criar o exército perfeito. A operação de invasão ao laboratório de Stockman, no entanto, não termina bem: suas cobaias desaparecem após a fuga de uma mosca mutante que o cientística criava como filho e parte de sua pesquisa vai parar nos esgotos de Nova Iorque, onde quatro tartarugas bebês e um rato adulto são atingidas pela Gosma.

Quinze anos mais tarde, Leonardo, Michelangelo, Donatelo e Rafael são quatro tartarugas mutantes adolescentes e ninja, cheios de energia encantados com o mundo humano. Os jovens querem apenas uma chance de serem aceitos pela humanidade, apesar do temor de seu pai e mestre de artes marciais, Splinter, que sabe o quando eles podem ser crueis com o que é diferente. Quando conhecem e ajudam a jovem April O'Neil, encontram a oportunidade perfeita para o que procuram: caso se tornem heróis, as pessoas deixarão de temê-los. O plano é deter o Super Mosca e seu reino de terror com a ajuda de April, mas no caminho vão descobrir que não os únicos mutantes e que mais gente está atrás deles.

Com bastante humor, aventura e doses de emoção, Caos Mutante é uma divertida jornada de evolução e transformação de um grupo de adolescentes em heróis, mas também pessoas mais maduras. Discutindo temas como preconceito, superproteção parental, relações familiares e responsabilidade em meio a piadas visuais e referenciais - ao mundo moderno, a cultura pop e a vida de adolescente - o roteiro de Seth Rogen, Evan Goldberg, e do diretor Jeff Rowe reconstrói a origem das tartarugas de forma leve e atual, se comunicando não apenas com seu público alvo, mas também com adultos e crianças menores. 
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A direção de Jeff Rowe e Kyler Spears conduz muito bem a trama aproveitando os pontos fortes e ressaltando o que o longa tem de melhor. O resultado é um filme divertido e carismático, que sabe onde quer chegar! Um dos maiores destaques fica por conta da parte visual com sua mescla de 3D, 2d e arte não finalizada, dando um aspecto particular a obra, se afastando de ser apenas uma tentativa de Aranhaverso. Por fim, a obra é muito bem complementada pela trilha sonora.

Tivemos acesso a uma cópia dublada, portanto não é possível avaliar o trabalho do elenco original, porém é evidente o quanto a equipe de animação conseguiu colocar dos envolvidos corporalmente em cena. Isso é visível em momentos como o que o rato Splinter se movimenta como Jackie Chan (voz original) em cenas de luta, utilizando o ambiente e objetos disponíveis a seu favor. Sobre as vozes nacionais, apenas elogios! O conjunto de vozes foi muito bem escolhido e dirigido, com destaque pra Anny Gabriele e a breve, porém competente participação de Léo Santana.

Divertido, cativante e espetacular, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante abraça suas origens e, com uma condução competente, inovadora e jovial, entrega um excelente caminho para uma retomada da franquia no cinema e uma divertida introdução para um novo público. Mal posso esperar por mais!


Título: As Tartarugas Ninja - Caos Mutante
Título original: Teenage Mutant Ninja Turtles - Mutant Mayhem
Lançamento/Duração: 2023 - 1h 39min
Gênero: Aventura/Ação/Animação
Direção: Jeff Rowe, Kyler Spears
Roteiro: Seth Rogen, Evan Goldberg, Jeff Rowe

Crítica | Bezouro Azul

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Poucos se recordam desse detalhe, mas Bezouro Azul nasceu com a proposta de ser um filme de super-herói para preencher o catálogo de originais da Warner no streaming. Contudo, durante seu desenvolvimento o projeto alçou voos e, diferente de Batgirl que foi cancelado, ganhou uma chance ir para as telonas mostrar o seu potencial.

Com um elenco carismático e muita latinidade, Bezouro Azul ganhou o interesse do público, mesmo em meio a tragédias de bilheteria da DC. Mas no momento uma persiste: seria o suficiente para fugir dessa maré ruim?
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No longa, somos apresentados ao jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña) que retorna para casa, em Palmera City, após formar-se na faculdade de Direito de Gotham. Bem recebido pela família, o jovem latino logo recebe uma má notícia, as Indústrias Kord tem expandido seus negócios na região de Edgy, aumentando custo de vida e endividando famílias. A família Reyes não é exceção! 

Sua busca por emprego leva seu caminho a se cruzar com o de Jennifer Kord (Bruna Marquezine), herdeira descontente com os rumos que sua tia Victoria (Susan Sarandon) tem para as empresas e legado do seu pai. Esse encontro, porém, toma rumos inesperados quando Jaime recebe de Jenny uma caixa contendo uma misteriosa tecnologia que pode mudar ou destruir o mundo. Ao lado de Jenny e de sua família, Jaime precisa aprender a lidar com a tecnologia da qual agora se tornou hospedeiro enquanto foge de Victoria Kord que a deseja para possibilitar seu sonho de criar a arma perfeita.

Com um roteiro simples e rápido, às vezes até demais, Besouro Azul aproveita ao máximo de referências latinas, construção familiar e do carisma de seus personagens e atores para extrair o seu melhor. O diretor Angel Miguel Soto entrega uma obra consistente que, mesmo trazendo clichês presentes em filmes de origens de super-heróis, tem suas próprias características e assinatura para alcançar algo original. 

No entanto, mesmo que divertido e espirituoso, basta um olhar atento para perceber seus pontos de maior fragilidade. O roteiro do filme renuncia a um maior aprofundamento em suas críticas, evita trabalhar melhor seus vilões entregando algo raso, e naturaliza a existência de coisa além da compreensão em prol de um ritmo que simplesmente avança na trama que deseja entregar, pouco se importando com as lacunas. Porém, muitas dessas questões acabam compensadas ou ocultadas com a boa execução da direção, principalmente do humor, que voltam nossa atenção para os pontos positivos.

Warner Bros/Reprodução

É na química entre o elenco que talvez esteja o maior dos acertos do longa! Maridueña e Marquezine estão ótimos juntos, mas o restante da família Reyes rouba tanto a cena que é possível dizer que são tão protagonistas quanto Jaime. Cabe a eles o drama, a emoção, mas também o humor tão forte e gritante. É fácil comprar a ideia de que eles são uma família real. Por outro lado, os vilões - como já citado - esbanjam atuações canastronas e sua evidenciam a falta de profundidade. Susan Sarandon se coloca muito próximo de receber um Framboesa de Ouro por esse filme!

Diferentemente de The Flash, aqui a mistura de efeitos práticos e digitais funcionam muito bem em tela. A estética do filme não gera nenhum tipo de agressão visual e faz juz tanto ao colorido dos quadrinhos, quanto a estética Miami Vice tão forte em Palmera City.

Ao fim, fortemente apoiado nas relações entre personagens e na latinidade, Besouro Azul entrega um filme simples, mas que diverte e deve agradar ao público, mesmo com seus defeitos. Com ganchos abertos e um futuro pela frente, resta torcer para que o novo planejamento da Warner/DC aproveite atores e personagens para algo ainda melhor.


Título: Besouro Azul
Título original; Blue Beetle
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 7min
Gênero: Aventura/Ação/Ficção Científica
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer

Financiamento | 3DeT Victory

Exploradores de Universos — em especial os amantes do RPG Nacional — uní-vos mais uma vez!
Acessível, dinâmico e super divertido, Defensores de Tóquio surgiu há quase 30 anos como um jogo introdutório de RPG, uma porta de entrada para jovens e adultos viverem suas aventuras e depois partirem adiante. O que não esperavam é que seus fãs nunca quisessem abandoná-lo. Ao longo dos anos ganhou novas versões, novas roupagens e agora, um dos jogos mais amados do Brasil, ganhará uma nova edição em financiamento coletivo a partir do dia 4 de Agosto: 3DeT Victory
Role os dados e descubra o que vai acontecer!

Caso você esteja em outra realidade e não saiba disso, a Jambô Editora é a líder no mercado de RPG no Brasil, responsável coisas pela publicação de Tormenta, Ordem Paranormal, e outros RPGs de bastante sucesso, dentre eles Defensores de Tóquio, ou simplesmente 3DeT. Talvez você seja muito novo para saber, mas 3DeT foi um dos maiores responsáveis pela democratização e formação de jogadores de RPG dos anos 90 e 2000.

Por aqui, estamos muito animados! A minha iniciação no mundo do RPG se deve a 3DeT, como muitos outros jogadores e jogadoras espalhados nesse Brasil. Por mais que depois tenha ido para outros jogos, sempre voltava nele e adquiria uma de suas atualizações. Defensores de Tóquio sempre foi um jogo mais sobre efeitos do que sobre causas, um verdadeiro convite para soltar a criatividade: pouco importava a origem do poder de seu personagem, mas sim os feitos que ele conseguia realizar! Essa verve narrativista, hoje tão em destaque nas discussões sobre gamedesing, permitia e continua permitindo que o jogo seja perfeito para adaptações de jogos, animes e quadrinhos por sua versatilidade. Com imaginação e dados comuns de seis lados, que todo mundo tem em casa, qualquer um era capaz de explorar todos os universos que sua imaginação permitir! 

Tudo isso se mantém! O manual 3DeT Victory trará um sistema de regras rápido e intuitivo, que possibilita aos jogadores a construção de personagens do jeito que quiserem, em poucos minutos. Seu sistema de combate funciona para qualquer tipo de conflito, desde uma luta de artes marciais até um torneio de culinária! Além disso, 3DeT Victory conta também com seu próprio cenário de campanha — Era das Arcas, um mundo de fantasia urbana com elfos na cafeteria, anões motoqueiros, goblins jornalistas, medusas influencers e minotauros na academia, entre outras loucuras. Mas se não quiser utilizá-los, o sistema te dá todas as ferramentas para ir além!

Um dos fatores mais fundamentais para todo seu sucesso é que 3DeT sempre foi muito acessível! Com o intuito de se manter assim, 3DeT Victory terá uma versão econômica de disponível já no financiamento, e todas as faixas de apoio virão com a versão digital e outros brindes exclusivos. Além disso, os apoiadores da campanha receberão o texto integral do livro básico durante o período do financiamento, para jogar e dar feedbacks, e terão acesso a itens exclusivos, que não estarão à venda depois.

E lá vamos nós de novo porque 3DeT é bom demais!!

Tá, mas e sobre o financiamento?

Para quem não conhece, o funcionamento de um financiamento coletivo é simples: os objetivos são esclarecidos na página da campanha e as recompensas são apresentadas, o apoiador escolhe entre as possibilidades com quanto irá contribuir já sabendo qual será a sua recompensa. Em algumas campanhas, quando o valor estipulado é ultrapassado, metas extras bonificam aqueles que contribuíram (não necessariamente todos, isso varia de recompensa para recompensa e de campanha para campanha).

A Jambô conta com um histórico de sucesso em financiamentos coletivos, tendo lançado a maior campanha de arrecadação mensal do país em 2016 com a Revista Dragão Brasil; sido responsável pelo maior financiamento coletivo do Brasil em 2019, quando arrecadou R$1,9 milhão para produzir o RPG Tormenta20; e batendo todos os recordes ao lançar a Coleção Cthulhu, em parceria com o portal Jovem Nerd, que se mantém como o maior financiamento coletivo da América Latina arrecadando R$8,5 milhões, em 2020.

E o que teremos no Catarse?

A campanha de 3DeT Victory oferecerá diversas opções de apoio com preços promocionais em relação ao que será cobrado após o financiamento. Todas a edições digital, econômica e capa dura terão o mesmo conteúdo, e o número de páginas pode variar entre 250 até 300 a depender do valor arrecadado na campanha e conteúdos extras. Confira os detalhes:
 - Apoio nível 1 (versão econômica), R$ 69 + frete: manual 3DeT Victory com capa em brochura (15,5x23cm) com verniz localizado, miolo em papel offset e impressão preto e branco, manual em versão digital, marca páginas exclusivo, nome impresso nos agradecimentos
- Apoio nível 2 (versão capa dura), R$ 149 + frete: manual 3DeT Victory versão capa dura (15,5x23cm) com verniz localizado, miolo em papel couchê e impressão colorida, manual 3DeT Victory em versão digital, marca páginas exclusivo, pôster exclusivo, nome impresso nos agradecimentos
- Apoio nível 3 (versão luxo), R$ 319 + frete: manual 3DeT Victory versão capa dura (15,5x23cm), marca páginas exclusivo, pôster com ilustração do cenário, dados personalizados, livro de aventuras, escudo do mestre, pôster mapa do cenário, caixa rígida, manual 3DeT Victory em versão digital, cupom 30% de desconto na loja da Jambô e estatueta do Capitão Ninja em metal;
- Apoio nível 4 (versão Kami), R$ 550 + frete: manual 3DeT Victory versão capa dura (15,5x23cm), marca páginas exclusivo, pôster com ilustração do cenário, dados personalizados, livro de aventuras, escudo do mestre, pôster mapa do cenário, caixa rígida, manual 3DeT Victory em versão digital, cupom 30% de desconto na loja da Jambô, estatueta do Capitão Ninja em metal, estatueta de Niele em metal e Baralho das Arcas.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta, foi revelado pela equipe da editora que também haverão outras recompensas que serão adicionadas ao decorrer da campanha, algumas ainda secretas e outras nem tanto, como a linha de Light Novels ambientadas no cenário da Era das Arcas, com preços bem atrativos. Além disso, durante o primeiro final de semana, os apoiadores de níveis 3 e 4 levarão um busto da Vitória, reitora da Unipotência

"Teremos 3DeT gratuito?" Sim e não. O manual completo não, mas haverá uma versão Fastplay disponibilizado ainda durante a campanha, esse sim gratuito pra todos, mesmo quem não apoiar. Os apoiadores, sim, terão acesso ao livro completo para playtest e coleta de feedbacks, ainda durante a campanha. A versão digital enquanto item único não estará a venda na campanha pois a ideia é, nesse primeiro momento, ampliar a arrecadação para garantir a publicação das duas versões (econômica e colorida), mas estará disponível depois caso alguém queira apenas ela. No entanto, como tá inclusa com brinde desde a versão econômica, é mais vantajoso ter ambos.

A campanha ficará disponível no Catarse do meio-dia desta sexta-feira, 04 de Agosto, até o dia 06 de Setembro, com entrega de recompensas prevista para Março de 2024Agora que você já está por dentro de tudo confira a página do projeto no Catarse, acesse o hotsite da campanha para saber a lista de conteúdos já revelada e prepare-se para uma nova jornada de aventuras e colisões de universos!

Crítica | Barbie

Warner Bros/Reprodução


Qualquer pessoa conectada nas redes sociais já reparou que fugir do hype criado ao redor de Barbie, live action dirigido e roteirizado por Greta Gerwig, se tornou uma tarefa impossível. Os trailers, um tanto singulares, e seu lançamento simultâneo com Oppenheimer de Christopher Nolan geraram memes, especulações e alçaram Barbie a um patamar bastante elevado de novo fenômeno cultural.

Seja pelo investimento da Warner ou o marketing espontâneo que tomou conta das ruas com muito rosa e brilho, uma multidão de apaixonados e curiosos querem saber se suas expectativas, cada vez mais elevadas, serão correspondidas.

Aqui, digo sem demora, que é muito provável que sim, e até sejam superadas!
Warner Bros/Reprodução

No longa, somos apresentados ao conceito da Barbielândia, um lugar mágico que existe em paralelo ao Mundo Real onde tudo é perfeito e todo dia é sempre o melhor dia de todos. Certo dia, na terra da perfeição onde tudo gira em torna da figura das Barbies e do girlpower, pensamentos sobre morte e questões existenciais começam assolar a Barbie Estereotipada (Margot Robbie). Assustada, ela procura a única figura que talvez tenha respostas para reparar o seu defeito, a Barbie Esquisita (Kate McKinnon).

Para voltar ao que era, Barbie precisa ir ao mundo real encontrar a criança que brinca com ela para se conectarem novamente e passar por essa fase juntas. Contudo, ela não esperava que Ken (Ryan Gosling) partisse com ela nessa jornada. Muito menos descobrir que o Mundo Real, nem de longe, reflete a sua realidade perfeita onde mulheres são valorizadas e o machismo não existe.

O roteiro de Gerwig e Noah Baumbach conduz com maestria a boneca mais conhecida do mundo em sua jornada de descoberta — do mundo e de sua identidade —, levando o espectador do riso à crise existencial, e voltando para o riso novamente numa montanha-russa muito bem conduzida. A dupla não evita abordar nem mesmo questões associadas à empresa proprietária da marca, a Mattel, ao trazer diversos questionamentos pertinentes à nossa sociedade moderna, o papel da Barbie e seu slogan "Seja quem você quiser", padrões irreais de beleza e vida, e seus impactos. Além de, é claro, trazer questões mais profundas sobre o papel social da mulher, a luta diária contra o patriarcado, as exigências da vida adulta, identidade e masculinidade, sem cair em uma crítica panfletária.
Warner Bros/Reprodução

Os méritos para tal feito vão muito além do texto bem construído e já elogiada condução de Greta. Os aspectos assumidamente fantásticos e irreais do design de produção auxiliam a todo momento não apenas a ambientar a trama, mas também servem para amortecer o impacto e a absorção das críticas adicionando doçura à acidez do roteiro com seu colorido gritante. Tudo é lindo, bem construído, e beira o brega, mas servem ao seu propósito de trabalhar os contrastes entre real e imaginário.

Margot Robbie, que também é produtora do longa, com certeza se destaca ao encarnar tão bem a boneca em crise existencial, explorando a pureza, o desenvolvimento e as dores de sua jornada. Gosling e seu Ken, são um espetáculo a parte com seu humor, mas também com a sua própria jornada em busca de aceitação e descoberta da individualidade. Contudo, todo o elenco, recheado de astros e estrelas de séries e filmes, desempenha maravilhosamente aquilo que é esperado deles. E mesmo em pequenos espaços, seus coadjuvantes conquistam o público com suas idiossincrasias.

Entre referências nostálgicas à história da amada boneca que cativou gerações, criticas pertinentes e bem construídas, e um maravilhoso colorido, Barbie é um acerto enorme da Warner e mais uma estrela no currículo da jovem diretora. Sarcástico, ácido, emocionante e bem-humorado, faz jús à expectativa de evento cinematográfico e, sem dúvida, o direito de ser aquilo o que quiser.


Título: Barbie
Lançamento/Duração: 2023 - 1h 54 min
Gênero: Aventura/Comédia/Fantasia
Direção: Greta Gerwig
Roteiro: 
Greta Gerwig, Noah Baumbach

Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Quinze anos após Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, quarto filme da franquia criada por George Lucas e último dirigido por Steven Spielberg, o arqueólogo mais famoso do cinema retorna para uma nova e derradeira aventura. Sua chegada por si só divide opiniões: existem aqueles empolgados e os traumatizados que só queriam que o personagem finalmente descansasse.

Com um Henry Jones Jr. ainda mais velho, e desligando-se um poucos dos eventos do fracassado retorno da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem um desafio tão grande quanto impedir o retorno de nazistas: entregar um filme que agrade várias gerações de fãs, que os façam esquecer do desgosto causado pelo longa anterior, e que seja um final digno para um personagem tão amado.


No longa, após uma introdução ambientada em uma das aventuras de um Indiana Jones ainda jovem no final dos anos 30, somos apresentados a sua realidade atual em 1969. Prestes a se aposentar de sua carreira como professor universitário, Jones é um homem solitário e amargurado que sofre com os acontecimentos mais recentes de sua vida pessoal. Contudo, quando Helena Shaw, sua afilhada, reaparece em sua vida, traz de volta a agitação de seus dias de glória ao envolvê-lo em uma trama de vida ou morte ligada à Anticítera de Arquimedes, relíquia valiosa e poderosa, desejada também por antigos inimigos de Jones.

Provando que às vezes o que precisamos é de um olhar externo e apaixonado, James Mangold, diretor de Logan Ford vs Ferrari, e a equipe de roteiristas evidenciam a todo o momento aquilo que amamos na franquia, mas também construindo algo novo e interessante. Todo o histórico de aventuras de seu protagonista é aproveitado em referências e citações, mesmo ao malfadado quarto filme, mas também para enriquecer o personagem que já não é mais nenhum garotão. O elemento geracional e o peso da idade se tornam questões importantes não apenas para o personagem em si, mas também para que o roteiro ao dialogar com o deslocamento no tempo, literal e figurativamente.

Como execução, o filme traz cenas de ação divertidas, uma aventura ágil e envolvente, e, claro, personagens cativantes, e um roteiro bem embasado, porém, simples. E talvez seja um grande acerto! Ao relembrar dos melhores momentos da franquia e não extrapolar elementos para novíssimos e destoantes, o roteiro encontra um caminho seguro para encerrar de forma honesta e agradável a jornada de Jones.

Tal peso, da idade, perdas e isolamento, já citado, é transmitido de forma catártica por Harrison Ford que garante para Indy uma veracidade a seus dramas e também a necessidade de um fim tranquilo. Phoebe Waller-Bridge e sua agitada Helena, contrapõe não somente o estado atual do seu padrinho, como remete muito a juventude do personagem com seu jeito malandro e bonachão, ainda mais carregando a tiracolo Teddy o seu próprio "Short Round"

O restante do elenco também vai bem. Boyd HolbrookMads Mikkelsen, embora não tenham o que possamos chamar de atuações de grande destaque, convencem como antagonistas e entregam o que o filme necessita.

John Williams, também volta para celebrar sua passagem pelos 40 anos de franquia, e continua assertivo como sempre. Na parte visual, com efeitos práticos e digitais em perfeito equilibro, o filme encontra seu tom correto e entrega até cenas de rejuvenescimento muito bem finalizadas em meio a tantos erros da indústria nos últimos tempos.

Embora faça uma aposta segura e não arrisque algo grandioso, os fãs que forem aos cinemas vão encontrar um filme muito bem executado, divertido, agradável e repleto de nostalgia. E, ao fim, posso afirmar sem medo que Indiana Jones e A Relíquia do Destino é uma digna e honrosa despedida para essa franquia tão amada, e nos livra do sabor amargo deixado por seu antecessor. 


Título: Indiana Jones e a Relíquia do Destino
Título Original: Indiana Jones and the Dial of Destiny
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 34 min
Gênero: Ação/Aventura
Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth , David Koepp, James Mangold