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Crítica | Bezouro Azul

Warner Bros/Reprodução


Poucos se recordam desse detalhe, mas Bezouro Azul nasceu com a proposta de ser um filme de super-herói para preencher o catálogo de originais da Warner no streaming. Contudo, durante seu desenvolvimento o projeto alçou voos e, diferente de Batgirl que foi cancelado, ganhou uma chance ir para as telonas mostrar o seu potencial.

Com um elenco carismático e muita latinidade, Bezouro Azul ganhou o interesse do público, mesmo em meio a tragédias de bilheteria da DC. Mas no momento uma persiste: seria o suficiente para fugir dessa maré ruim?
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No longa, somos apresentados ao jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña) que retorna para casa, em Palmera City, após formar-se na faculdade de Direito de Gotham. Bem recebido pela família, o jovem latino logo recebe uma má notícia, as Indústrias Kord tem expandido seus negócios na região de Edgy, aumentando custo de vida e endividando famílias. A família Reyes não é exceção! 

Sua busca por emprego leva seu caminho a se cruzar com o de Jennifer Kord (Bruna Marquezine), herdeira descontente com os rumos que sua tia Victoria (Susan Sarandon) tem para as empresas e legado do seu pai. Esse encontro, porém, toma rumos inesperados quando Jaime recebe de Jenny uma caixa contendo uma misteriosa tecnologia que pode mudar ou destruir o mundo. Ao lado de Jenny e de sua família, Jaime precisa aprender a lidar com a tecnologia da qual agora se tornou hospedeiro enquanto foge de Victoria Kord que a deseja para possibilitar seu sonho de criar a arma perfeita.

Com um roteiro simples e rápido, às vezes até demais, Besouro Azul aproveita ao máximo de referências latinas, construção familiar e do carisma de seus personagens e atores para extrair o seu melhor. O diretor Angel Miguel Soto entrega uma obra consistente que, mesmo trazendo clichês presentes em filmes de origens de super-heróis, tem suas próprias características e assinatura para alcançar algo original. 

No entanto, mesmo que divertido e espirituoso, basta um olhar atento para perceber seus pontos de maior fragilidade. O roteiro do filme renuncia a um maior aprofundamento em suas críticas, evita trabalhar melhor seus vilões entregando algo raso, e naturaliza a existência de coisa além da compreensão em prol de um ritmo que simplesmente avança na trama que deseja entregar, pouco se importando com as lacunas. Porém, muitas dessas questões acabam compensadas ou ocultadas com a boa execução da direção, principalmente do humor, que voltam nossa atenção para os pontos positivos.

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É na química entre o elenco que talvez esteja o maior dos acertos do longa! Maridueña e Marquezine estão ótimos juntos, mas o restante da família Reyes rouba tanto a cena que é possível dizer que são tão protagonistas quanto Jaime. Cabe a eles o drama, a emoção, mas também o humor tão forte e gritante. É fácil comprar a ideia de que eles são uma família real. Por outro lado, os vilões - como já citado - esbanjam atuações canastronas e sua evidenciam a falta de profundidade. Susan Sarandon se coloca muito próximo de receber um Framboesa de Ouro por esse filme!

Diferentemente de The Flash, aqui a mistura de efeitos práticos e digitais funcionam muito bem em tela. A estética do filme não gera nenhum tipo de agressão visual e faz juz tanto ao colorido dos quadrinhos, quanto a estética Miami Vice tão forte em Palmera City.

Ao fim, fortemente apoiado nas relações entre personagens e na latinidade, Besouro Azul entrega um filme simples, mas que diverte e deve agradar ao público, mesmo com seus defeitos. Com ganchos abertos e um futuro pela frente, resta torcer para que o novo planejamento da Warner/DC aproveite atores e personagens para algo ainda melhor.


Título: Besouro Azul
Título original; Blue Beetle
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 7min
Gênero: Aventura/Ação/Ficção Científica
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer