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Review | É assim que se perde a Guerra do Tempo




Que delícia de livro.
Minha nossa.
Eu nem sei como começar de outra forma que não assim.
“Notas, contas e máquinas novas ficam para trás. Eles levam pessoas e arte. A matemática vai queimar, as máquinas vão derreter, os arcos, se desintegrar.”

É assim que se perde a guerra do tempo, Amal El-Mohtar e Max Gladstone. Tradução de Natalia Borges Polesso.
Cara pessoa leitora, como escrever uma carta para você envolvendo uma miríade de metáforas, vivências alienígenas (no sentido de estranhas à nossa existência), e um romance completamente levado aos extremos?
Sairia este livro. E com a tradução da Natalia Borges Polesso que quase fico como Blue criticando as limitações e abstrações que escolher palavras traz.
“Eu estava leve, oca, faminta. O sol nasceu. Não houve revelação.”

É assim que se perde a guerra do tempo, Amal El-Mohtar e Max Gladstone. Tradução de Natalia Borges Polesso.
O livro acompanha Red e Blue, em capítulos revezados, com as cartas de cada uma ao final deles. São capítulos curtos de duas personagens que estão em lados opostos de uma guerra, uma guerra de princípios (Jardim e Agência tem visões de mundo que talvez sejam opostas, talvez sejam a mesma, só mudam de cor, dá pra passar uma tarde inteira refletindo sobre isso), uma guerra de objetivos (o mesmo na verdade, ambas querem controle e estabilidade, estabilidade essa que varia de acordo com o ponto de vista), através do tempo. A gente acompanha a relação das duas ao longo de anos, décadas, meses, segundos, o tempo é algo muito relativo nesse livro, e algo a ser navegado, não usado para mensurar.
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As duas tem personalidades muito bem marcadas e o modo como a relação das duas é construída, e vamos preenchendo as lacunas através das cartas e das voltas e idas, ah, é um livro gostoso de ler.
“Você me pergunta sobre fome.
Você pergunta, particularmente, sobre a minha fome.
A resposta curta: não.
A resposta longa: eu acho que não?”

É assim que se perde a guerra do tempo, Amal El-Mohtar e Max Gladstone. Tradução de Natalia Borges Polesso.
Mas não acho que seja um livro para todos os tipos de leitores. Tem uma certa poesia muito específica, uma falta de ordem, uma falta de preenchimento, que penso que possa incomodar algumas pessoas. Ele é um livro pra mim. Certamente. Me diverti e fui colhendo aos poucos as palavras, as relações, os dramas, as migalhas que foram entregues pelos autores, os pedacinhos de mundos, os filamentos de tempo, as visões de mundo, de corpos, de conceitos de sociedade, mas é isso que são no final das contas: migalhas. Eu gosto desse tipo de proposta, meio quebrada, meio diferente, meio mágica, você entrega algo de si ao ler esse tipo de livro. Mas é algo que demanda um gosto específico.
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Ele é até que curto, os capítulos são lidos muito rapidamente, são trechinhos. Mas, mesmo assim, eu parava logo depois de ler um pra poder fazer durar mais.
“E quando a Comandante me encontrou, deslizou para dentro de mim e disse: ‘há trabalho para pessoas como você’, me perguntei se todos os agentes eram como eu. Não eram – descobri isso mais tarde. Mas somos todos desviantes de maneiras distintas.”

É assim que se perde a guerra do tempo, Amal El-Mohtar e Max Gladstone. Tradução de Natalia Borges Polesso.
É assim que se perde a guerra do tempo e se ganha tanta coisa.


Resenha escrita por Camila Loricchio. Siga no twitter: @camiaetria

Para quem estiver lendo esta postagem entre os dias 23 e 29 de Maio de 2022, fica aqui um convite especial: se você já fez essa leitura e gostaria de debater com outras pessoas e trocar ideias, no 29 de Maio às 20h acontece a nossa última reunião do #ClubedoMultiverso. Basta apenas estrar em nosso canal do Discord e interagir!
Título: É assim que se perde a guerra do tempo | Editora: Editora Suma
Autora: Amal El-Mohtar e Max Gladstone | Tradução: Natalia Borges Polesso
Ano: 2019 | Gênero: Romance, Ficção Científica, LGBTQ+

COMPRE - SKOOB - GOODREADS



#ClubedoMultiverso.:28 | Persuasão

Imagem retangular de divulgação do episódio traz do lado esquerdo uma cena ilustrada de um pequeno astronauta flutuando na ponte de comando de uma nave espacial, onde é possível ver livros flutuando ao redor e em meio a máquinas, onde da parte superior à frente  um estranho computador anexo a uma mangueira retrátil debate com ele a leitura. Na cena é possível ver ao fundo uma ampla janela de vidro que mostra o espaço e um planeta distante, e um pequeno etê acenando entre os computadores.
Sobreposta a essa imagem, no canto superior esquerdo a logo identifica esta como uma produção do Multiverso X, enquanto um grande retângulo azulado na parte inferior indica se tratar do episódio 28 do Clube de Leitura do Multiverso sobre Persuasão, de Jane Austen.
Na parte direita da imagem, sobre uma meia circunferência branca, uma imagem da capa do livro aparece para reforçar o tema do conteúdo.

Reproduzir Em Uma Nova Aba - Faça o Download - Arquivo Zip
 
Está no ar mais um #ClubedoMultiverso. Aqui, junto com nossos leitores e ouvintes, entregamos o resultado dos debates sobre a leitura conjunta de uma determinada obra, realizada em nossa comunidade no Discord no mês anterior. Em nossa leitura coletiva de Abril de 2022, acompanhamos uma sequência de visitas entre famílias na Inglaterra, o retorno de um noivo abandonado, a retomada de uma paixão e uma série de pequenas doses de persuasão na obra homônima de Jane Austen. Nesse episódio, junto do Capitão Ace Barros, estão Airechu, Camila Loricchio, e Patrícia Souza.
Ouça e descubra o que achamos dessa leitura; entenda o que aconteceu para de boa parte dos participantes entrassem na leitura com expectativas equivocadas; acompanhe o vai e vem de visitas no interior da Inglaterra, suas frivolidades e malícias; se deixe envolver e ser persuadido por discursos de defesa, tanto de si mesmos quanto da própria obra, e viaje conosco.
Acompanhe-nos, estimados Exploradores de Universos!

DURAÇÃO: 1 Hora 23 Minutos 06 Segundos

COMENTADOS NO PODCAST:

Livro | Persuasão, de Jane Austen - Skoob - Amazon
Livro de Maio | É assim que se perde a Guerra do Tempo, de Amal El-Mohtar e Max Gladstone - Skoob - Amazon
Livro de Junho | Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, de Benjamin Alire Saenz - Skoob - Amazon
Podcast | Conheça o podcast Boteco dos Versados
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CRÉDITOS:

Arte da capa | Elementos em vetor criados por @upklyak disponibilizados em freepik.com 
Identidade visual e composição | Ace Barros 
Edição e Mixagem | Ace Barros (de novo)

SUGESTÕES, CRÍTICAS E DÚVIDAS:
Envie e-mails para: contato@multiversox.com.br

A TRIPULAÇÃO NAS REDES:
Twitter: @MultiversoX - @CapAceBarros - @_Airechu - @JulioBarcellos - @sih_souz - @camiaetria - @samuelmuca_

Crítica | O Peso do Talento

Nicolas Cage é um astro de renome internacional, conhecido por suas facetas e papéis, extremamente popular por suas caras e bocas, e definitivamente um ícone marcado entre gerações de espectadores de várias idades.  No entanto,  para o bem e para o mal, o extenso currículo do ator está marcado também por participações em qualquer tipo de produção que lhe pagar o mínimo, e muitos se questionam se Cage já não se tornou um personagem de si mesmo.
Se antes esta era apenas uma pergunta retórica, alguém esqueceu de avisar ao ator... 
Em O Peso do Talento, Nicolas Cage é... Nicolas Cage. Na trama, Cage está caminhando para uma ruína financeira, com problemas familiares, e desanimado com os rumos que sua carreira em Hollywood estão tomando. Em meio a crises, ele aceita a oferta de 1 milhão de dólares para marcar presença na festa de aniversário Javi Gutierrez, um fã apaixonado interpretado por Pedro Pascal, em sua mansão em Maiorca, Espanha. De maneira inesperada, os dois constroem uma bela amizade, e Javi ajuda Cage a repensar sobre sua vida. Contudo, as coisas tomam um rumo ainda mais inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e forçado a investigar seu maior fã, supostamente, um perigoso traficante internacional de armas. Cage precisa viver de acordo com a sua própria lenda, canalizando os seus personagens mais icônicos e amados do cinema para salvar a si mesmo e aqueles que ama. 
A obra dirigida por Tom Gormican, que também assina o roteiro ao lado de Kevin Etten, mistura elementos reais vividos por Cage durante os anos com doses de ficção a fim de criar uma comédia semi-biográfica, referências a extensa carreira do ator, que, em simultâneo, nos recorda todo seu carisma que o alçaram ao estrelato quanto o seu lado mais humano. O Peso do Talento acerta em não se levar a sério e em mostrar que apesar de alvo de críticas, Nicolas Cage consegue rir de si mesmo e se aproveitar disso.
A trama de ação embora clichê, é assertiva em diversos momento e garante a diversão, embora quem busque a obra esperando encontrar algo mais profundo possa se frustrar. Ainda sim, o filme aproveita de boas doses de metalinguagem para também trabalhar outras camadas que aparecem de maneira ora sutil, ora não, como críticas ao mercado cinematográfico, escolha de carreira e vida pessoal do ator. Não é necessário conhecer a fundo todos os trabalhos de Cage ou sua vida pessoal — embora seja um bom extra reconhecer citações, referências e papeis icônicos — pois a própria estrutura narrativa e atuação do ator nos transportam para questões e angústias que parecem palpáveis.
Porém, sem a menor sombra de dúvidas, um dos pontos de maior destaque do longa está na relação entre Nicolas Cage e Javi. Pedro Pascal, que por vezes rouba a cena, traz em seu personagem uma energia bem-humorada, caótica e impõe um ritmo que tanto ajuda no desenvolvimento humano de Cage, quanto na parte cômica da obra.  É divertido acompanhar o desenrolar daquela amizade sincera entre dois homens de meia-idade um tanto perdidos, que encontram apoio um no outro, e no amor compartilhado pelo cinema. A maravilhosa química entre os atores nos deixa desejosos por mais trabalhos conjuntos da dupla e dificulta a tarefa de escolher qual deles é seu favorito e quem está mais a vontade no papel.
Embora tenha suas falhas, em especial nos clichês apresentados no terceiro ato, o filme é certamente uma boa e divertida comédia de ação, com momentos memoráveis, marcada por ótimas atuações de Nicolas Cage e Pedro Pascal. Mas mais do que isso, O Peso do Talento é uma despretensiosa celebração e homenagem a Cage, sua carreira e ao insuportável peso de um enorme e inegável talento.

Título: O Peso do Talento
Título Original: The Unbearable Weight of Massive Talent
Lançamento/Duração: 2022 - 1h 47min
Gênero: Comédia/Ação/Policial
Direção: 
Tom Gormican
Roteiro: 
Tom Gormican e Kevin Etten

IMDB - FILMOW