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Crítica | Barbie

Warner Bros/Reprodução


Qualquer pessoa conectada nas redes sociais já reparou que fugir do hype criado ao redor de Barbie, live action dirigido e roteirizado por Greta Gerwig, se tornou uma tarefa impossível. Os trailers, um tanto singulares, e seu lançamento simultâneo com Oppenheimer de Christopher Nolan geraram memes, especulações e alçaram Barbie a um patamar bastante elevado de novo fenômeno cultural.

Seja pelo investimento da Warner ou o marketing espontâneo que tomou conta das ruas com muito rosa e brilho, uma multidão de apaixonados e curiosos querem saber se suas expectativas, cada vez mais elevadas, serão correspondidas.

Aqui, digo sem demora, que é muito provável que sim, e até sejam superadas!
Warner Bros/Reprodução

No longa, somos apresentados ao conceito da Barbielândia, um lugar mágico que existe em paralelo ao Mundo Real onde tudo é perfeito e todo dia é sempre o melhor dia de todos. Certo dia, na terra da perfeição onde tudo gira em torna da figura das Barbies e do girlpower, pensamentos sobre morte e questões existenciais começam assolar a Barbie Estereotipada (Margot Robbie). Assustada, ela procura a única figura que talvez tenha respostas para reparar o seu defeito, a Barbie Esquisita (Kate McKinnon).

Para voltar ao que era, Barbie precisa ir ao mundo real encontrar a criança que brinca com ela para se conectarem novamente e passar por essa fase juntas. Contudo, ela não esperava que Ken (Ryan Gosling) partisse com ela nessa jornada. Muito menos descobrir que o Mundo Real, nem de longe, reflete a sua realidade perfeita onde mulheres são valorizadas e o machismo não existe.

O roteiro de Gerwig e Noah Baumbach conduz com maestria a boneca mais conhecida do mundo em sua jornada de descoberta — do mundo e de sua identidade —, levando o espectador do riso à crise existencial, e voltando para o riso novamente numa montanha-russa muito bem conduzida. A dupla não evita abordar nem mesmo questões associadas à empresa proprietária da marca, a Mattel, ao trazer diversos questionamentos pertinentes à nossa sociedade moderna, o papel da Barbie e seu slogan "Seja quem você quiser", padrões irreais de beleza e vida, e seus impactos. Além de, é claro, trazer questões mais profundas sobre o papel social da mulher, a luta diária contra o patriarcado, as exigências da vida adulta, identidade e masculinidade, sem cair em uma crítica panfletária.
Warner Bros/Reprodução

Os méritos para tal feito vão muito além do texto bem construído e já elogiada condução de Greta. Os aspectos assumidamente fantásticos e irreais do design de produção auxiliam a todo momento não apenas a ambientar a trama, mas também servem para amortecer o impacto e a absorção das críticas adicionando doçura à acidez do roteiro com seu colorido gritante. Tudo é lindo, bem construído, e beira o brega, mas servem ao seu propósito de trabalhar os contrastes entre real e imaginário.

Margot Robbie, que também é produtora do longa, com certeza se destaca ao encarnar tão bem a boneca em crise existencial, explorando a pureza, o desenvolvimento e as dores de sua jornada. Gosling e seu Ken, são um espetáculo a parte com seu humor, mas também com a sua própria jornada em busca de aceitação e descoberta da individualidade. Contudo, todo o elenco, recheado de astros e estrelas de séries e filmes, desempenha maravilhosamente aquilo que é esperado deles. E mesmo em pequenos espaços, seus coadjuvantes conquistam o público com suas idiossincrasias.

Entre referências nostálgicas à história da amada boneca que cativou gerações, criticas pertinentes e bem construídas, e um maravilhoso colorido, Barbie é um acerto enorme da Warner e mais uma estrela no currículo da jovem diretora. Sarcástico, ácido, emocionante e bem-humorado, faz jús à expectativa de evento cinematográfico e, sem dúvida, o direito de ser aquilo o que quiser.


Título: Barbie
Lançamento/Duração: 2023 - 1h 54 min
Gênero: Aventura/Comédia/Fantasia
Direção: Greta Gerwig
Roteiro: 
Greta Gerwig, Noah Baumbach