O ano é 1927 e o assassinato de um soldado em um hospital militar em Marrocos dá início a uma corrida por um artefato valiosíssimo, desaparecido há mais de mil anos: A Mesa de Salomão, o Rei dos Reis, que concederia a seu possuidor a sabedoria de mil sábios. E quando a investigação realizada pelo Bureau aponta que a arma é a mesma utilizada no assassinato dos pais da atual La Dame Chevalier, a agente decide viajar para o norte da África em busca do artefato e de respostas. Acompanhada da jovem Justine Carbonneau, as duas seguem para o deserto em meio a uma guerra entre o império e os berberes, que lutam pela independência. Mas a Chevalier terá concorrência. Mercenários, liderados pela misteriosa organização Ostia Mithrae, também pretendem reivindicar o prêmio e estão dispostos a destruir qualquer um que se interpor em seu caminho.
Título: La Dame Chevalier e a Mesa Perdida de Salomão
Autor: André Zanki Cordenonsi
Editora: AVEC Editora
Ano: 2019 / Páginas: 128
Uma das coisas que mais gosto em Le Chevalier é como o A.Z. Cordenonsi expande o universo ao redor do notório espião da coroa francesa e não se restringe a um formato. Já tivemos romance, quadrinhos, contos, diversas aventuras e possibilidades de diversão. Agora avançamos um pouco no tempo trazendo uma sucessora: Uma nova personagem; Uma nova expansão; Um novo caminho.
O principal agente da coroa do Império Francês agora é uma mulher, uma estudiosa da arqueologia, independente e decidida, que encontra em sua próxima missão algo que pode trazer uma nova luz sobre a morte de seus pais. E talvez a ligação seja ainda maior. Acompanhada da jovem Justine Carbonneau, as duas seguem para o deserto no Marrocos em meio a uma guerra entre o império e os berberes, que lutam pela independência.
No Marrocos, em um hospital militar onde um soldado foi misteriosamente assassinado, tem início a uma corrida por um valioso artefato: A Mesa de Salomão, o Rei dos Reis, um tesouro mítico que supostamente concederia a seu possuidor a sabedoria de mil sábios. A Cavaleira terá que lidar com a concorrência da misteriosa organização Ostia Mithrae, que também pretendem reivindicar o prêmio e estão dispostos a destruir qualquer um que se interpor em seu caminho.
Ambientado em uma versão paralela do nosso mundo, onde a história se desenvolveu de maneira diferente, principalmente devido ao avanço científico, La Dame Chevalier e a mesa Perdida de Salomão é um deliciosa aventura que une as maravilhas do steampunk, caça ao tesouro, busca por respostas e uma misteriosa conspiração internacional.
O mesmo título, mas totalmente diferente de seu antecessor. Enquanto o Cavaleiro tinha em suas aventuras um ar mais sofisticado, ao estilo de um James Bond steam/clockpunk, com espionagem e apetrechos, Cordenosni dá à Cavaleira um estilo de narrativa e aventuras próprios, mais próximo dos heróis e heroínas pulp como Indiana Jones. Porém, ao mesmo tempo que os distancia, dando a cada um particularidades, o autor escolhe os aproximar através de ligações sutis entre alguns personagens da trama. Assim, ao mesmo tempo em que serve de início de uma nova jornada e porta de entrada para novos leitores, sem nenhum prejuízo, a obra traz um algo a mais para quem acompanha o trabalho do autor.
A Cavaleira, diferente de seu antecessor, tem seu passado como parte da construção de personagem e isso liga-a intimamente a trama. Não é apenas mais um caso a serviço do império nas maos de seu principal agente, é também uma missão pessoal que pode trazer respostas. Isso torna as coisas mais interessantes e também mais humanas. A relação com a jovem Justine também acrescenta outra camada a isso. Além de uma relação de parceria muito bem desenvolvida, há um compromisso, uma promessa feita a mãe da jovem que lhe foi uma mentora. Porém enquanto temos tudo as claras em relação às heroínas da história, os antagonistas ficam absolutamente envoltos em mistério.
Ao longo de suas publicações Cordenonsi encontrou conforto em uma narrativa ágil e cada vez mais dinâmica, como a que vemos em La Dame Chevalier. Isso torna a leitura bem rápida e agradável, embora esse ganho de velocidade acabe dando espaço para o aparecimento de lacunas que serão preenchidas apenas com o decorrer da série. Isso poderia ser um ponto bastante negativo se o autor não soubesse conduzir a trama e despertar interesse do leitor, o que está longe de ser o caso aqui. O mistério entorno do artefato, a morte dos pais da protagonista, a organização misteriosa com seus mercenários de preto e a ação pulp, são elementos que prendem o leitor e o deixam desejando por mais.
A cada novo passo em sua construção de cenário, Cordenonsi aproveita para agregar elementos, mudar parte da história do mundo como conhecemos (e até mesmo alterar parte do que já foi construído em outros títulos), incorporar versões e releituras de outros personagens e estórias que conhecemos da literatura e do cinema, criando um universo rico e complexo, mas ainda simples e reconhecível. “O inventor brasileiro Dumont… Pera, o nosso Santos Dumont? E não é que combina?” É incrível como algo novo pode ao mesmo tempo ser tão familiar. Além de aproveitar as tramas, sempre aventuras divertidas, buscar as referências virou um dos meus passatempos favoritos aos ler os trabalhos do autor.
La Dame Chevalier e a Mesa Perdida de Salomão é sem dúvida uma excelente aventura e bom ponto de partida para esse novo braço do universo Chevalier. Terminei com vontade de jogar uma aventura de RPG de Goddess Save The Queen, só que em vez de usar o Império Britânico, usar o Francês.