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Crítica | Som da Liberdade

Angel Studios/Reprodução


Envolto em polêmicas — algumas desnecessárias e outras realmente graves — Som da Liberdade, chega aos cinemas com um status muito alto. Talvez, maior do que merece. Toda a discussão em volta do filme, a adoção política, e tentativas de boicotes fizeram com que a curiosidade de muitos fosse atiçada e isso tem se refletido em sua bilheteria global.

O longa, que conta com produção de Mel Gibson, direção de Alejandro Monteverde e protagonizado por Jim Caviezel, traz uma história baseada em fatos — com doses de ficção — e explora uma faceta do cinema que vai além do entretenimento e levanta discussões importantes. Mas e para além disso, o filme se sustenta?
Angel Studios/Reprodução

Tim Ballard é um agente do Departamento de Segurança Interna responsável por diversas prisões de pedófilos na carreira da qual se orgulha. Contudo, confrontado sobre quantas crianças realmente libertou e devolveu aos lares em mais de uma década, Tim tem sua visão colocada em xeque. É então que ao resgatar Miguel Aguilar, uma criança hondurenha sequestrada e vítima de abusos, o agente toma para si a missão de ir além.

Colocando em risco a carreira e a própria vida, Ballard segue para a Colômbia em busca da irmã do garoto, Rocio Aguilar, e se vê cada vez mais envolvido em um propósito divino e encontra em Vampiro um parceiro ideal para combater o tráfico sexual internacional de crianças. Entre esquemas intrincados, decisões difíceis e dilemas morais, o longa explora os desafios do ex-agente para concluir a sua missão.

Por vezes uma história pé-no-chão e em outras quase um filme de super-herói americano, Som da Liberdade é competente no que se propõe: trazer luz ao debate sobre a exploração infantil, redes de tráfico internacional de pessoas e pedofilia, que movimentam montantes de dinheiro maiores que o tráfico de drogas. Mesmo focado em contar a trajetória de Ballard, o longa explora através de outros recursos, como imagens reais de sequestros e atuações convincentes, o peso desse drama humano.
Angel Studios/Reprodução

No entanto, enquanto peça cinematográfica, o longa está longe de ser um grande primor. Som da Liberdade aproveita do melodrama, com trilha sonora dramática sempre presente, frases de efeito e montagens de cenas cafonas para atingir seu espectador. Isso faz com que a narrativa, embora competente, seja a todo momento muito previsível e mais do mesmo. 

No ato final do filme talvez esteja o seu ponto mais fraco, ao torná-lo quase um filme do Rambo, reforçando a figura do herói militar americano frente aos males do mundo e o ufanismo patriótico. Essa exaltação à figura do salvador branco em meio a América Latina — feita intencionalmente ou não — quase soa como um refresco ao amargor da informação de que os próprios EUA são um dos maiores consumidores de pornografia infantil do mundo.

A bem da verdade, Som da Liberdade não é um filme ruim ou execrável, porém, apesar de toda a importância de sua mensagem, também não é um filme excepcional ou memorável. Competente em sua proposta, mas mediano e esquecível, o filme traz cenas fortes e impactantes, atuações afiadas com destaque aos atores mirins, e sabe onde quer chegar ao emocionar o público. Contudo, não fossem as polêmicas a seu redor, dificilmente teria o destaque que está recebendo, sendo apenas mais um entre tantos lançados todos os anos.


Título: Som da Liberdade
Título original: Sound of Freedom
Lançamento/Duração: 2023 - 2h 11min
Gênero: Policial/Ação/Biografia
Direção: Alejandro Monteverde
Roteiro: Rod Barr, Alejandro Monteverde