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A Filha do Império






Mara, a filha mais nova da poderosa Casa dos Acoma, estava destinada a uma vida de contemplação e paz. Mas quando seu pai e seu irmão são mortos, sua vida muda de um dia para outro. Apesar do sofrimento, cabe a ela a tarefa de vestir o manto da liderança e enfrentar as dificuldades e os inimigos implacáveis.
Inexperiente na arte de governar, Mara terá de recorrer a toda a sua força e astúcia para sobreviver no Jogo do Conselho, recuperar a honra da Casa dos Acoma e assegurar o futuro de sua família. Mas quando percebe que os inimigos que quase aniquilaram a sua casa vão voltar a atacar com fúria renovada, Mara só tem uma dúvida: será que ela, apenas uma mulher, ainda quase menina, poderá vencer em um jogo perigoso no qual seu pai e seu irmão falharam?
Título: A Filha do Império
Série: A Saga do Império
Autora: Raymond E. Feist & Janny Wurts
Editora: Saída de Emergência
Número de Páginas: 464


Depois de ter nos agraciado com a Saga do Mago (Aprendiz, Mestre, Espinho de Prata e As Trevas de Sethanon) a Saída de Emergência traz para o Brasil a primeira das outras obras que integram o universo criado Raymond E. Feist, porém diferente da outra saga somos inseridos dentro da cultura Tsurani e de Kelewan. 
Às vésperas de entregar-se a vida religiosa e se consagrar serva da deusa Lashiva, a jovem Mara tem sua cerimônia interrompida por notícias terríveis: seu pai Sezu e Lanokota estão mortos e seus exércitos sofreram grandes baixas. Para piorar, agora ela deve assumir seu lugar como Senhora dos Acoma, uma das mais tradicionais famílias de todo o Império Tsurani, no mundo de Kelewan. Apesar de sofrer a dor da perda e com o choque da responsabilidade que lhe é entregue, Mara sabe que deve honrar seus ancestrais mesmo não tendo sido educada para governar e sendo uma mulher em meio a uma sociedade patriarcal. Ela precisa aprender tudo o que puder e contar com sua astúcia e os conselhos de Papewaio, Nacoya, Keyoke e Arakasi, para continuar viva e fora do alcance dos Anasati e Minwanabi, impedir que o nome dos Acoma caia em desgraça e fazer aqueles culpados pela morte de seus entes queridos pagarem.
De uma jovem ingenua à uma governante forte e que impõe respeito. Em A Filha do Império acompanhamos a evolução de uma mulher determinada cercada de responsabilidades, ameaças e preconceitos, mas que não se deixa abater. Envolta em traições, tentativas de assassinatos, disputas por importância dentro do Império e ascensão, Mara terá que formar parceiras e fazer jogadas arriscadas, e lidar com as consequências de suas escolhas, pois no Jogo do Conselho é vencer e prosperar ou morrer sem honra.
Apesar de se passar no mesmo universo de histórias da Saga do Mago e acontecer durante a guerra narrada no primeiro e segundo livro, A Filha do Império¹ é uma leitura totalmente independente podendo ser lido antes, depois, ou até em conjunto, quem sabe. Quem já leu os volumes da série anterior certamente se sentirá mais familiaridade com o cenário de Kelewan, mas o leitor de primeira viagem será apresentado a um cenário rico e repleto de similaridade com as culturas orientais do nosso mundo. No forte senso de honra, tradições e família, no patriarcado rigoroso, na organização política do império, nas construções e cultura, a cada momento isso fica mais evidente e próximo, apesar de ao mesmo tempo passar uma impressão de estranheza com a presença do fantástico e do original.
A dupla de autores consegue construir uma narrativa rápida, segura e agradável, mesmo quando detalhamento é requerido. Feist e Wurts trabalham muito bem o enredo de intrigas políticas e estratégias, sem esquecer de dar enfase aos personagens e sem perder o ritmo, seduzindo e cativando o leitor. Os personagens são bem trabalhados, e mostram personalidade e riqueza mesmo quando sua aparição é rápida. Mas claro, o destaque é Mara, uma protagonista realmente forte, que apesar de ser menosprezada por ser mulher, e ainda  jovem, não se deixar abalar. Que tem defeitos, fraquezas, mas não abaixa a cabeça, que usa sua inteligência e sagacidade a seu favor, que não depende de um homem para ser forte. Mesmo quando está com medo, ela não abaixa a cabeça para ninguém. Um daqueles personagens que se tornam difíceis de não se apegar e admirar.
E para aqueles que possam falar sobre as semelhanças entre o Jogo do Conselho e A Guerra dos Tronos², é preciso lembrar que apesar da publicação recente em território nacional o livro é anterior ao lançamento do primeiro livro das Crônicas de Fogo e Gelo (¹1987 - ²1996), além de possuírem focos totalmente diferentes.
Raymond E. Feist  e Janny Wurts nos entregam uma trama inteligente, fascinante e com classe. Os amantes da boa literatura, e principalmente os de fantasia de qualidade, precisam incluir o livro em suas listas de leitura. E, caso esteja dentro do seu alcance, aproveitaria a presença do autor na Bienal do Rio de Janeiro para pegar um autógrafo e agradecer por essa bela obra.