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Os Portões do Inferno + Bônus

Os Portões do Inferno é o primeiro volume da trilogia Lendas de Baldúria, escrita por André Gordirro. A história acompanha um improvável time de protagonistas – verdadeiros párias que, por acaso, tem a chance de salvar o mundo – e sua jornada por cenários fabulosos e combates sangrentos.
O grupo é formado por Baldur, cavaleiro desertor, ferido e sem montaria; Derek Blak, segurança profissional salvo da morte lenta; Agnor, feiticeiro expatriado; Kyle, menor infrator; Od-lanor, bardo adamar; e Kalannar, assassino e caçador de recompensas svaltar. Culturas diferentes, raças rivais, temperamentos explosivos – uma equipe heterogênea, aparentemente destinada ao fracasso, mas que acaba cruzando o caminho da glória: são os únicos capazes de impedir a reabertura dos Portões do Inferno.
Com inspirações históricas, alegorias da sociedade contemporânea e muitas referências da cultura pop, a aventura que nasceu de uma campanha de RPG cresce para se tornar um conto épico, com muitas reviravoltas, narrado em um ritmo ágil e com um senso de humor apurado.
Título: Os Portões do Inferno
Série: As Lendas de Badúria - Livro 1
Autora: André Gordirro
Editora: Rocco - Selo Editoria: Fábrica 231
Páginas: 384


Quem me conhece do Coisas de Meninas, ou do Multiverso X, sabe que sou amante da literatura de fantasia e jogador de RPG inveterado, e livros como esse fazem parte da minha rotina de leitura. Quando a Lelê Tapias, do blog Tô Pensando em Ler, me convidou para fazer a resenha de Os Portões do Inferno, não tive outra opção a não ser responder: Nobre Senhora, aceito com gratidão a tua oferta. Prometo honrá-la e concluí-la com sucesso, e trazer a tua presença a recompensa merecida. Desde o início ela sabia que o livro iria me agradar, e não se enganou em nenhum momento. :)
Anos atrás, um grupo de aventureiros reunido pelo misterioso Ambrosius realizou um feito heroico: fecharam os Portões do Inferno. Kripinius e Danyanna foram coroados monarcas da atual Krispínia, tornando-se as pessoas mais influentes daquela parte do continente e, acima de tudo, os responsáveis por garantir que demônios jamais voltem a caminhar pela superfície. Porém correm rumores do avanço de uma tropa de svaltares – estranhos e temidos elfos das profundezas – em direção aos Portões. Tais relatos, a princípio, não parecem fazer sentido: uma das poucas certezas a respeito desses seres, afinal, é sua vulnerabilidade à luz. O que ninguém imagina, no entanto, é que eles estão dispostos a enfrentar o sol para enfim libertar as trevas.
Enquanto isso, se passados 30 anos do feito realizado pelo Deus-Rei e pela Suprema Magea, Ambrosius reúne seis homens em uma missão para resgatar um rei anão destronado. Os convocados são Baldur, cavaleiro desertor, ferido e sem montaria; Derek Blak, segurança profissional salvo da morte lenta (seria devorado por cães famintos e de dentes gastos); Agnor, feiticeiro expatriado; Kyle, menor infrator; Od-lanor, bardo adamar – espécie antes venerada, hoje em extinção –; e Kalannar, assassino e caçador de recompensas svaltar. Culturas diferentes, raças rivais, temperamentos explosivos – um grupo heterogêneo, aparentemente destinado ao fracasso, mas que acaba cruzando o caminho da glória: são os únicos capazes de impedir a reabertura dos Portões do Inferno.
Com uma narrativa ágil, extremamente fluida - marcada por pontos de humor e acidez - André Gordirro prova que mesmo com uma linguagem simples e acessível, sem se prender à descrições cansativas ou construções maniqueístas é possível nos entregar um épico de grandes proporções. O autor mostra domínio sobre a narrativa de aventura, onde a ação e o ambiente são elementos fundamentais, e nos conduz rápida e prazerosamente entre as páginas onde narração e diálogos se complementam no contar da trama.
Apesar leve no sentido ligado à fluidez da leitura, Os Portões do Inferno traz o que podemos chamar de "fantasia suja", com protagonistas amorais, e temas como sexo, violência,  palavrões, escravidão, cinismo e humor negro.
O desenrolar da trama, o comportamento humano dos personagens (principalmente os momentos de interação), os diálogos, tudo me mostrou o quanto o livro mimetiza muito bem uma aventura típica de RPG. O autor deixa clara a importância e influência do jogo de interpretação, qualquer um que já teve a mínima experiência irá notar isso antes de chegar aos agradecimentos no final do livro. É claro, aqueles que nunca nem chegaram perto de uma mesa de RPG irão se divertir durante a leitura, porém jogadores como eu terão um prazer a mais ao se deparar com detalhes e clichês típicos. Implicância e rivalidade entre personagens, discussões regadas a piadas, o clássico nome invertido para batizar o personagem (salve, Od-Lanor) e até aquele nome esdruxulo em um coadjuvante: não importa quantas vezes eu leia Na' Bun' Dak, só pronuncio Na Bunda (e não consigo deixar de imaginar se durante a mesa houve o dilema de levar Na' Bun' Dak' ou deixar Na' Bun' Dak').
Senti falta de mais protagonistas femininas, pois, tirando a Rainha Danyanna, nenhuma outra chama atenção. Porém compreendo que isso não tenha acontecido por mal, mas tenha se dado pelo fato da origem do livro ter se dado em uma campanha de RPG, e jogadores homens custarem a criar e atuar como personagens femininas.
A parte editorial do livro não apresenta nenhum detalhe grandiosamente digno de nota, mas ainda sim traz um trabalho muito bem feito. A diagramação é simples, com um tamanho de fonte agradável e um ótimo espaçamento entre linhas e, aparentemente, não há falhas na revisão. A capa do livro captura o clima da obra e no decorrer da leitura passa a ter um significado.
Eu só tenho a agradecer  a Lelê por esse presente, e ao André Gordirro por me entregar esta aventura envolvente e divertida que me fez lembrar dos bons momentos narrando histórias e interpretando personagens. Os Portões do Inferno, primeiro livro das Lendas de Baldúria, irá te apresentar um mundo novo repleto de aventuras e emoções, com seus personagens únicos e cativantes, e te deixar desejando o próximo antes mesmo de chegar à última página. Sem sombra de dúvidas um livro de fantasia daqueles perfeitos até para quem não é chegado ao gênero.
Bônus:
“Zenibar, uma pérola negra em um mar escuro. Nas entranhas da Cordilheira dos Vizeus, a cidade dos svaltares — os elfos das profundezas — ocupava uma caverna colossal, uma mancha praticamente invisível no breu, que era rompido apenas ocasionalmente pela luz bruxuleante de braseiros e incensos, acesos por motivos místicos. Proteções, rituais, pactos — os svaltares invocavam poderes sobrenaturais para quase tudo no cotidiano de sua sociedade subterrânea. Mas o objetivo que levava Vragnar a entrar em sua câmara de conjuração não era nada mundano, como causar a morte de um desafeto ou reforçar a barreira mística de seus aposentos. Ele desejava entrar em contato com um demônio de outra dimensão.”
Um demônio em busca de vingança. Svaltares querendo conquistar o mundo. Neste spin-off de Os portões do inferno, conheça o lado mais perverso e temido dos seres que habitam Zândia e anseiam pelas trevas eternas. O nascimento da conspiração que fez surgir seis improváveis heróis, os protagonistas das Lendas de Baldúria.
Título: Um Chamado do Inferno
Série: As Lendas de Badúria - Livro 0.5
Autora: André Gordirro
Editora: Rocco - Selo Editoria: Fábrica 231
Páginas: 9




Um Chamado do Inferno é um conto disponibilizado gratuitamente na Amazon que se passa no mesmo universo do romance resenhado acima, mas poderia muito bem ser parte integrante por sua ligação direta com os acontecimentos narrados nele. Tão bem escrito quanto o livro, o conto nos mostra um pouco mais sobre a cultura cidade svaltar, e sobre o planejamento que leva a ação decorrida em Os Portões do Inferno.
Apesar de curto o texto pode entregar detalhes importantes da trama e estragar alguma surpresa vindoura, mas ainda sim recomendo a leitura antes da obra principal. O texto serve muito bem de aperitivo, tanto para a trama de Os Portões do Inferno, quanto para a escrita de Gordirro.