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True Detective


De tempos em tempos o canal HBO brinda o mundo com uma série que chama a atenção da crítica e do público por sua produção, roteiros, atuações e as polêmicas cenas impróprias para os mais jovens. Assim foi com Sopranos, Roma e Game of Thrones, que são exemplos recentes e presentes na memória de muita gente (GoT ainda está no ar eu sei). No início de 2014 foi a vez da série True Detective repercutir nas redes sociais e, aos poucos, ganhando admiradores, elogios e fóruns de debate exclusivos sobre si. Mas o que teria a série assim de tão especial!? 
True Detective é uma série de televisão americana criada por Nic Pizzolatto para o canal HBO, tendo sua primeira temporada dirigida por Cary Joji Fukunaga. A primeira temporada estrelou atores como Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Michelle Monaghan, Michael Potts e Tory Kittles, e acompanha através de 17 anos a busca de dois detetives por um assassino em série em Louisiana.
Devo começar confessando que não a acompanhei em tempo real e nem mesmo durante o período de sua exibição. Ouvi falar da série quando estreou, acompanhei através do twitter a série ganhando força e elogios de conhecidos e autores como o Eduardo Spohr, mas ainda não tinha curiosidade suficiente para assistir. Foi apenas após escutar o Rapaduracast 372 (contém spoilers) e conhecer mais sobre ela que percebi que estava perdendo a chance de apreciar uma obra e tanto.
A série foi criada por Nic Pizzolato, autor de romances do gênero policial cuja principal característica é a atmosfera obscura presente nos episódios da série. Com apenas dois livros, Pizzolato conseguiu prêmios e destaque suficiente para convencer até mesmo os atores Matthew McConaughey a entrarem como produtores executivos da série apenas com a qualidade do roteiro. Algo que indicava ser apenas mais uma produção policial na verdade escondia muita coisa a ser revelada ao longo dos oito episódios. 



De forma linear a narrativa é construída em duas épocas diferentes com base na reabertura de um caso antigo que coloca os protagonistas sob suspeita: em 1995, quando Martin "Marty" Hart (Woody Harrelson) e Rust Cohle (Matthew McConaughey) começaram a investigar a morte de Dora Lange, e em 2012 quando os dois detetives são interrogados por dois detetives que querem saber mais sobre o caso supostamente solucionado por eles há dezessete anos. Através dos depoimentos dos ex-parceiros somos introduzidos na história e conhecemos mais sobre a relação entre eles, o caso e os fatos que os levaram àquela situação.
De maneira gradual o espectador começa a perceber a presença de dois elementos que rodeiam a trama e acrescentam a ela um tom sombrio: o sobrenatural e as perversões da mente humana. A direção de Cary Joji Fukunaga, a fotografia (em tons frios e pesados), as locações no estado sombrio da Luisiana (com suas matas e pântanos, e toda tradição vodoo) e a trilha sonora ajudam a reforçar uma aura de horror e suspense.
Vale a pena citar também que, como toda série adulta da HBO, não faltam cenas de sexo e nudez. Algo que não me agrada, mas não tira o valor da obra.


As atuações de alto nível permeiam a série, mas McConaughey se destaca e provavelmente será indicado a premiações por seu papel como Rust Cohle (e na minha opinião, ele leva todos). Além dele e de Harrelson (que apesar de estar bem canastrão se encaixa perfeitamente no personagem) o elenco ainda conta com Kevin Dunn, Michelle Monaghan, Alexandra Daddario e vários outros atores que mandam muito bem.
A série foi lançada com um formato de antologia, exatamente como a reunião de conto, sendo que cada temporada possuirá uma nova história e elenco diferente. Portanto não estranhe se não houver os mesmos elementos na segunda temporada. Uma surpresa aguarda aqueles que, como eu, já esperam ansiosos. Já Nic Pezzolatto e os envolvidos tem um grande desafio pela frente: manter a qualidade da primeira temporada e/ou, quem sabe, superá-la.
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PS. Foi graças a citação na série e a declaração aberta da influência da obra O Rei de Amarelo do autor Robert W. Chambers ganhou mais notoriedade entre o público. O livro que reúne contos de terror/horror foi lançado a mais de um século, em 1895, e serviu como inspiração para H.P. Lovecraft e tantos outros que vieram depois.