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Clube da Luta

Um clássico da litratura cult mundial! Considerado um clássico moderno desde sua publicação em 1996, o livro “Clube da Luta” consagrou Chuck Palahniuk como um dos mais importantes e criativos autores contemporâneos, além do próprio livro como um cânone da cultura pop. O clube da luta é idealizado por Tyler Durden, que acha que encontrou uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e das regras sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito daqui para frente. O livro foi filmado em 1999, pelo vencedor do Oscar de melhor diretor, David Fincher (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Rede Social), que conseguiu adaptar toda atmosfera do livro, o mundo caótico do personagem e o humor negro de Palahniuk em uma trama recebida com inúmeros elogios pela crítica e pelo público que conta com os atores Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter.
Título: Clube da Luta
Editora: LeYa
Autor: Chuck Palahniuk
Tradução: Cassius Medauar
Ano: 2012 / Número de páginas: 272


Chuck Palahniuk é um autor contemporâneo mundialmente conhecido por suas obras de ficção transgressoras e subversivas, aclamado por público e crítica após a publicação de Clube da Luta, em 1996, popularizado ainda mais devido a bem sucedida adaptação cinematográfica desta obra por David Fincher de 1999. Conhecia muita desta fama do autor, há tempos ansiava por ler alguns de seus livros e acredito que não poderia ter começado melhor.
Sou os dentes rangendo de Joe.
A trama conta a história de um funcionário duma grande companhia de automóveis atormentado por constantes crises de insônia. Ele é aconselhado pelo seu médico, que se recusa a lhe receitar remédios para dormir, a procurar auxílio em grupos de apoio de pacientes com doenças crônicas. Neles, ele finalmente consegue o conforto de que necessitava, através de sessões de abraços e choro entre os pacientes e finalmente supera a insônia conseguindo finalmente dormir. Ele não para por aí, e se inscreve em todos os grupos de apoio que encontra e num destes acaba conhecendo Marla Singer, que, assim como ele, aparentemente faz o mesmo “uso terapêutico” destes grupos. Após conhecê-la, ele deixa de ter noites de sono tranquilas e negocia com ela para que dividam os grupos ao longo da semana e não precisem mais se ver.
Sou a vida desperdiçada do Joe.
Posteriormente somos apresentados a Tyler Durden, que o protagonista conhece numa praia de nudismo durante suas férias. Tyler faz vários bicos, é projetista de filmes, garçom num restaurante e faz sabão em casa para vender a lojas de artigos de luxo. Após ter seu apartamento destruído por uma explosão, o protagonista pede ajuda a Tyler para que possa morar com ele por uns tempos. Ali estava plantada a semente do que mais tarde viria a ser o clube da luta, sobre o qual, pelas suas regras, não se fala.
Sou o coração partido de Joe.
Clube da Luta é narrado numa sequência não-linear e muitos dos fatos citados acima estão espalhados ao longo de suas páginas e é preciso que o leitor monte aos poucos todo o quebra-cabeças proposto por Chuck. O livro ainda é narrado em primeira pessoa, o que lhe coloca diretamente em contato com a mente conflitante de seu protagonista. No texto ele se dirige tanto ao leitor, quanto a si mesmo usando repetidamente o pronome você. Isso faz do leitor um cúmplice e também um personagem e esta experiência imersiva, proporcionada tanto pela história quanto pela escrita habilidosa do autor é um ponto que não posso deixar de elogiar. Chuck Palahniuk revela no Posfácio que queria usar uma estrutura literária diferente, que levasse o leitor em saltos diretamente aos momentos chaves de cada cena, e isso não apenas o desafiou como escritor, como tornou o livro ágil, fluido e inovador. Para manter uma maior coesão, ele optou por retomar várias vezes alguns elementos já mencionados na narrativa, tais como as próprias regras do clube da luta e as referências as piadas de péssimo gosto da revista Reader’s Digest. Tudo isso em capítulos curtos, com diálogos concisos e frases rápidas repletas de humor ácido e irônico.
Sou o inflamado sentido de rejeição do Joe.
A jornada do protagonista em si já é uma subversão aos modelos clássicos. É impossível não notar um certo hedonismo na busca que ele faz para alcançar algo de maior valor para sua vida as custas da sua própria destruição. Percebemos que no fundo ele era alguém que almejava ser notado, senão pela sociedade, na qual era apenas mais um funcionário padrão, num emprego normal, comprando e fazendo coisas de pessoas normais, talvez por Deus, ao arquitetar o Clube da Luta e o posterior Projeto Desordem e Destruição. Aquela seria a sua grande chance de conquistar algo por si, de escrever seu nome na História, de ser lembrado. Em dado momento ele se deu conta de que estar vivo não era o bastante e encontrou na figura de Tyler Durden motivos suficientemente fortes para trilhar outro caminho. Dinheiro, poder e ostentação constituem a receita do sucesso num cenário capitalista ideal, mas o que acontece quando temos um insurgente disposto a sabotar e pôr abaixo este sistema?
Sou a vingança sorridente do Joe.
Clube da Luta foi muito mais do que eu esperava! Não apenas pela sua forte crítica ao consumismo, pelo seu tom transgressor e anticapitalista e seu culto à violência. Ter me colocado em contato com a crueza inquietante de certas verdades, que doem tanto quanto qualquer soco que você possa receber num clube da luta, é ao meu ver o seu maior mérito. É forte, inquietante, cru e real. A narrativa não diminui o ritmo em momento algum e é eletrizante do começo ao fim! As pancadas tanto no estômago quanto na cara não poderiam ter sido mais certeiras. Seu discurso é perigoso, fatalista, sabemos disso, mas ainda assim é impossível não nos deixar ser seduzir por ele. Se você ainda não ouviu falar do Clube da Luta, porquê, convenhamos, ninguém fala do Clube da Luta, a recomendação está feita!