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Seraphina


Décadas de paz pouco fizeram para diminuir a desconfiança entre seres humanos e dragões no reino medieval de Goredd. Criaturas extremamente inteligentes que podem assumir a forma humana, os dragões frequentam a corte como embaixadores e usam sua mente racional e matemática em universidades, como estudiosos e professores. No entanto, à medida que o aniversário do Tratado de Paz se aproxima, o clima começa a ficar perigosamente tenso. Seraphina Dombergh, uma garota de 16 anos com grande talento para a música, tem um terrível segredo e razões para temer humanos e dragões. Ela se torna assistente do compositor da corte justo quando um membro da família real é encontrado morto, devido a um ataque muito ao estilo dos dragões, isto é, com a cabeça arrancada a mordidas. Seraphina, com sua inteligência e senso de humor ácido e feroz, passa a colaborar com as investigações, ao lado do capitão da Guarda da Rainha, o sagaz e encantador Príncipe Lucian Kiggs. Enquanto eles começam a encontrar pistas de uma trama sinistra para destruir a paz, a fachada cuidadosamente construída por Seraphina começa a desmoronar, tornando cada vez mais difícil manter seu segredo, cuja revelação seria catastrófica em sua vida.
Título: Seraphina - A Garota Com Coração de Dragão
Autor (a): Rachel Hartman
Editora: Jangada
Número de páginas: 384


Devo iniciar essa resenha com uma confissão: dificilmente acredito naqueles elogios e destaques que estampam a quarta-capa de uma publicação. Independente de quem os assine. No entanto devo afirmar que o que encontrei em Seraphina vale muito mais do que os elogios ali estampados conseguem dizer.
A história se passa no reino medieval de Goredd, onde seres humanos e dragões convivem em aparente harmonia há décadas, desde a assinatura do Tratado de Cormont que garantiu a paz entre as espécies. Os Dragões se assemelham fisicamente àqueles apresentados em nossos contos de fantasia, mas são extremamente racionais - consideram emoções dispensáveis (o que torna o caso de Seraphina ainda mais especial) - e conseguem tomar a forma de homens e viver juntos em sociedade. Nos reinos humanos são identificados pelo uso de um sino e não devem voltar à sua forma de dragão, a menos que autorizados.
Neste livro você vai conhecer Seraphina Dombergh, uma talentosa garota que aos 16 anos é a Assistente de Mestre de Música do castelo e Tutora da Princesa Glisselda, mas que possui um terrível segredo e razões para temer humanos e dragões.
Às portas da comemoração pelos 40 anos de paz entre os dois seres e chegada do Ardmagar (chefe de Estado dos Dragões), o Príncipe Rufus é encontrado morto com a cabeça arrancada de maneira misteriosa. A harmonia é desequilibrada e a tensão entre os povos se torna mais evidente. O clima começa a ficar perigosamente tenso e Seraphina passa a colaborar com as investigações, ao lado do capitão da Guarda da Rainha, o Príncipe Lucian Kiggs. Durante essa jornada que pode destruir a paz entre humanos e dragões, a fachada cuidadosamente construída por Seraphina começa a desmoronar, tornando cada vez mais difícil manter seu segredo, cuja revelação seria catastrófica em sua vida.
Em seu primeiro romance Rachel Hartman nos apresenta um cenário fantástico rico e encantador, recheado de personagens fortes e carismáticos, com uma trama envolvente e prazerosa. Não se trata apenas de uma história de fantasia com mistérios e intrigas, mas sobre aceitação e evolução pessoal de uma jovem perdida em meio a um mundo dividido. Existe traição, segredos, intrigas e falsidade, mas também existe espaço para amor, amizade e lealdade.
A narrativa, muito bem construída pela autora, é conduzida em primeira pessoa pela personagem protagonista tornando-a o nosso vínculo maior com aquela nova realidade. A autora faz um excelente uso das caraterísticas da personagem, como uma visão bastante racional das coisa para entrar nos detalhes que cercam a sociedade, os reinos e as pessoas de seu mundo fantástico. Mas mesmo se assim não o fosse, seria muito difícil não se apegar a Seraphina e esperar por cada passo nessa jornada de autodescoberta e crescimento. Existem outros personagens tão cativantes e interessantes quanto na trama, é claro, mas sua inteligência, senso de humor ácido e língua afiada roubam a cena na maior parte do tempo.
Dentre os personagens que conhecemos mais a fundo alguns se destacam por personalidade, importância e presença como a vívida Princesa Glisselda, o apaixonante Principe Kiggs, e o reservado, porém encantador, Tio Orna. Um outro grupo se destaca por uma característica peculiar. Por conta de sua natureza, Seraphina precisa lidar com seres estranhos que povoam seus pensamentos, e através de meditação constrói um lugar em sua mente para mantê-los longe. Contudo o Jardim dos Grotescos precisa ser visitado todos os dias, para evitar dores de cabeça e ataques epiléticos. E nessas visitas conhecemos o simpático Morcego das Frutas, a Senhora Exigente e inventivo Sujeito Barulhento.
Como nem tudo é perfeito, confesso que a princípio o livro demorou a prender muito minha atenção. As primeiras páginas logo entregam que há muita história a ser contada e o ritmo da leitura se torna meio lento, mas conforme as páginas avançam, se estabelece um ritmo mais ágil e gostoso de se lidar. Portanto não desista ao primeiro percalço, a recompensa aguarda logo em seguida.
A Editora Jangada re-publicou recentemente o livro com um novo trabalho gráfico e arte ainda mais bonita que o anterior. Além disso a edição traz um glossário de termos, um "cast" dos personagens  e um capítulo extra (que é basicamente um conto) que traz a história da Audição de Seraphina ao cargo de Assistente de Mestre de Música o e Tutora da Princesa.
Por fim, ouso voltar a quarta-capa deste livro e parafrasear a citação do autor Christopher Paolini dizendo: Seraphina é um romance de estreia impressionante e mal posso esperar para ver o que Rachel Hartman tem a escrever. Uma leitura mais que recomendada para os amantes de histórias envolventes, independente de que gênero ela pertença!