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Crítica | Thor: Amor e Trovão


Há um tempo atrás poucos arriscariam dizer que Thor seria o primeiro herói do UCM a estrelar quatro filmes solos, principalmente considerando os dois primeiros longas do personagem que mesmo entre os fãs da Marvel não muito populares. Gostando ou não do resultado e das escolhas, em Thor: Ragnarok o diretor Taika Waititi conseguiu imprimir seu estilo e dar vida nova ao personagem, abraçando o lado cômico e tornando o épico mais colorido e dinâmico.

Em Thor: Amor e Trovãonovo filme da franquia do deus nórdico, o diretor neo-zelandês retorna para dar continuidade a seu trabalho e assume agora também papel de roteirista do longa ao lado de Jennifer Kaytin Robinson. Taika está mais solto e confortável do que nunca e isso se reflete em tela. 

A trama traz Thor (Chris Hemsworth), após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato, vivendo aventuras no espaço junto aos Guardiões da Galáxia e seu companheiro Korg (Taika Waititi), enquanto repensa seu papel no universo e quem ele deve ser. Quando deuses de vários mundos começam a morrer nas mãos de Gorr (Christian Bale) e sua necro-espada, Thor e os Guardiões se separam para atender as dezenas de chamados de socorro vindas de vários pontos da galáxia e além. Um deles em especial chama a atenção de Thor: Lady Sif (Jaimie Alexander) alerta que Nova Asgard pode ser um dos próximos alvos do Carniceiro dos Deuses.

De volta à Terra para impedir seu inimigo, o deus do trovão descobre não apenas os planos de Gorr, como também que outra pessoa empunha o seu ex-martelo, Mjolnir, e se intitula a Poderosa Thor: sua ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, Thor, Jane, Korg e Valquíria (Tessa Thompson) precisam alertar os deuses e reunir um exército para impedir que o Carniceiro dos Deuses acabe com todas as divindades da existência.

Extremamente divertido, tanto quanto ou até mais que Ragnarok, Thor: Amor e Trovão tem tudo que um bom filme do Universo Cinematográfico da Marvel pede e até um pouco mais. Há cenas de ação plásticas e tão belas que parecem tiradas de uma página de quadrinhos, brincadeiras com os personagens, referências à arcos recentes das HQs, participações especiais e retornos, e também um vislumbre sobre os próximos planos do estúdio. 

O longa reforça o quanto o universo tem a ganhar com mais espaço para trabalhos autorais e as visões de seus diretores. Isso se reflete no quão confortáveis os atores estão em seus personagens e na qualidade das entregas, seja nos momentos com mais humor ou drama. Se Thor ainda parecia perdido no Universo Marvel, Waititi e Chris Hemsworth definem de uma vez por todas quem é o personagem, fechando questões abertas e definindo seu futuro com novo propósito. Natalie Portman traz para Jane/Poderosa Thor o misto empolgação e desconforto que a dualidade da personagem pede no momento e até consegue livrar alguns espectadores de qualquer gosto amargo que suas participações anteriores possam ter deixado. A dualidade da fé, seus lados negativos e positivos, um dos principais temas da trama, é bem explorada tanto com acidez quanto com esperança. Trazendo tanto uma crítica quanto uma positiva mensagem sobre fé, nos outros e em si, e propósito, principalmente no terço final e conclusão do filme.

Claro, isso não faz dele uma obra perfeita e havia espaço para melhor desenvolvimento de alguns pontos e questões. Gorr, por exemplo, é um personagem que cresce bastante com a entrega sempre primorosa de Bale, entendemos suas motivações para o abandono da fé, desesperança e ódio pelos deuses. Porém, seja por conta do roteiro ou cenas que ficaram de fora do corte final, sua ameaça e fator de urgência é minimizado em determinados momentos. E assim é também acontece um pouco com a questão emocional de Thor, Jane e até com a Valquíria, embora bem dosados. 

No entanto, Taika Waititi imprime primorosamente bem o seu estilo leve e descontraído na direção e consegue nos fazer passar por cima de detalhes como esses com certa facilidade. O diretor consegue dosar muito bem o ritmo, o humor e piadas tão característicos, as grandes cenas de ação e os dramas. Sonora e visualmente, o filme é um desbunde! A estética e as escolhas de trilha formam uma combinação poderosa e empolgante, e mesmo nos momentos mais sombrios não vacila, entregando um espetáculo bonito de se ver.

Quem não gostou tanto de Thor: Ragnarok tem altas chances de também não gostar de Thor: Amor e Trovão. Contudo, se você não faz parte desse time, vai encontrar aqui um filme extremamente divertido, empolgante e com personagens muito carismáticos e engraçados, com uma excelente combinação da formula Marvel com o melhor de Waititi. Amor e Trovão, ao fim, mostra que o Deus do Trovão ainda tem muita a história para contar aproveitando os novos rumos!


Título: Thor: Love and Thunder. 
Título Original: Thor: Amor e Trovão
Lançamento/Duração: 2022 - 1h 40min
Gênero: Aventura/Ação/Comédia
Direção: 
Taika Waititi
Roteiro: 
Taika Waititi e Jennifer Kaytin Robinson

IMDB - FILMOW