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Supernova: O Encantador de Flechas

Imersa em uma ditadura implacável, a isolada cidade de Acigam sofre com a ameaça da guerra civil. De um lado, a Guilda, um grupo que utiliza os ensinamentos da Ciência das Energias para exigir direitos para a população. Do outro, um governo tirano, resguardado por soldados especialistas em aniquilar magos nome vulgar dado aos praticantes da tal ciência. No meio desse conflito vive Leran, que, após ser tragado para a rebelião, tenta aprender mais sobre sua misteriosa habilidade de encantar objetos com a energia dos elementos.

Com uma narrativa envolvente e reviravoltas incríveis, Supernova: O Encantador de Flechas é um livro que vai arrebatar os fãs de fantasia.
Título: Supernova: O Encantador de Flechas
Série: Supernova - Livro I
Editora: Novo Conceito/Novas Páginas
Autor (a): Renan Carvalho
Número de Páginas: 440


Expectativa é a pior coisa que existe,  e eu - um capitão experiente - sou conhecido por não nutri-la naturalmente. Sou do tipo que não se importa muito com spoilers e outras informações por gostar de saber o que espera. Acontece que até mesmo alguém crítico como eu acaba por confiar nas opiniões e recomendações de um seleto grupo. Talvez, se não fosse por isso, poderia eu ter aproveitado melhor a leitura. Contudo não foi o que aconteceu, infelizmente. Mas assim como faço quando a leitura me deixa por demais empolgado, dei tempo após terminar a leitura para não interferir na resenha. Decepcionado? Talvez. Cego para qualidades de uma obra? Jamais.
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Se me pedissem para definir Supernova: O Encantador de Flechas em uma única palavra prontamente eu responderia: adolescente. Em qual sentido da palavra? - você pode estar se perguntando agora. Bem, no sentido geral sobre o que é a adolescência. Todo mundo sabe que a empolgação e a diversão fazem parte dessa fase, isso é inegável. Por outro lado é de conhecimento geral que a imaturidade também. Calma, antes de tirar qualquer conclusão continua a leitura que vai entender.
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Em uma cidade isolada do resto do mundo vive Leran Yandel, um jovem um tanto avoado, sem muitos interesses além do arco e flecha e das aulas secretas que recebe do avô. A magia e expansão cientifica são proibidas em Acigan, e leis rigorosas impostas por um governo tirano cuidam para que assim continuem. Leran sempre soube que havia algo errado com aquele lugar, só não espera que algo tão grande estivesse para acontecer. Muito menos fazia ideia que seu destino estaria intimamente ligado à uma revolução e a um sentimento tão forte quanto o amor. Uma trama com espaço para intrigas, mistérios, amores e conflitos (físicos, ideológicos e psicológicos) é o que te aguada e vários pontos de virada poderão de surpreender.
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A narrativa do livro se dá toda em primeira pessoa, sempre através de um personagem, e no início pode incomodar um pouco, mas isso passa quando o conhecimento (ou a falta dele) passa a se tornar ideal para transmitir a história. O aprendizado de Leran foi uma forma eficiente que Renan encontrou para apresentar seu cenário e seus elementos ao leitor de forma gradual, assim como o conhecimento de Judra sobre a realidade ajudou a expandi-lo além da magia. Apesar de possuir bastante informação, o texto flui rápido e não se prolonga, acrescentando agilidade à leitura embora isso acarrete alguns atropelos na história.  Em contra partida, os diálogos simulando a linguagem jovial acabam tornando-se bobos em vários momentos e, na minha opinião, precisam ser amadurecidos na sequência.
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Os personagens são um dos pontos que me deixaram dividido, e diversos fatores levaram a esse fato. Embora exista uma tentativa de aprofundar vários deles, a maioria é trabalhada de forma superficial quando poderiam ser melhor detalhados e aproveitados um pouco mais. Outro detalhe é a inconstância apresentada em alguns personagens tanto em relação a poderes apresentados, quanto a postura. Fica até difícil citar exemplos sem dar spoiler - para não dizer impossível - mas alguns acontecimentos e decisões parecem estar mal explicados, ou não fazem sentido dentro do que foi construído.
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O cenário - que é e sempre será minha parte favorita - embora não apresentado em sua totalidade, nos guia por um mundo díspar onde magia e tecnologia caminham bem próximos, embora em ambos os casos não seja de acesso de todos, remetendo logo de cara a jogos de videogame como alguns da série Final Fantasy. Essa "referência" inclusive pode ser sentida pela forma a qual as cidades são citadas sempre independentes umas das outras, bem como nas telas de Mapa de um jogo. Acigam (mágica escrita ao contrário) é uma cidade-estado que guarda diversos segredos por baixo dos panos políticos e também sobre suas construções, e ambos os casos parecem estar longe do conhecimento popular. Mas o que mais me cativou de tudo foi a forma como soube trabalhar a magia e a ciência, principalmente no mito da criação.
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De maneira curiosa a leitura de O Encantador de Flechas me fez lembrar muito a sensação que tive ao ler pela primeira vez o Raphael Draccon (foi lá em Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas): todos conceitos e ideias criados foram capazes de me interessar muito mais do que a história, porém fica visível o talento e potencial do autor, assim garantindo meu respeito.
Supernova: O Encantador de Flechas é um livro empolgante e divertido que vai agradar com toda a certeza o público a se destina, apesar de ser diferente do que eu esperava. Com certeza não é uma excelente distopia como já ousaram apontar, mas está longe de ser um livro ruim. Bem longe. Fico no aguardo por Supernova: A Estrela dos Mortos, agora sabendo o que me espera, sem risco de decepções.