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Review | Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

Imagem retangular com uma montagem de elementos. Sobreposto sobre uma imagem do céu estrelado em tons de azul, um retângulo com bordas brancas contém: um recorte da capa do livro Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, mostrando uma figura feminina  em um vestido de festa e colar de perolas. A imagem usa um filtro verde que impede de perceber maiores detalhes.

O #ClubedoMultiverso, nosso clube de leituras, tem proporcionado diversas experiências em relação a gêneros e formatos literários, em sua maioria extremamente positivas. A mais recente delas foi com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, obra de Taylor Jenkins Reid.
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Quem me conhece sabe bem disso, mas essa é uma leitura que não se encaixa no meu padrão habitual e, apesar de todo furor e elogio, certamente não teria entrado no meu radar. É necessário destacar esse ponto logo no início dessa postagem justamente para garantir que você que é como esse eu do passado — um tanto limitado sobre o que lê ou não — não desperdice a chance de ler uma obra incrível.
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O livro conta a história de Monique Grant, uma jovem jornalista que finalmente conseguiu emprego em uma revista em Nova York após anos de trabalhos como freelancer. Quando a lendária estrela de cinema Evelyn Hugo a escolhe para uma entrevista exclusiva, Monique vê uma oportunidade de se destacar, mudar sua vida profissional e deixar de lado os problemas do casamento. No entanto, mal sabia ela que Evelyn tinha os próprios planos, muito maiores, para ela.
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Prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide que será Monique quem contaria a sua "verdadeira história", não em uma matéria, mas em sua biografia, com tudo de bom e de ruim que já lhe aconteceu e/ou realizou. Ao aceitar a tarefa, a jovem repórter se dá conta de que nada é por acaso e que suas vidas e trajetórias podem estar conectadas por um segredo que Evelyn esconde.
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A narrativa criada por Taylor Jenkins Reid — e por consequência a tradução Alexandre Boide — é envolvente em vários níveis. Apesar da complexidade nas escolhas das personagens e temáticas abordadas, o texto é simples e fluido, e aguça o leitor através da construção daquela realidade e da intimidade proporcionada pelas narradoras. Reid consegue trabalhar muito bem as narrativas — sim, no plural — em primeira pessoa e brincar com os tempos verbais, também adicionando variações aos formatos, como notas de colunas sociais e fofocas sobre os acontecimentos narrados durante a trama.
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A autora cria personagens críveis, falhas, porém fortes e cativantes cada qual à sua maneira. A construção de tudo em torno do esplendoroso mundo de Hollywood traz um peso necessário para compreender — o que não significa concordar — as difíceis e amargas decisões das personagens sobre sacrifícios, segredos ocultos e o preço da fama. É fácil amar, odiar, rir, chorar e tudo isso de novo, quanto se trata de Evelyn Hugo e seus amores!
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E, considerados todos elementos, é muito difícil não se deixar levar por algum ponto ou refletir sobre o que ali está. Reid é tão intensa em sua abordagem quanto suas personagens! Não apenas por trazer temas cotidianos importantes como violência doméstica, feminismo e sexualidade para quem quer sair da zona de conforto e viver emoções intensas, mas também como um excelente retrato histórico e político sobre as questões que as cercam.
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Em cada detalhe dessa obra, me vi fisgado e envolvido, mas, como jornalista de formação, foi com Monique e a parte profissional de seu drama que tive uma relação mais próxima. Não me entendam mal, todas as questões ao redor de Evelyn — para o bem ou para o mal — são bastante humanas, mas quando postas em sua realidade hollywoodiana e milionária acrescentam um grau de distanciamento que as torna mais difíceis de relacionar. Já Monique tem dificuldades mais mundanas, problemas para se impor, para pensar primeiro em si, para reconhecer o potencial que tem. Questões que me fizeram repensar diversas situações até aqui, profissionalmente, e também pessoalmente.
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É difícil expor mais sem entregar os detalhes de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, mas posso afirmar sem sombras de dúvidas que esse livro me despertou a vontade de conhecer não apenas os outros trabalhos da autora, como explorar cada vez mais histórias fora do meu padrão de leitura. Uma obra mais que recomendada!

Querida Evelyn Hugo,
Desprezo a maioria de suas atitudes, mas te admiro muito mais.

Com carinho,
Ace Barros

Quer aprofundar mais no papo?
Já leu e quer comentar? No próximo domingo, dia 29 de Agosto, às 20h, temos a discussão final sobre a obra lá no Discord.
Não leu ainda? Calma, em breve sai um episódio do podcast com spoilers para você escutar e participar da discussão.

Título: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo | Editora: Paralela
Autora: Taylor Jenkins Reid | Tradução: Alexandre Boide
Ano: 2019 | Gênero: Romance, Ficção Contemporânea, Drama

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