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Voltron: O Defensor Lendário







Cinco adolescentes da Terra - Keith, Lance, Hunk, Pidge e Shiro - pilotam leões robóticos e juntos formam o Voltron, a mais poderosa arma do universo e a última linha de defesa da galáxia em uma batalha intergalática contra as malignas forças lideradas pelo Imperador Zarkon.



Título: Voltron: O Defensor Lendário
Título Original: Voltron: Legendary Defender
Lançamento/Duração: 2016 - 23 minutos/episódio
Temporada: 11 Episódios - Gênero: Animação/Ficção Científica/Aventura/Ação
Classificação: Livre para todos os públicos
Direção: Joaquim Dos Santos, Lauren Montgomery, Ki Hyun Ryu, Steve Ahn, Eugene Lee, Chris Palmer
Roteiro: Mark Bemesderfer, May Chan, Joshua Hamilton, Tim Hedrick, Mitch Iverson, Lars Kenseth
Elenco: Jeremy Shada, Bex Taylor-Klaus, Josh Keaton, Tyler Labine, Kimberly Brooks, Rhys Darby, Steven Yeun, Neil Kaplan, Cree Summer


Uma das mais satisfatórias descobertas de animação que tive o prazer de encontrar neste ano, sem dúvidas foi Voltron: O Defensor Lendário. Trata-se de um reboot de uma outra série de animação muito popular na década de 1980, Voltron: O Defensor do Universo, e que cuja premissa básica segue o padrão consagrado do gênero mecha: uma equipe de exploradores espaciais pilotando um super robô gigante para combater o mal. Mas ainda que beba enormemente dos clichês do gênero, Voltron funciona e funciona muito bem por fazer isso duma forma convincente e cativante.
A série é uma produção original Netflix em parceria com a DreamWorks Animation, dona de franquias bem conhecidas com Shrek e Madagascar, e tem como showrunners, Lauren Montgomery e Joaquim Dos Santos, ambos conhecidos por seu trabalho em Avatar: A Lenda de Aang e sua sequência A Lenda de Korra.
No enredo, descobrimos que durante milênios o perverso Império Galra se expandiu pelo universo usando de seu imenso poderio bélico e força bruta para destruir outras civilizações e escravizar as demais raças da galáxia. A única força conhecida capaz de antagonizar o poderio do Império Galra é o lendário Voltron, o Defensor do Universo, um guerreiro robô de cem metros de altura formado por cinco leões mechas cujos pilotos são conhecidos como Paladinos. Em meio a guerra que terminou com a destruição total do planeta Altea, o Voltron foi separado pelo Rei Alfor a fim de evitar que a mais poderosa arma do universo e a única defesa contra os galras caísse nas mãos do temível Imperador Zarkon. O Rei Alfor ligou as energias dos cinco leões à energia vital de sua filha, a princesa Allura e em seguida os enviou a diferentes locais do universo, onde aguardariam até que uma nova geração de paladinos apta a pilotá-los surgisse e o Voltron pudesse novamente ser formado. A princesa Allura, seu tutor Coran e o Castelo de Altea se encontram escondidos no planeta Arus junto com o Leão Negro.
No presente, a busca do Império Galra pelos Leões e o Voltron os trouxeram ao Sistema Solar da Terra. Um grupo de jovens pilotos espaciais - Shiro, Keith, Lance, Pidge e Hunk - descobrem o Leão Azul enterrado sob uma antiga cadeia de montanhas e são imediatamente levados a combater as naves Galras. Eles são levados pelo Leão Azul ao Castelo de Altea onde conhecem a princesa Allura que desperta de uma hibernação induzida e se tornam assim os próximos Paladinos, encarregados de reunir novamente os cinco Leões para formar o Voltron de modo que possam combater os esquemas nefastos do Imperador Zarkon com a esperança de derrotar o império Galra inteiro.

Como boa parte das animações de mechas, os protagonistas são jovens em idade escolar que por algum motivo se tornam pilotos, mas um ponto que merece destaque e que considero o maior trunfo de Voltron é o crescimento e o desenvolvimento dado a eles ao longo dos episódios. Todos são devidamente aprofundados e ganham camadas de complexidade não ficando restritos ao papel de coadjuvantes enquanto um único protagonista se destaca.
Shiro é o mais experiente em combates e já foi um prisioneiro dos galras. Com sua calma e determinação, ele lidera a equipe pilotando o Leão Negro. Pidge, comanda o Leão Verde e é a genialidade e astúcia em pessoa, devota a vida a reencontrar seu pai e o irmão Matt, ambos capturados pelos galras e membros da antiga tripulação de Shiro. Keith, o Paladino Vermelho é um tanto introvertido, mas seu temperamento impulsivo lhe rendeu a expulsão do corpo de pilotos da Terra ainda que ele fosse um dos mais habilidosos ali. Seu passado é uma incógnita até mesmo para ele, é órfão e solitário, mas foi o primeiro a encontrar pistas de um dos Leões do Voltron na Terra. Hunk é um engenheiro perspicaz, dono de um apetite que rivaliza apenas com sua gentileza e boa vontade. Ele pilota o robusto Leão Amarelo, mas tem sérios problemas com enjoos quanto faz manobras turbulentas. Lance é dono dum carisma e de uma autoconfiança invejáveis, é uma presença marcante e vibrante no time, além de ser o melhor atirador na equipe. Seu Leão é o Azul, o primeiro a ser despertado na Terra.
Além dos pilotos do Voltron temos Allura, a última sobrevivente de Altea toma para si a responsabilidade de combater o Império Galra e restabelecer a paz na galáxia. Essa diferenciação também se estende aos vilões, ainda que a força bruta e a sua crueldade saltem aos olhos é interessante perceber como os principais generais que servem a Zarkon se distinguem em suas abordagens de combate e personalidades, levando-os muitas vezes a atuar de forma independente e não convencional.
O primeiro episódio é um especial de quase uma hora de duração e possui um ritmo rápido colocando os personagens quase que imediatamente no local em que vão atuar ao longo dos episódios seguintes ao passo que planta diversas sementes de plots que serão melhor exploradas futuramente. Os arcos são bem trabalhados, prendem nossa atenção para que continuemos a assistir e vão numa crescente de aventura e desenvolvimento de personagens e de mundo, tocando em temas de nível pessoal tais como as saudades do lar e da família por parte dos pilotos, a consciência da importância da sua missão a bordo do Voltron sobretudo para as raças pacíficas do universo e as suas próprias jornadas de auto descoberta e amadurecimento; e para além disso explora temas mais amplos como política, diplomacia, justiça e economia tendo como plano de fundo a expansão e o conflito com os galras. As revelações acerca do passado dos personagens aparecem num timming perfeito entregando até mais do que esperamos em expectativa e ajudam a catapultar nossa afeição por eles instantaneamente. A série ainda guarda inúmeras surpresas e algumas viradas totalmente inesperadas na trama, sobretudo nos episódios que encerram as temporadas.
A animação é ágil e expressiva e se inspira fortemente na estética dos animes japoneses mesclada a modernas técnicas de computação gráfica para compor as sequências de ação com uma fluidez e riqueza de detalhes impressionantes. Explosões e tiros espetaculares, sobrevoos vertiginosos e manobras aéreas impecáveis em cenários espaciais coloridos de perder o fôlego tomam conta da tela quando os protagonistas combatem as naves galras.
Boa parte do sucesso da série, além do quesito nostalgia e fidelidade ao material original, é oriundo do engajamento de sua equipe de produção, diretores, atores e animadores com os fãs nas redes sociais e por estratégias de marketing bem pensadas em grandes eventos de cultura pop como a San Diego Comic Con onde além de palestras e autógrafos os fãs também puderam pedir um lanche no Food Truck do Hunk. Além disso a série já deu origem a uma linha de produtos derivados que vão de action figures a quadrinhos e jogos para celular.
Se há algo a reclamar diria que são os clichês do gênero, tais como as sequências de transformação dos Leões no Voltron, que quando se assiste aos episódios em sequência se tornam repetitivas e previsíveis. Algumas das saídas encontradas para os desafios também podem soar como deus ex machina no roteiro, como o desbloqueio de novas habilidades nos Leões através das suas Bayards, mas num panorama mais amplo tudo isto é explicado e funciona perfeitamente bem ao que a história se propõe e das fontes nas quais se inspira. Estes são pormenores que de modo algum diminuem a qualidade da série ou a tornam menos envolvente e divertida. É inevitável não se pegar torcendo pelos protagonistas ao comprar a ideia do trabalho em equipe para superar os maiores desafios do universo a bordo do Voltron.
Hoje, 4 de Agosto, vai ao ar pela Netflix a terceira temporada com mais sete episódios muitíssimo aguardados por uma legião de fãs mundo afora, sobretudo após os eletrizantes acontecimentos finais da segunda temporada. Uma das primeiras impressões que tive ao assistir foi a de quão legal tudo aquilo parece ser e é, tanto que é impossível não se divertir assistindo! Mas mais do que diversão, Voltron nos entrega uma mensagem positiva de esperança e de que vale lutar contra todas as adversidades em nome daquilo em que acreditamos e das pessoas que amamos. É o tipo de série ideal para descontrair e renovar suas esperanças e ânimo, seja consigo mesmo ou com o universo! Aproveite a estreia da terceira temporada e confira!