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Moby Dick

Versão definitiva da obra-prima Moby Dick, ou A Baleia, considerado um dos maiores romances norte-americanos. O livro traz o relato de um marinheiro letrado, Ishmael, sobre a última viagem de um navio baleeiro de Nantucket, o Pequod, que parte da costa leste dos Estados Unidos - com sua tripulação multiétnica - rumo ao Pacífico Sul, onde encontra o imenso cachalote branco que, no passado, arrancara a perna do vingativo capitão Ahab. Ao longo de 135 capítulos, Herman Melville (1819-1891) explora com brilhantismo e ironia os mais variados gêneros literários: da narrativa de viagens ao teatro shakespeareano, do sermão à poesia popular, passando pela descrição científica e a meditação filosófica.
A nova tradução se vale da longa experiência acadêmica da tradutora Irene Hirsch com a obra de Melville e de um minucioso trabalho de pesquisa de vocabulário náutico por parte do tradutor Alexandre Barbosa de Souza.

O volume inclui ainda fortuna crítica com três textos fundamentais para a compreensão da obra: uma resenha de Evert Duyckinck, publicada em 1851; o clássico ensaio de D. H. Lawrence, incluído em Studies in Classic American Literature, de 1923, e um trecho do célebre estudo de F. O. Mathiessen, American Renaissance, de 1941. Além disso, a edição traz apêndice com Glossário Náutico Ilustrado e bibliografia.
Título: Moby Dick
Título Original: Moby Dick
Editora: Cosac Naify
Autor: Herman Melville
Tradução: Irene Hirsch, Alexandre Barbosa de Souza
Ano: 2008 / Número de páginas: 656


Moby Dick! Com certeza este é um daqueles casos em que o nome precede e inspira o mito! Não há quem não saiba que ele se refere a uma enorme e feroz baleia branca, um temível Leviatã de dimensões e perversidade colossais, imortalizada no imaginário cultural através de filmes e das muitas adaptações do monumental romance de Herman Melville, tido não apenas como um dos mais importantes da literatura norte-americana como também um dos mais conhecidos exemplos da literatura realista do século XIX.
Moby Dick é um romance de aventura e também um livro de não ficção, é uma narrativa épica permeada de reflexões filosóficas e também é um relato científico, é um estudo sociológico e um documento histórico de uma época. Toda esta amplitude de gêneros e temas o coloca num seleto grupo de obras difíceis de se classificar a priori, mas que habilmente cruzam as fronteiras textuais ao mesclar num todo consistente, completo e único todas estas características diversas.
Na trama, Ishmael, o narrador e também o protagonista, nos relata a história de quando, por um motivo bem particular, decide embarcar a bordo do baleeiro Pequod numa jornada para caçar baleias em alto-mar com a sua tripulação. Sob o comando do Capitão Ahab este navio partiria da costa dos Estados Unidos numa longa viagem ao longo de três anos, nos quais a gordura dos cetáceos capturados seria convertida em óleo e armazenada nos porões da embarcação, para na volta ser comercializado por um alto preço juntamente com outros subprodutos da pesca. O óleo de baleia era largamente utilizado como combustível para iluminação e como componente químico para os mais diversos produtos, dos lubrificantes de máquinas aos itens de perfumaria dos boticários.
Numa espécie de pacto entre Capitão e tripulação, o objetivo principal da viagem passa a ser outro em virtude da disposição implacável de Ahab para capturar e se vingar de uma baleia em específico, a temível Moby Dick, um cachalote enorme e feroz que num encontro anterior lhe arrancara a perna e o forçara a caminhar com uma prótese feita de osso de baleia.
Mas ao longo de seus 135 capítulos acompanhamos muito mais do que a jornada em busca de vingança de Ahab e a tripulação do Pequod graças ao olhar perspicaz de Ishmael que se propõe a colocar o leitor a par de tudo o que envolve a atividade da pesca das baleias, não lhe poupando de praticamente nada. A peculiar característica alva de Moby Dick, as rotas migratórias e hábitos dos cetáceos, as histórias e mitos que cercam estes verdadeiros monstros marinhos, a técnica e a ciência envolvidas na pesca, transporte e destinação final desta preciosa carga, os diversos equipamentos utilizados pelos marujos, os hábitos da tripulação multiétnica a bordo do Pequod e até os mais profundos sentimentos que impulsionam tanto o Capitão Ahab quanto a si mesmo, tudo é analisado ou digno de nota em algum momento por Ishmael.
Moby Dick não foi uma leitura das mais fáceis, o excesso de descrições e as longas pausas na narrativa causadas por elas, por vezes foram os principais desmotivadores, mas hei de convir que tudo o que era contado contribuiu para uma compreensão mais ampla de toda a atividade de caça e pesca e muitos dos capítulos tinham a finalidade de preparar o leitor para o seu grande desfecho. Após concluí-lo a sensação que fica é a de ter feito um curso intensivo de alguns meses com um marinheiro experiente a bordo do Pequod e se antes eu sequer tinha uma vaga ideia de como tal atividade era conduzida, posso dizer que agora tenho ao menos uma boa noção das suas particularidades. Impossível não sair outro após uma leitura deste porte. Recomendo lê-lo tendo em mente que o livro é muito mais do que só o romance de aventura em alto mar, é preciso estar disposto a realmente entrar de cabeça no mundo desta atividade econômica que já fora tão importante no passado e a conhecer as suas minúcias para apreciá-lo adequadamente e ao máximo.
No geral, o livro superou minhas expectativas, entregando não apenas uma grande aventura como também algumas importantes lições de vida e de filosofia distribuídos em momentos de profunda inspiração pelo seu narrador ao longo do texto e também por evidenciar de forma apaixonada o conflito eterno entre o homem e a natureza e o homem e a sua própria natureza! Moby Dick vale a leitura pela experiência, pelos questionamentos filosóficos, pela dedicação científica e minuciosa de seu narrador, pelo fascínio que evoca pelo mar e pelos cetáceos, pela vasta coleção de histórias náuticas que reúne e muito mais! Impossível sintetizá-lo neste espaço, mas fechei o livro com a sensação de que terei saudades do mar e que tal qual Ishmael no início, não tardarei a querer me lançar novamente na sua imensidão azul infinita.