Sejam bem-vindos Navegantes do Multiverso. Eu sou Ace Barros, capitão da nave Interlúdio e hoje a postagem será diferente. Começando pela apresentação. O motivo disso é o alcance da mensagem. Sim, o #NovembroCastelar é um evento maior e não pode estar restrito apenas ao público que já visita o blog.
Se não está sabendo o que é o #NovembroCastelar visita essa outra postagem AQUI que eu explico tudinho (se eu fosse você iria lá, tem sorteios rolando).
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Algo que sempre reparo nos comentários frente a frente e também em resenhas dos livros da série é a surpresa de algumas pessoas ao saber que os autores são nacionais. Não entendo bem o que leva a as pessoas a pensarem isso. Talvez seja pelos nomes, talvez seja pelo preconceito por achar todo o trabalho do livro (texto e parte gráfica) acima do padrão nacional. O que sei é que já passou da hora de conhecerem um pouco mais sobre a dupla. Por isso é com e sobre eles que falaremos hoje nessa entrevista.
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Gustavo Brasman nasceu em Curitiba, é casado e pai de duas lindas filhas. Filho de uma professora e de um garçon, costumava comprar gibis usados para poder ler nas férias. Aos 12 anos surgia sua primeira história de ficção. Inspira-se em séries, filmes e literatura fantástica (Tolkien, Isaac Asimov, Irmãos Grimm, etc). Já foi vendedor, analista, consultor, tenente do exército, empresário, colaborador de jornal, palestrante, gerente de uma corporação internacional, escritor e roteirista. Brasman usa toda sua experiência e criatividade como base para suas criações, o que faz de suas histórias uma experiência repleta de reviravoltas e aventuras fora do comum.
Gustavo Norris é casado e mora em Curitiba. Teve seu primeiro conto publicado em 2005. Costuma citar como referencias filmes como Star Wars, Matrix, Senhor dos Aneis e Blade Runner. Gamer fanático, sempre está jogando PS3 ou Xbox360. Na literatura, gosta muito de autores russos, Michael Moorcock e é um grande admirador de Stephen King. Além disso, curte Calvin & Hobbies, de Bill Wattersoon, HQs como Liga da Justiça e quadrinhos adultos como Sandman (Neil Gaiman) e Watchmen (Alan Moore).
Ace: Primeiramente, sejam bem vindos ao Multiverso X, o lugar onde todos os universos convergem. Gostaria a disponibilidade e a boa vontade de cederem essa entrevista. Fico honrado de ser um castelar e ajudar com as ações do #NovembroCastelar.
Agora vamos às perguntas. Começaremos então falando justamente sobre uma parcela do público acreditar que vocês são uma dupla de autores estrangeiros. O que, na opinião de vocês, leva a isso?
G.Norris: A literatura fantástica sempre foi dominada por autores estrangeiros e o mercado deste ramo é muito forte em países como E.U.A, que possui até mesmo prêmios específicos como o Nebula. Assim, grandes nomes da literatura fantástica são, de fato, estrangeiros. Acho que isso contribui muito para a percepção do público, que já está mais acostumado com autores internacionais do que autores brasileiros em ficção fantástica, embora nos últimos anos isso tenha mudado um pouco e o Brasil começa a ter mais representatividade nesse mercado.
Brasman: Na verdade essa foi uma tática usada por nós para que os estrangeiros pensassem que nós fossemos de lá. E quando eles descobrissem a verdade, seria tarde demais para eles (mas não fala isso pra ninguém, pois é segredo kkkk).
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Ace: Já que os nomes adotados por vocês levam uma parcela de culpa, que tal falar da origem deles e a razão de não ter utilizado os sobrenomes Girardi e Tezelli que também são sonoros?
G.Norris: Gustavo Tezelli não soa tão bem assim (risos). Eu faço parte daquela parcela de pessoas acostumadas com nomes estrangeiros. Pra falar a verdade, minhas referências de escrita e leitura são todas estrangeiras e desde o dia 1, nós pensamos em lançar a saga no exterior, achamos melhor criar pseudônimos para isso.
O meu nome foi complicado de se achar. Não tinha uma ideia legal ou pronta na cabeça, mas na época (2007, eu acho) eu acabei lendo as “verdades indubdáveis (sic) sobre Chuck Norris” na internet. Eu cresci vendo os filmes dele e acabei, por brincadeira, usando o Norris no nome e acabou ficando legal. Quando fomos publicados, decidi manter e está assim até hoje.
Brasman: O meu pseudônimo já foi diferente. Desde o começo eu tinha essa visão de dominação global, e influenciado pelo meu espírito Troll, pensei que seria muito legal de falar em um Talk Show americano “Brasman means BraSilian Man baby… with S, and no Z!”. Simples e direto ;)
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Ace: Todo autor deve estar calejado de responder essa, mas: por que escrever?
G.Norris: Sim, todo autor está calejado dessa mesmo (risos).
Stephen King sugeriu (na série A Torre Negra) que escritores são meros portais entre uma dimensão e outra. Eu concordo com ele. Às vezes, uma história surge e insiste em ficar na cabeça, rondando suas ideias, se conectando ao seu dia a dia. Isso aguça sua curiosidade para saber mais sobre ela.
O motivo de escrever para mim é simples: Eu escrevo por diversão. Não tenho outra ambição ou desejo nesse ponto, mas não nego que é gratificante receber um e-mail dizendo que seu livro é (ou foi) muito especial para alguém ou que trouxe emoções diferentes para o leitor. Esta tem sido uma recompensa inestimável para mim.
Brasman: O Norris tá filosófico hoje. Quem mandou eu deixar ele responder primeiro né rsrsrs… Enfim… por que escrever? Pra mim é simples: sou um sonhador. Adoro dar forma e vida às coisas. E não tem nada melhor do que as letras para transformar um sonho em realidade. Criar é uma sensação tão maravilhosa, que às vezes só por rascunhar uma ideia já me sinto mais feliz.
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Ace: Uma pergunta de extrema importância: como vocês se conheceram e o que levou vocês a escrever a quatro mãos?
G.Norris: Como todas as boas ideias, basta uma pequena convergência para que algumas coisas aconteçam. Nós trabalhávamos na mesma empresa e acabamos por tomar um café juntos um dia. Simples assim. Daquele café saiu os primeiros Senhores de Castelo, 3.000 anos de história da Ordem, o rascunho do primeiro livro e as primeiras ideias sobre o Multiverso.
Brasman: Essa é a versão oficial. Mas eu gosto da versão “oficiosa”: Norris e eu fomos escolhidos pelo Multiverso para apresentar os Senhores de Castelo para os seres humanos deste pequeno planeta de um quadrante não mapeado, recrutando pessoas de bem e cheias de talento para serem novos castelares e se juntarem à nobre Ordem de Ev’ve!
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Ace: E esse processo é fácil ou as vezes atrapalha?
G.Norris: Já foi mais fácil (risos), mas hoje ainda é bem tranquilo. Não acho que atrapalha, mas deve-se ter uma boa dose de conversa e alinhamento antes da escrita. Ao escrever a quatro mãos, você pode perder um pouco de liberdade, já que não são só as suas ideias que serão escritas e nem tudo poderá ser como você quer, mas em compensação, você tem outra opinião e outra forma de ver as coisas, que pode te ajudar no processo criativo e também te tirar daquele “bloqueio” da história.
A parte mais importante é manter diálogo e definir sempre o rumo da história antes de escrever. Aceitar ideias diferentes das suas e abrir mão de alguns conceitos também, ser flexível. Acho que assim é bem mais fácil para fazer um livro.
Brasman: Disse tudo!
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Ace: Quem conhece mais a fundo suas obras sabe que há muito da vida de vocês transportada para seus personagens. Isso não é bem um segredo, já que está nos extras no site de vocês. Mas porque optaram por algo assim?
G.Norris: Não sei se é uma opção. Acho que, no começo, era uma forma de brincarmos com o nosso dia a dia e um exercício de imaginação ao tirar essas coisas do mundo real e coloca-las em outro lugar, apenas para ver como ficariam. Para diversão ou mero passatempo, essas incursões acabam por ajudar muito na construção de cenários, personagens, situações, etc. Além disso, é legal homenagear algumas pessoas que, de alguma forma, ajudaram na construção da saga (alguns fãs já tiveram seus nomes ou trejeitos inclusos nos livros por acreditarem tanto no Multiverso).
Brasman: Falando sério agora. O que é a ficção, senão uma representação da vida? Então nada mais normal do que o autor levar suas experiências para a sua arte. Contudo, no caso dos Senhores de Castelo, tomei para mim como algo muito maior do que apenas uma simples história. Quero levar para as pessoas um pouco da minha filosofia de vida, mostrar que algo divertido também pode ser tocante, que coisas importantes na ficção também são importantes no nosso dia a dia (amizade, respeito, honra, amor) e que, por mais que não queiramos, deveremos enfrentar espinhos ao longo do caminho. A única opção que teremos é escolher como lidar com essas situações.
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Ace: Alguns autores começam sua carreira de forma contida, com um livro apenas. Outros preferem arriscar-se em séries e sagas. No entanto vocês estão planejando algo bem grande. A série Colapso, com cinco livros, é apenas um dos projetos que vocês tem para o universo criado em torno dos Senhores de Castelo. Se não for segredo, que tal revelar um pouco dos planos de vocês?
G.Norris: Uma vez, dando uma entrevista para Maria Rafart (uma radialista muito legal da Rádio Transamérica) chegamos a essa questão e ela, depois de nos deixar explicar tanto sobre os planos para a saga, disse: Quem pensa pequeno, fica pequeno. Quem pensa grande, fica grande. Acho que define bem o nosso propósito. O Multiverso é muito grande e tem muito material inédito que não cabem apenas em livros, mas em quadrinhos, animações, filmes, jogos etc. Parte dessa expansão é justamente para escolher a melhor mídia para contar a história.
No momento, estamos a revisar a tradução para o inglês do livro I, para um possível lançamento fora. Contratamos uma empresa para nos ajudar nisso e estimamos que em 9 meses teremos novidades sobre os “CastleLords”. Também há uma proposta de animação em andamento, estamos revendo um roteiro e podemos ter surpresas no futuro sobre isso.
Brasman: O Norris esqueceu de falar que estamos bolando uma HQ, um Board Game e um RPG. Quando isso tudo vai ficar pronto? Ainda não sabemos, mas que é muito bom poder expandir o Multiverso dessa maneira… ah isso é!
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Ace: Focando no presente, o que podemos esperar para a conclusão da Série Colapso?
G.Norris: Hum. Acho que muita gente vai ficar surpresa com o fim da série. Eu gostaria disso.
Brasman: Como o nome diz… um COLAPSO! Bom, não querendo dar spoilers, mas viemos plantando informações desde o livro 1, para quando chegar no final, tentar surpreender os fãs. Alguns podem descobrir algumas das coisas que planejamos, mas ainda assim, creio que se surpreenderão.
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Ace: Fiz essa mesma pergunta para alguns autores em outras oportunidades, mas gostaria de saber de vocês. O que vocês acham dessa explosão da Literatura Fantástica nos últimos tempos, principalmente com autores brasileiros? Acha que isso pode durar ou seria só uma fase?
G.Norris: Acho que melhorou bastante. Temos filas e mais filas de autógrafos para autores brasileiros e o mercado editorial voltou mais seus olhos para o que é feito aqui. Isso é muito bom para todos, autores e leitores, e com certeza deve durar muito.
Brasman: Eu tenho a felicidade de trabalhar com um gênero que não depende de moda. Ficção e fantasia estão aí desde sempre, e independente da “onda do momento”, sempre há uma seção da livraria dedicada a trabalhos deste gênero. O “boom” que ocorreu de autores nacionais se deve a um fato muito simples: as editoras viram que é possível ganhar dinheiro com autores nacionais. E a tendência agora é só expandir e solidificar.
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Ace: Essa é essencial. Para quem ainda está começando a escrever, como eu, ou ainda pensando em fazer, podem dar algumas dicas?
G.Norris: Eu não sou muito de dicas, mas tem um escritor que faz vídeos só de dicas para quem quer escrever. Eu mesmo já peguei algumas com ele. Segue o link:
Brasman: To falando que o Norris pegou todas as respostas boas? rsrsrs Enfim: dica 1 - se quer escrever, pare de ficar pensando e pensando. Senta e escreve logo. Depois de escrito parte para a revisão (na verdade, revisões). E se quiser publicar, estude todas as alternativas disponíveis antes de se atirar na primeira “oportunidade” que encontar. Já vi muitos autores (muitos mesmo) se arrependerem por terem optado por um caminho que parecia mais fácil, sem estudar a questão antes.
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Ace: E dicas de leitura? Podem nos dar algumas?
G.Norris: Bom, eu tenho os meus autores preferidos, mas hoje deixo como dica Calvin & Hobbies, do Bill Watterson. É simplesmente incrível.
Brasman: Virei fãn-boy do Neil Gaiman. Praticamente qualquer coisa que esse cara faz é incrível! Só para citar 3 livros show de bola dele: Deuses Americanos, Lugar Nenhum e Oceano no Fim do Caminho (Leitura garantida pelo selo Brasman de qualidade!)
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Ace: Agradecendo novamente a oportunidade da entrevista! Deixamos um espaço para vocês darem seus recados, então sintam-se a vontade para falar sobre o que quiserem.
G.Norris: Eu quem agradece. Abraço a todos.
Brasman: Dê uma chance para o Multiverso e leia os Senhores de Castelo. Garanto que você vai se surpreender!