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As Tumbas de Atuan

Quando Tenar é escolhida como suma sacerdotisa, tudo lhe é tirado: casa, família e até o nome. Com apenas 6 anos, ela passa a se chamar Arha e se torna guardiã das tenebrosas Tumbas de Atuan, um lugar sagrado para a obscura seita dos Inominados.
Já adolescente, quando está aprendendo os caminhos do labirinto subterrâneo que é seu domínio, ela se depara com Ged, um mago que veio roubar um dos maiores tesouros das Tumbas: o Anel de Erreth-Akbe.
Um homem que traz a luz para aquele local de eternas trevas, ele é um herege que não tem direito a misericórdia.
Porém, sua magia e sua simplicidade começam a abrir os olhos de Arha para uma realidade que ela nunca fora levada a perceber e agora lhe resta decidir que fim terá seu prisioneiro.
Finalista da Newbery Medal, que premia os melhores livros jovens de cada ano, As Tumbas de Atuan dá continuidade ao elogiado Ciclo Terramar com uma singela história que rompeu com os paradigmas de heroína quando foi lançada.
Título: As Tumbas de Atuan
Série: Ciclo Terramar - Livro 2
Autor (a): Ursula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 160

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Os extras trazidos ao fim das edições de Ciclo Terramar produzidos pela Editora Arqueiro são tão importantes para leitura das obras quanto o conteúdo em si. Não por trazerem glossários e informações sobre cenário e afins, mas por trazer a visão da autora sobre a criação daquela obra. No volume anterior, Ursula K. Le Guin nos contra sobre o desafio de trazer o jovem, o heróis falho, para aquela habitual visão de magos sempre experientes e poderosos, e assim nos contou a história de Gavião. Aqui, Ursula nos conta sobre como nunca teve a intensão se escrever uma série, prática hoje muito comum, mas como sentiu necessidade de voltar a Terramar e falar sobre os tais feitos realizados por Ged, citados na última página do volume anterior. Um desses feitos é justamente a visita à As Tumbas de Atuan.
As Tumbas de Atuan narra a história de uma das aventuras do mais poderoso conjurador de todos os tempos, o homem conhecido pela alcunha de Gavião. Mas se engana se acredita que a história é protagonizada por ele. A trama pertence a Arha.
No oeste de Terramar, afastadas do Arquipélago, estão As Terras de Kargard. vive a jovem Arha, a Devorada, Rei-Deus de Awabath, Sumo Sacerdotisa dos Inominados. Todos esses títulos e importância lhes foram dados ao ser designada como reencarnação da grande Sacerdotisa: a partir dali, tudo fora tirado - casa, família, nome, futuro - em nome da devoção e da fé a seita dos Inominados. Seu dever é aprender com as mais velhas e ser a guardiã das Tumbas de Atuan.
Contudo, mesmo crescendo cercada por essa cultura e abdicando de si própria, Arha não consegue disfarçar a sensação de vazio que a preenche. A jovem é curiosa e aproveita os momentos que tem para conhecer um poucos do mundo nas conversas sonhadoras de Penthe, e sobre seu serviço e os mistérios das Tumbas de Atuan com as sacerdotisas Thar e Kossil, e o eunuco Manan. Sua vida estava destinada ao sacerdócio, os sacrifícios aos antigos, as punições aos hereges e a proteção de seu templo, e não havia nada ela pudesse fazer. E assim bem seria se não fosse a chegada de estranho visitante. Um homem de tez negra que profanou o labirinto e os salões cavernosos com sua magia e sua luz em busca dos tesouros dos Inominados.
Luz essa que aos poucos foi trazendo a verdade aos olhos de Tenar, que novamente voltou a ter nome e esperança. Mas quem ajuda quem nessa história, só tempo e a leitura dirão...
É bom voltar ao destaque dado na resenha do volume anterior da série e deixar claro que antes de qualquer crítica é preciso lembrar que este é um livro publicado pela primeira vez em 1970, e por mais que já houvessem outras obras com tendências a maior agilidade e abordagem nos diálogos, a narrativa se apoia exatamente na narração para passar ao leitor tudo aquilo que a trama tem para mostrar. Estar ciente disto antes de arremessar-se ao livro é fundamental para aproveitá-la da melhor forma possível: você não vai encontrar nestas páginas nada de parecido com as narrativas de fantasia modernas, quase sempre ágeis e enviezadamente épicas.
Mantendo o padrão utilizado em O Feiticeiro de Terramar, a autora opta por utilizar-se de uma narração em terceira para contar a história da jovem Tenar/Arha que, apesar de dar velocidade aos acontecimentos, pode acabar desagradando alguns leitores acostumados com o maior uso de diálogos complementado o texto. Como dito anteriormente, por conta dessa escolha a trama é quase toda passada através da narração, mas isso longe está de ser um demérito. Curiosamente foi esse um dos aspectos que mais me agradou durante a leitura da série.
A linguagem do livro é simples, a leitura é ágil, pouco focada em detalhar a tudo e a todos, mas mostra o que precisa ser mostrado. O cenário criado por Ursula é novamente ricamente explorado e dessa vez mais auto-contido em uma única região, visto que o foco da trama estão nas Tumbas de Atuan e em Tenar. E assim sendo, assim como a jornada de Ged/Gavião em o Feiticeiro de Terramar, essa é uma história sobre crescimento e os próprios erros e fraquezas. Só que agora protagonizada por um personagem feminino.
Como já citado, os extras publicados ao fim da história trazem muita informação importante que acabamos não nos dando conta durante a leitura e também sobre a autora e processo de escrita da obra. Pelo cuidado de incluir esse adendo, pelo trabalho gráfico e, claro, por trazer a obra, a editora já merece um parabéns. A arte das edições da Editora Arqueiro chamam logo a atenção, isso é inegável. Contudo a escolha, proposital ou não, da Ursula Dorada - artista que admiro - como ilustradora das capas da xará deram um toque especial.
Avisado sobre as expectativas, creio que todo o Ciclo Terramar tem tudo para agradar jovens e adultos, em especial aqueles que gostam de livros de fantasia e conhecer obras que inspiraram autores que tanto gostamos. Agora, aguardo ansiosamente para ver o que mais Ursula Le Guin e Terramar tem a me mostrar!