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Guardiões da Galáxia - Rocket Racoon & Groot: Caos na Galáxia


Quando os poderosos Vingadores… Bem, eh, não, este livro não é sobre eles. Na verdade, este livro não é sobre ninguém lá muito famoso. Enfim… Um guaxinim falante e uma árvore que anda entram em um bar… Sim, esta história vai começar assim. No momento não vamos falar de honra, de heroísmo ou sobre as mãos desconcertantemente humanas de Rocket Racoon. Vamos falar sobre um livro além do Universo, sobre uma narrativa incomum e, principalmente, sobre quanta flark pode acontecer quando você resolve se juntar a Rocket e Groot e sua vida desmorona, o Império Kree e a Tropa Novaquerem sua cabeça e, acreditem ou não, tudo isso ainda pode ser o menor dos seus problemas. Acreditem em mim, sou um Gravador Rigelliano. Talvez minha existência dependa somente do quão rápido as insanas, irracionais e inumanas armas de Rocket e a calma destruidora de Groot puderem nos manter vivos. Naves espaciais colidirão e a morte gloriosa será iminente… Um dia no mínimo complicado, em minha sutil opinião. Mas, por algum motivo, parece ser totalmente familiar para os Guardiões da Galáxia.
Título: Guardiões da Galáxia - Rocket Racoon & Groot: Caos na Galáxia
Título Original: Guardians of the Galaxy - Rocket Racoon & Groot: Steal the Galaxy
Editora: Novo Sérculo - Série Marvel
Autor: Dan Abnett
Número de páginas: 416


Um guaxinim e um árvore entram num bar... Eu sei, a frase lembra uma típica piada surrealista mas assim começa a nova aventura, como bem faz questão de lembrar o nosso narrador. Aproveitando o destaque dado aos personagens pelo filme e mesclando com o vasto histórico dos personagens nos quadrinhos, a Marvel encomendou para sua série literária uma louca aventura dessa exótica e carismática dupla pelas mãos de Dan Abnett - responsável pelo livro Vingadores: Todos Querem Dominar o Mundo. O resultado? Exatamente o que diz o título da obra: Caos na Galáxia.
Nossa aventura começa em Xarth Três, um distante planeta nos confins do universo, onde Rocket - guaxinim de mãos desconcertantemente humanas -  e Groot - a árvore humanoide de vocabulário pouco articulado do Planeta X - tentam encontrar um comprador para a carga de zixos (uma fruta estranha intergalática) que transportavam. Mas porque flark eles estão lá, você pode se perguntar. Bom estimado leitor, os Guardiões da Galáxia estão em hiato, o grupo está separado e todos precisam de dinheiro para sobreviver. Não é mesmo? Contudo seria pedir demais deixar que a dupla apenas conseguisse a grana e bebesse seus bons drink em paz.
Quando um grupo de Badoons da Irmandade da Guerra que estão na caçando de um específico Gravador Rigelliano - um robô construído para viajar o universo e reunir conhecimento - começam uma confusão no bar, Rocket é forçado a entrar na briga. Afinal, os flarks Badoons explodiram seu copo de timóteo! 
Motivada pela ganancia - afinal algo que custasse tanto esforço deveria valer algum dinheiro - e talvez um pouco de coração mole, a dupla foge do planeta carregando consigo o gravador. Nenhum dos três sabe qual o motivo da perseguição, nem mesmo o Cara-Gravador desmemoriado, uma coisa é certeza: os Badoons estão longe de ser os únicos interessados nesse segredo. E talvez o futuro da galáxia dependa disso...
Frenético do início ao fim, Guardiões da Galáxia - Rocket Racoon & Groot: Caos na Galáxia é uma divertida Space Opera com fortes influências de filmes da ação e ficção científica, e temperada com aventura, humor e - literalmente - tiro, porrada e bomba! Não se deixe enganar pela presença de um guaxinim e uma árvore na história, morte, sangue e batalhas espaciais são elementos da trama. O clima instantaneamente remete ao filme O Quinto Elemento com seu personagem desmemoriado e as perseguições, mas as referências não param por aí, há muita coisa por aqui. Dan Abnett soube usar e abusar da liberdade dada para o quase desconhecido Universo Cósmico da Marvel e também aproveitar aquilo já criado. Talvez esse seja o livro com mais referências obscuras para os não-fãs dos quadrinhos, mas por se tratar de um universo quase novo e expandido como diversos planetas e raças - como Star Wars - esses detalhes acabam não se tornando importantes para a trama. Saber ou não o que é um Badoon ou quem é Adam Warlock e Pip, o troll, antes de ler o livro é irrelevante. Tudo que você precisa saber, e talvez mais um pouco, é contado pelo narrador da história.
Por falar nisso nobre amigo, é justamente por conta dele que utilizei todos esses artifícios de proximidade e informalidade durante o texto. Com exceção dos capítulos narrados de maneira impessoal, pois o personagem não está presente na cena, todos os capítulos são contados pelo ponto de vista do Gravador Rigelliano 127. A narrativa é fluida, e mesmo nos momentos que envolvem termos e questões cientificas o leitor não fica perdido pois é tudo explicado de maneira simples, sem se arrastar em complexidades. O autor não se perde em descrições desnecessárias, embora se utilize do chiste para formar a personalidade do personagem narrador - inicialmente um chato - e ao decorrer da trama mostrar como a convivência com a dupla fora-da-lei o influência também na narrativa. Fica a cargo do Gravador também o papel de conexão com o leitor, pois a história está sendo contada de forma direta para o leitor, então é normal vê-lo "interagindo" e fazendo referências a cultura da terra para facilitar a assimilação de algumas situações alienígenas.
Se Abnett, já havia mostrado que sabe trabalhar os personagens e o universo Marvel da melhor forma possível em Vingadores: Todos Querem Dominar o Mundo, agora então deixa isso ainda mais em evidência. Os protagonista dão show de entrosamento e apesar das diferenças formam uma equipe balanceada e divertida, e a entrada de Gamora - A Mulher Mais Mortal da Galáxia - na história é fundamental para isso. A pluralidade do cenário é ressaltada a todo instante, seja pelos detalhes alienígenas na arquitetura ou pelo linguajar, com seus flarks palavrões e gírias, ou pela presença das centenas de criaturas, governos e organizações. Não é nada fácil para os nossos heróis ser caçados por Cavaleiros do Espaço, os Impérios Kree e Sh'iar, a Tropa Nova, a Irmandade da Guerra Badoon, a corporação Timely Inc, e a Igreja Universal do Reino de Deus da Verdade.
Com ação desenfreada, bastante humor, batalhas espaciais e fugas alucinantes, mas sem deixar de lado as entrelinhas - as críticas e reflexões - que permeiam os livros de ficção científica, Caos na Galáxia é um convite ao entretenimento e a diversão, uma fuga descompromissada de tramas complexas e  relacionamentos complicados. Acompanhar essa galera nessa jornada é certeza de diversão, Eu sou Groot... quer dizer, eu garanto!