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A Ilha dos Dissidentes

Ser levada para uma cidade especial não estava nos planos de Sybil. Tudo o que ela mais queria era sair de Kali, zona paupérrima da guerra entre a União e o Império do Sol, e não precisar entrar para o exército. Mas ela nunca imaginou que pudesse ser um dos anômalos, um grupo especial de pessoas com mutações genéticas que os fazia ter habilidades sobre-humanas inacreditáveis. Como única sobrevivente de um naufrágio, ela agora irá se juntar a uma família adotiva na maior cidade de mutantes do continente e precisará se adaptar a uma nova realidade. E logo aprenderá que ser diferente pode ser ainda mais difícil que viver em um mundo em guerra.                                                                                                                                               
Título: A Ilha dos Dissidentes
Série: Trilogia Anômalos Volume 1
Autor (a): Bárbara Morais
Editora: Gutenberg
Número de páginas: 304


Uma distopia nacional com seus próprios mutantes - esse resumo MUITO MUITO pobre visto por aí foi suficiente para fazer as minhas atenções se voltarem para essa obra. Como fã de cenários bem elaborados e apaixonado por quadrinhos, aproveitei a primeira oportunidade que tive para conferir o que A Ilha dos Dissidentes tinha a me apresentar. E disso não me arrependi...
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O primeiro volume da Trilogia Anômalos - A Ilha dos Dissidentes - conta a história de Sybil Varuna, uma jovem órfã que após sair de sua província na esperança de fugir da guerra, é surpreendida por ser a única sobrevivente do naufrágio do navio Titanic III.  A razão é simples e preocupante: ela é uma anômala. E de onde vem, pessoas como ela só tem um destino: juntar-se ao exército e lutar pela União.
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Após passar por uma série de testes, Sybil é levada para uma cidade chamada Pandora, um lar para anômalos como ela, localizada em uma zona neutra no Pacífico. Diferente do que pensava a jovem é recebida não para integrar o exército, mas para ser adotada em uma nova família para ter um novo lar. Acolhida por sua nova mãe Rubi, seu novo irmão Thomas e o tio Dimitri, e pelos amigos que faz na escola - Leon, Naoki, Brian e Andrei - Sybil passa a ter uma nova visão de mundo e se acostumar com uma vida melhor.
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Até que por conta da escolha de uma matéria escolar específica chamada Técnicas Especiais e se destacar por seu empenho em uma prova especial, Sybil é convocada a sair em uma missão especial em que poderá nunca retornar com vida para Pandora...
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Como disse anteriormente, nessa e em outras ocasiões, sou aficionado por cenários e em como contribuem para o desenvolvimento das tramas, tal quais personagens e coadjuvantes. O fato de toda a narração ser feita em primeira pessoa pela protagonista, posicionando-a em relação aos acontecimentos do mundo e de como eles influenciam sua vida direta e indiretamente, serviu para alimentar a sensação de profundidade daquele universo. Os efeitos da guerra, a divisão mundial, a questão entre humanos e anômalos, as cidades especias e suas nomeclaturas, as diversas críticas sociais, tudo isso corrobora de forma inteligente para o enriquecimento da trama. A verdade é que em uma única leitura acompanhamos duas histórias e não apenas uma: a de Sybil e a do cenário que habita.
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A escrita da autora é simples, dinâmica e fluida, e por se apresentar de forma pessoal (como já foi citado) aproxima o leitor da trama e dos personagens. Esses por sua vez são carismáticos e verdadeiros, são adolescentes em postura, atitudes e diálogos, mesmo quando a situação exige deles um pouco mais de maturidade, embora hajam momentos para isso (algo diferente dos mini-adultos preparados para tudo que vemos em algumas histórias).  Talvez, ao fim da leitura, seja difícil elencar dentre eles o seu favorito e dizer o que espera dele nas partes seguintes.
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O único defeito, se é que dá para chamar assim, é a falta de respostas para as muitas perguntas abertas durante todo o livro. Não há com o que se preocupar, pois essas questões não comprometem o desenvolvimento da trama que se conclui neste primeiro volume. Contudo é inevitável o leitor não querer saber mais sobre aquele universo e os mistérios que o rodeiam. É claro, o final dramático evidência que tudo isso é só o começo de algo maior...
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Para não deixar falar da parte gráfica e detalhes técnicos digo de forma direta que a Editora Gutenberg fez um trabalho muito próximo ao impecável. Não encontrei nenhum problema ortográfico, a arte da capa é muito bonita e condizente como clima da trama, e a diagramação simples favorece o bom caminhar da leitura.
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Posso ter começado a leitura pela pura curiosidade de conhecer uma obra nacional trabalhada com sua versão dos X-Men (Heróis Favoritos para Sempre), mas terminei a leitura querendo desbravar mais desse universo interessante. Bárbara Morais criou uma história complexa e ao mesmo tempo de fácil absorção, com um cenário rico, capaz de entreter e fazer pensar. Quem gosta de uma boa distopia e/ou histórias bem amarradas, irá encontrar aqui uma boa dica!