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Os Livros da Magia






Timothy Hunter é um típico garoto de treze anos de idade que passa suas tardes assistindo à tevê e andando de skate. Mas ele é diferente de praticamente todos os outros adolescentes do planeta e está prestes a descobrir o porquê. Resumindo em uma palavra: magia. Tim não acredita nela, mas a magia certamente acredita nele – pelo menos o suficiente para que alguns praticantes já estejam planejando sua morte. Mas, pra sorte do garoto, ele também tem aliados nos planos sobrenaturais. Quatro dos maiores e mais misteriosos magos juraram protegê-lo e instruí-lo, e cada um deles está preparando uma jornada para demonstrar os perigos e as recompensas da magia. E, acima de tudo, lhe mostrarão o preço.                                                     
Título: Os Livros da Magia
Editora: Panini
Autor (a): Neil Gaiman
Artistas: John Bolton, Scott Hampton, Charles Vess e Paul Johnson
Selo editorial: DC/Vertigo - Páginas: 220


Todo mundo tem aquela obra que adoraria recomendar a todos, isso é fato. Fazer isso com quadrinhos nem sempre é fácil. A distribuição, tempo de publicação e diversos outros fatores dificultam de se conseguir uma série completa por exemplo. Somos forçados a esgueirar em sebos ou recorrer a internet e sabemos bem que muitos tem dificuldade der ler em computadores.
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Mas benditos sejam os encadernados com seu poder de reunir as sagas e a sua acessibilidade. A Panini do Brasil trouxe de volta, agora em Agosto, uma obra que a muito tempo queria recomendar: Os Livros da Magia, do aclamado - e com razão para tal - Neil Gaiman.
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Muitos podem desconhecer o fato de que, no mesmo universo em que habitam o Superman e o Batman, é preenchido por magia e criaturas fantásticas, seres da luz e das trevas e seres além do físico e da criação. É natural, nem mesmo o garoto Tim Hunter sabia disso. Muito menos sabia que a magia havia escolhido à ele. Qualquer um aceitaria o convite para conhecer um mundo de magia e aventura, não é verdade? Quem dera o mundo da magia fosse algo tão lindo quanto dizem os livros. A magia está em todo lugar e cobra seu preço. Mas o garoto não está sozinho.
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Os quatro maiores magos do mundo - Vingador Fantasma, John Constantine, Doutor Oculto e Mister Io - mostrarão a Tim todas as facetas do universo da magia: passado, a convivência na terra, outros mundos e o futuro. Suas personalidades e habilidades diferenciadas ajudam a compor um campo de visão mais amplo sobre os ensinamentos, além de dar a chance de Gaiman variar na narrativa. E a narrativa é o ponto mais forte da história.
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Você pode até achar que por essa história coexistir em um universo tão colorido quando o dos heróis o tom da história seria leve. Porém, não é essa a verdade ou não teria ela sido publicada pelo selo adulto da editora DC: o Vertigo. Por mais jovem que nosso protagonista seja ele já está acostumado a uma realidade dura e suja, e o tom que permeia sua jornada é denso e sombrio. Sóbrio e maduro. E é aí que Neil Gaiman deleita a si, e também a nós, com ideias mirabolantes, conceitos transcendentais e coisas tão distantes de nós que as fazem parecer próximas. Tão reais e criveis quanto eu e você.
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Ainda que personagens conhecidos (e alguns nem tanto) sejam utilizados na história, toda a obra ainda funciona como um ponto introdutório àquela realidade. Assim como Hunter, o espectador faz toda a viagem e é surpreendido a todo momento pois tudo aquilo é novo. Mesmo os momentos em que as coisas parecem confusas pode ter certeza que é intencional, e ao passar da narrativa, irá compreender melhor.
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A arte que compõe as quatro edições contidas no encadernado reforçam o tom mais maduro da narrativa e também a sensação de que o mundo da magia é algo a parte daquela realidade de traços limpos e simétricos. E, embora sejam desenhadas por quatro artistas diferentes, a continuidade flui tão bem que quase não se percebe as mudanças. Essa edição de luxo além de reunir esse arco introdutório em uma linda peça em capa dura trás alguns extras como esboços de roteiro, ilustrações, textos e cartas trocadas entre Gaiman e os ilustradores.
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Apesar de toda a polêmica gerada com acusações de plágio feitas à J.K. Rowling pelos fãs da série publicada pela primeira vez quase dez anos antes de Harry Potter (não sabia dessa? procura por aí e verá!) acredito que não exista nada que vá além da semelhança física e do plot introdutório: criança inglesa introduzida em um mundo de magia com potencial para ser o maior dos bruxos. Em seu todo as duas obras são bem diferentes e, que me desculpem os xiitas, tem seu valor e importância acima de qualquer discussão.
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Gaiman criou uma fascinante história que vai além da descoberta da magia. É uma sobre os perigos e as possibilidades da juventude, sobre decisões e sobre estar atento ao nosso redor. A lição que fica para nós é justamente a que cabe ao nosso protagonista: você pode ter uma vida normal e morrer de coisas naturais ou acreditar na magia com tudo de bom e de ruim que com ela vem. E você? Qual a sua escolha?