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Review | Alice no País dos Pesadelos

Se a obra original de Lewis Carroll é um clássico psicodélico e nonsense, o livro-jogo Alice no País dos Pesadelos, de Jonathan Green e Jambo Editora, abraça a loucura e as sombras dos pesadelos para ampliar o que há de mais bizarro no País das Maravilha em uma aventura repleta de perigos para a saúde e a sanidade de nossa protagonista.
Anos após sua última aventura no País das Maravilhas, Alice é mais uma vez chamada ao mundo mágico de animais falantes e cartas de baralho vivas, mas algo está... diferente. Mais estranho e soturno. Enfrentando seres grotescos e obstáculos incompreensíveis, Alice terá que dar um fim na Rainha de Copas para acabar com sua tirania. Mas neste mundo de sonhos nem tudo é o que parece e logo Alice terá de lutar para salvar a si mesma do pesadelo.
Ambientado no mundo clássico de Lewis Carrol, Alice no País dos Pesadelos é um livro diferente: aqui, VOCÊ é a protagonista. Veja bem, por se tratar de um livro-jogo como os clássicos da série Aventuras Fantásticas, esse não é um livro comum em que você lê do início ao fim. Como um livro interativo, são as suas escolhas - através dadas durante a narrativa - que ajudarão Alice a ser bem-sucedida em sua aventura. 
Mas não há garantias de vitória! Afinal, ainda há a parte jogo nessa história.
O livro oferece três formas de jogar: utilizando dois dados de seis lados OU um baralho de 52 cartas - para os combates e demais usos do fator sorte - OU simplesmente ignorando as regras, presumindo sempre passar em todos os testes e vencer cada luta. Mas note que mesmo jogando desta forma você ainda poderá falhar! Há desafios de lógica e opções que te encaminham para um fim súbito. Cada anotação é fundamental para trilhar o melhor caminho. A curiosidade pode ser a sua salvação ou o seu fim. Tudo isso faz desta uma obra mais interativa e imersiva, e com um simples vacilo um LABIRINTO DESGRAÇADO(!!!) pode te fazer sentir um pouco da loucura que a trama busca te entregar a cada página (eita, ódio). 
Aqueles que conhecem a fundo a obra original, notarão que Green entrega uma série de referências e citações que demonstram bastante amor pela criação de Carrol por trás de cada distorção, piração e aflição. Contudo, aqueles que nada conhecem, ainda encontrarão uma narrativa completa e independente guiando a trama da aventura, entregando tudo que o jogador precisa saber.
Não se deixe enganar pelo traço fofo da capa ilustrada por Eudetenis! Por sua temática e algumas descrições de cena, Alice no País dos Pesadelos não é um livro-jogo para ser aproveitado pelos leitores mais jovens. Porém pode ser bem absorvidos por leitores a partir dos 11-12 anos em busca de aventuras.
E por falar sobre arte, o livro possui diversas ilustrações internas em diferentes estilos - uma mais bacana que a outra - que ajudam, para o bem e para mal, o leitor na visualização e imersão nos horrores e na psicodelia da obra.
Para quem estava procurando uma aventura diferente para incluir em suas leituras, chegou a hora de tomar o controle da narrativa e se desafiar em meio a pesadelos e insanidades. Alice no País dos Pesadelos é uma excelente pedida, em especial agora com aproximação do Halloween. 
Título: Alice no País dos Pesadelos
Autor: Jonathan Green | Tradutor: Vinícius Mendes
Editora: Jambô Editora | Páginas: 288
Ano: 2020 | Gênero: Livro-Jogo