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Feridas: Kizu









Na escola de Keigo, todas as crianças com problemas são agrupados em uma classe – os desordeiros, as crianças abusadas. Há um garoto quieto em sua classe chamado Asato que nunca fala com ninguém, e, como Keigo, não quer ir para casa depois da escola. Um dia depois da aula Keigo se corta e os dois descobrem que Asato tem a capacidade de absorver as feridas dos outros. Que feridas Asato vai curar e que as cicatrizes que ele ele carrega consigo…?                                                                                                                                                                                                                              
Título: Feridas: Kizu
Autor: Hiro Kiyohara (baseada em um conto de Otsuichi)
Editora: JBC
Volume Único
Lançamento: Março 2015
Número de Páginas: 200


Esta não é a primeira obra desta dupla de autores - Kiyohara e Otsuichi - que leio. A primeira foi o mangá Só Você Pode Ouvir e por ter gostado dele procurava aqui algo semelhante, com a mesma carga de drama, fenômenos sobrenaturais e sentimentalismo. Mas fui surpreendido e para o melhor! 
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Feridas: Kizu conta a história de Keigo e Asato, dois pré-adolescentes com históricos de vida semelhantes e que carregam nas costas o pesado fardo de uma infância marcada por tragédias, mágoas e sofrimento. Ambos foram adotados por parentes, estudam numa turma para alunos problemáticos, tem dificuldades de convivência e não conseguem confiar mais nos adultos e no mundo que os cerca. Não surpreende que, em meio a tudo isto, eles se tornem amigos. É impossível se sentir indiferente à trama logo no primeiro dos quatro capítulos, mas o que torna a história realmente interessante é a descoberta do estranho dom de Asato: ele é capaz de absorver para o próprio corpo as feridas tanto físicas quanto emocionais de outras pessoas.
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Então, juntos eles passam a se utilizar deste dom, nem sempre de forma madura ou altruísta, o que é totalmente compreensível pelo histórico e pela pouca idade de ambos, e vão descobrindo que algumas feridas não podem ser fechadas, pelo menos não sem que se sofra ainda mais com efeitos colaterais imprevisíveis. É neste contexto sobrenatural, trágico e misterioso que a trama e a relação de amizade e cumplicidade entre eles se desenvolve.

É interessante notar como os autores trabalham as personalidades individuais durante a trama, evidenciando um contraste na forma como cada um dos personagens lida com o mundo e como direcionam suas próprias frustrações. Keigo se mostra mais impulsivo e independente enquanto Asato é mais retraído e um tanto depressivo.
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A arte de Hiro é linda e seu traço se adapta muito bem conforme o tom exigido pelas cenas, o que ajuda a compor uma atmosfera ora mais leve e descontraída ora mais pesada e carregada com grande ênfase para a expressividade dos personagens. 
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Feridas: Kizu é um mangá rápido, cuja leitura não levará mais do que alguns minutos, mas com uma certa profundidade emocional que invariavelmente vai te levar à reflexão. Por mais triste que possa parecer, ele carrega uma mensagem bem positiva de amizade e superação e merece ser lido. Todos nós experimentamos dramas e carregamos as nossas próprias feridas, mas tal como os protagonistas podemos aprender a lidar com elas. Preparem o lenço e leiam.