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As Empoderadas






Daniela, Li e Fabi são mulheres diferentes que moram na mesma cidade até se envolverem em um estranho acidente em plena avenida Paulista, uma tempestade solar dá poderes fantásticos para várias pessoas. Como lidar com seus novos poderes e o conhecimento que alguns dos novos poderosos estão desaparecendo?




Título: As Empoderadas
Volume: 1
Roteiro e Arte: Germana Viana
Editora: Cândido
Selo: Pagu Comics
Número de Páginas: 25

Não basta apenas recomendarmos um serviço e não mostrarmos as vantagens dele. Além do óbvio motivo da economia e do fácil acesso a um grande acervo - fala se ter isso por R$ 20 não é algo excelente(?) - conhecer novos artistas e materiais, e poder aproveitar conteúdo exclusivo é algo que faz valer a assinatura do Social Comics. Ainda mais se esses produtos além de bem produzidos carregam consigo um significado especial como é o caso de As Empoderadas.
Antes de adentramos nos detalhes do conteúdo de As Empoderadas acho por bem contextualizar tudo que envolve a HQ e porque citei o significado especial. As Empoderadas marca a estreia do selo exclusivo Pagu Comics, que consiste em uma coleção de histórias em quadrinhos nacionais produzidas por mulheres. A iniciativa tem como objetivo fomentar a produção delas no mercado. O nome do selo é uma homenagem à escritora, poeta, desenhista, tradutora, diretora de teatro, jornalista, crítica de arte e militante política Patrícia Rehder Galvão, cujo apelido era justamente Pagu. As Empoderadas é apenas o primeiro projeto dessa nova linha de publicações, que todos os meses trará novidades aos assinantes do Social Comics com histórias inéditas e exclusivas. 
Com tudo devidamente apresentado, podemos partir para a trama. Neste primeiro volume da história descobrimos que um estranho fenômeno solar atingiu o planeta terra. Além de desmaiar uma grande quantidade de pessoas o evento acabou por unir três diferentes mulheres da cidade de São Paulo – Li, Daniela e Fabi – e fazê-las desenvolver superpoderes. Logo elas descobrem que não são as únicas: outras pessoas também adquiriram estranhas habilidades e algumas começaram a ser perseguidas e desaparecer misteriosamente. Agora nosso trio precisa descobrir como lidar com as mudanças e também o que realmente está acontecendo.


Quem chegou até aqui e ainda espera que essa seja apenas mais uma história sobre super-seres está muitíssimo enganado(a). As Empoderadas é uma história protagonizadas primeiramente por mulheres que porventura adquiriram superpoderes e, por mais que elas pensem em utilizá-los como heroínas (ou algo muito próximo a isso), ainda são pessoas normais. Não temos aqui personagens de musculatura "perfeita" e hipersexualizadas, mas pessoas do tipo que você encontra nas ruas, ou olhando no espelho. Temos uma mulher negra, mãe de família, sem vergonha do seu corpo, muito feliz. Uma jovem, asiática, estudante, lidando com a pressão familiar e descobrindo/enfrentando uma fase de autoafirmação. Uma outra, caucasiana, alto-astral, bem humorada e livre. Seria possível se esbarrar com qualquer uma delas ao virar a esquina, não?
Talvez haja é claro quem tente "argumentar" algo sobre a HQ ser militância ou panfletagem gratuita, mas quem assim fizer só estará provando-se um ignorante e desatento. A reflexão que a história causa em você é natural, vem do cotidiano, observe ao seu redor e verá. O roteiro de Germana Viana é leve e extramente divertido, e a trama não se foca apenas no que foi citado. É uma história de super-heroínas, oras! É claro que temos ação, aventura e mistério, mas com espaço para muito mais se desenvolver.
A estética e do traço da autora reforçam o clima natural da trama e destacam os traços e diferenças das protagonistas. O design adotado para elas reflete a variedade dos povos e acrescenta representatividade. Pessoas são diferentes, tem biotipos diferentes, não é porque ganharam poderes que se tornam Atletas Fit. E nem precisam! O que não quer dizer que nossas heroínas não se preparem ou não saibam o valor do treinamento para agir da melhor maneira possível.
As Emponderas me divertiu muito, entrou na minha lista de leitura e com certeza irei acompanhar a cada novo volume. Quem insistir em confundir a ideia de um quadrinho sobre mulheres produzido por mulheres com uma tentativa oportunista de angariar leitores pelo tom feminista muito provavelmente vai perder uma série com bastante potencial, e que tem tudo para agradar aos fãs e aos não tão fãs de quadrinhos de heróis, independente do gênero.