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Um Planeta em Seu Giro Veloz


Um unicórnio, um menino e o vento, juntos em uma só velocidade!
Quando Charles Wallace Murry, agora com quinze anos, grita em desespero a invocação de uma antiga runa para afastar a escuridão, uma criatura radiante aparece. É Gaudior, unicórnio e viajante do tempo. Charles Wallace e Gaudior devem viajar até o passado através dos ventos do tempo e tentar encontrar um Pode-Ter-Sido, um momento do passado em que todos os eventos que se seguiram até o presente podem ser mudados, e o futuro da Terra – esse pequeno planeta em seu giro veloz – pode ser salvo.

Título: Um Planeta em Seu Giro Veloz - Uma Dobra No Tempo #3
Título original: A Swiftly Tilting Planet - Time Quintet #3
Autora: Madeleine L’Engle
Ano: 2018
Editora: Harper Collins
Páginas: 272


Após trabalhar com conceitos de ruptura espacial para longas distâncias e relativizar sobre as dimensões e grandezas do universo, Madeleine L’Engle nos transporta através dos não mais dos Ondes, mas dos Quandos, ao romper abarreira do tempo na nova aventura dos Murry. 
Cerca de 10 anos depois dos eventos de um Um Vento à Porta, voltamos encontrar aqueles personagens que conhecemos, porém obviamente algumas coisas mudaram nesse tempo. Meg Murry já não é mais uma garotinha, a adolescência já a deixou a algum tempo e as dúvidas dessa fase também. Agora é uma mulher segura de si, casada com Calvin O'Keefe e está nas últimas semanas de gestação de sua primeira gravidez. Assim como seus irmãos Sandy e Dennys, agora na faculdade, Meg está de volta ao lar para o jantar de Ação de Graças com a família; como seu marido está em Londres para apresentar um seminário, sua sogra irá ao jantar também.
É durante a reunião que o Sr. Murry recebe um telefonema do presidente dos Estados Unidos avisando-o sobre um possível ataque nuclear e o que era pra ser uma noite tranquila se torna uma noite de apreensão. Haverá um mundo amanhã para a criança de Meg nascer?
No que depender do jovem Charles Wallace Murry, agora com 15 anos, seu sobrinho ou sobrinha irá nascer com saúde em mundo sem problemas. Após receber da Sra. O'Keefe a runa de São Patrício capaz de afastar a escuridão, o garoto encontra o unicórdio Guadior e juntos devem viajar no tempo para mudar os rumos da história ao encontrar o Pode-Ter-Sido.
Como de praxe, uma louca viagem quase sem explicação tem início. Para impedir esse grande mal, será preciso superar suas limitações, reforçar suas conexões e aprender que uma mínima ação é capaz de mudar todo o futuro.
Com um ar renovado e um pouco menos confuso, Um Planeta em Seu Giro Veloz, apresenta uma trama mais madura que seus antecessores, trazendo um clima tenso e sombrio, mas sem abandonar a fantasia e espiritualidade comuns a série.
Por sinal, apesar de trabalhar com a temática de viagens no tempo, Madeleine L’Engle abraça muito mais o seu lado fantástico para conduzir sua narrativa do que o científico, mesmo o principal conflito da obra sendo a possibilidade de um extermínio fruto de um ataque nuclear. Como um padrão, a linguagem do texto se mantém simples e clara, e mais uma vez entrega uma narrativa ágil e envolvente. Porém, apesar de todo avanço técnico da autora, ainda se faz necessário o máximo de atenção aos detalhes para não se perder entre as explicações mirabolantes e também na falta delas. Nem tudo é, e nem tem a intenção de ser explicado. 
A obra se mostra mais madura também no trabalho com ambientação e personagens, acrescentando um pouco mais de detalhes, mesmo que rapidamente, sobre os coadjuvantes. Mesmo distantes, a ligação entre Meg e Charles Wallace é muito bem explorada através de recursos fundamentais para o desenvolvimento da trama, fazendo-os se ora personagens ativos ora passivos acompanhando os diversos passados e seus personagens. A escolha por vezes torna o protagonismo dos Murry um pouco diluído, mais valoriza a trama em sua variedade de pontos de vista e mistérios.
A influência do momento histórico em que vivia a autora, visto de forma mais sutil e indireta nos volumes anteriores, aqui é referenciado de forma mais direta com a situação que gera o conflito principal. É fácil traçar paralelos com o clima de tensão da guerra fria e a crise dos misseis de Cuba, e entender um pouco melhor a importância das mensagens de esperança presentes na obra mesmo frente a tempos nebulosos. 
Para não perder o cortume, vale ressaltar que a edição da Harper Collins Brasil mantém seu padrão de qualidade e beleza, desde a capas e aos mínimos detalhes do acabamento, arte interna das divisões de capítulos e diagramação. A beleza salta aos olhos e praticamente vendem a obra ao primeiro contato.
Um Planeta em Seu Giro Veloz é um salto em relação a seus antecessores, consegue adicionar um pouco mais de peso a aventura mágica dos Murry, sem esquecer do cerne carregado de mensagens relevantes e conceitos extraordinários. Ao fim, é bem provável que assim como eu, o leitor se veja curioso com os novos rumos que as aventuras tomam, e se sinta empolgado a conhecer os outros volumes dessa série.