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O Feiticeiro de Terramar

Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda. Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários. Publicado originalmente em 1968, O feiticeiro de Terramar se tornou um clássico da literatura de fantasia. Ged é um predecessor em magia e rebeldia de Harry Potter. E Ursula K. Le Guin é uma referência para escritores do gênero como Patrick Rothfuss, Joe Abercrombie e Neil Gaiman.

Título: O Feiticeiro de Terramar
Série: Ciclo Terramar
Autor (a): Ursula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 176

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Quando aceitou a encomenda de escrever um romance de fantasia para o público jovem, a já experiente Ursula K. Le Guin sabia ter em mãos um desafio. Os detalhes dessa história estão contidas nas páginas finais dessa edição, publicada pela Editora Arqueiro, mas talvez o detalhe mais importante para nossa resenha seja o seguinte: ao olhar o cenário da literatura de fantasia a autora notou que todos os magos das histórias, como Merlin e Gandalf, eram homens experientes e poderosos, mas certamente quando jovens esses mesmo magos já devem ter cometidos erros e agido de acordo a sua falta de maturidade. Era hora de mostrar a juventude e falhas de um mago. E essa atitude inspirou a literatura dali para frente de uma forma que ela não esperava.
O Feiticeiro de Terramar narra a história do mais poderoso conjurador de todos os tempos, o homem conhecido pela alcunha de Gavião... Melhor dizendo: o livro conta a história do jovem que um dia será reconhecido por tal título.
Na ilha de Gont conhecemos Duny, um jovem órfão de mãe, filho do ferreiro e que logo cedo descobre seu potencial para a magia e passa a treinar pequenos truques com a tia materna, a bruxa da aldeia. O garoto de pele cor de cobre logo descobre as vantagens da magia e passa a utiliza-la para sua tarefa como pastor de cabras e controlar gaviões para mostrar superioridade sobre as outras crianças (e daí vem seu apelido Gavião). Quando um ataque contra a sua vila acontece e o jovem corajosamente utiliza seus truques para barrar os invasores, seus feitos chegam aos ouvidos de Ogion o Silencioso, o mago que reconhece seu potencial e o toma por discípulo.
Contudo o jovem agora nomeado como Ged, deslumbrado com a possibilidade de ampliar seu poder, deixa a proteção de Ogion para partir até a Ilha de Roke onde há uma escola de magia. Lá Gavião irá encontrar amigos e grandiosos professores, mas motivado por seu orgulho e arrogância irá liberar um ser oriundo da não-vida, que não irá sossegar enquanto não acabar com ele.
Para poder viver em paz e acabar com ameaça da Sombra, Ged precisa partir em uma jornada de aprendizado através das ilhas de Terramar e além, onde encontrará dragões, novos amigos e inimigos, sendo o maior de todos ele mesmo...
Antes de qualquer crítica é preciso lembrar que este é um livro publicado pela primeira vez em 1968, e por mais que já houvessem outras obras com tendências a maior agilidade e abordagem nos diálogos, a narrativa se apoia exatamente na narração para passar ao leitor a história. É bom saber isso ANTES de ir sedento ao livro esperando algo de parecido com as narrativas de fantasia modernas. Mas estando consciente disso certamente poderá aproveitar a leitura como se deve.
Dito isso, talvez possamos começar falando sobre a voz narrativa escolhida por Ursula para desenvolver a trama. A autora opta por utilizar-se de uma narração em terceira para contar a história do jovem Gavião que, apesar de dar velocidade aos acontecimentos, pode acabar desagradando alguns leitores acostumados com o maior uso de diálogos complementado o texto. Como dito anteriormente, por conta dessa escolha a trama é quase toda passada através da narração, mas isso longe está de ser um demérito. Curiosamente foi esse um dos aspectos que mais me agradou durante a leitura, onde a cada momento me imaginava fazendo-a em voz alta como se para um grupo envolta da fogueira ou para uma criança antes de dormir (e me pareceu essa a intenção).
A linguagem do livro é simples, a leitura é ágil, pouco focada em detalhar a tudo e a todos, mas mostrar o que precisa ser mostrado. O cenário criado por Ursula é imenso e é fácil de se perder entre as ilhas de Terramar, mas grande também são os conceitos apresentados e a jornada de Gavião. Porém não a confunda com mais uma batalha entre o bem e o mal: essa é uma história sobre crescimento e os próprios erros e fraquezas.
Como já citado, os extras publicados ao fim da história trazem muita informação importante que acabamos não nos dando conta durante a leitura e também sobre a autora e processo de escrita da obra. Pelo cuidado de incluir esse adendo, pelo trabalho gráfico e, claro, por trazer a obra, a editora já merece um parabéns.
Avisado sobre as expectativas, creio que O Feiticeiro de Terramar tem tudo para agradar jovens e adulto, em especial aqueles que gostam de livros de fantasia e conhecer obras que inspiraram autores que tanto gostamos. Meu primeiro contado com a escrita de Ursula Le Guin certamente não será o último!