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Multiverso X.:10 | Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes #Literatura


Longos dias e belas noites, exploradoras e exploradores de universos, sejam bem-vindos a bordo da Interlúdio para o nosso programa de Halloween! Nesse episódio o Capitão Ace Barros reuniu os tripulantes Airechu e Julio Barcellos para aproveitar a data e gravar um cast especial sobre um livro nacional com demônios, bruxas e fantasmas: Kalciferum, do autor e podcaster, Andrei Fernades.
Ouça e conheça um pouco mais sobre a obra e sua produção, saiba como começa a história de Rafael e quem é Cal; acompanhe um debate sobre cenário e personagens, quais os pontos fortes e fracos elencados por cada tripulante, entendas as comparações e descubra o que diabos é Efeito Rowling!
Acompanhe-nos, estimado explorador de universos!

DURAÇÃO: 1h 43min 51seg

COMENTADO DURANTE O PROGRAMA:

Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes - SITE OFICIAL - SKOOB - REVIEW NO MULTIVERSO X

Onde Comprar Kalciferum - PENUMBRA LIVROS - AMAZON
O Financiamento Coletivo - A CAMPANHA DE KALCIFERUM
Mundo Freak - SITE - PODCAST: MUNDO FREAK CONFIDENCIAL
Textos -  OBRAS QUE INSPIRAM O AUTOR - PLAYLIST PARA A LEITURA - O UNIVERSO KALCIFERUM - OS BASTIDORES DO LANÇAMENTO OFICIALPodcasts sobre Kalciferum e Entrevistas com o autor - RADIOFOBIA 195 - MUNDO FREAK CONFIDENCIAL 118 - PAPO LENDÁRIO 148 - JPC CAST 37

OUTRAS OBRAS CITADAS DURANTE O PODCAST:

O Demonologista - RESENHA
Os Livros da Magia - 
RESENHA 
Os Filhos de Anansi - RESENHA
Deuses Americanos:
 - RESENHA
Lugar Nenhum - RESENHA
Universo do Eduardo Spohr: SPOHR  NO MULTIVERSO X
Universo Neil Gaiman - GAIMAN NO MULTIVERSO X
Sobre a Jornada do Herói 
 - RESENHA 
Tenchi Muyo - ABERTURA 
Ao no Exorcist / Blue Exorcist - ABERTURA - NETFLIX
Harry Potter e J. K. Rowling - POTTERMORE
 

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Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes - Livro 1


Muitas coisas escapam aos nossos olhos. Algumas delas se aproveitam disso, se esgueirando em vielas escuras, se misturando na multidão, sobrevivendo enquanto continuam ocultadas pelo véu da ignorância. Mas o que aconteceria se este véu fosse repentinamente retirado e por algum motivo inimaginável você pudesse ver realmente aquilo que espreita na escuridão?
Rafael era só mais um, perdido em suas convicções mundanas sobre tudo, até descobrir que seu colega de trabalho era na verdade um demônio fugitivo e que a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma.
Kalciferum é o romance de estreia de Andrei Fernandes, que já teve contos publicados em coletâneas de autores nacionais. Além de escrever, Andrei também é o host do podcast Mundo Freak. Primeiro volume de uma série de fantasia urbana, Kalciferum é o primeiro título de ficção lançado pela Penumbra Livros.
Título: Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes - Livro 1
Autor: Andrei Fernandes
Editora: Penumbra
Ano: 2016 / Número de Páginas: 384

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Quem acompanha o blog e as nossas redes sociais provavelmente já conhece Kalciferum, um livro de fantasia urbana viabilizado por meio de uma extraordinária campanha de financiamento coletivo no Catarse há cerca de um ano e que por diversos fatores era muito aguardado tanto pelo Ace quanto por mim. Enfim o livro ficou pronto, teve seu lançamento oficial durante a São Paulo Magicka em Setembro deste ano, e começou a ser entregue aos apoiadores do projeto juntamente com as recompensas adicionais.
Kalciferum, primeiro livro de Andrei Fernandes, é ambientado numa típica metrópole cinza e vai contar a história de Rafael, um jovem que como tantos outros encontra-se atualmente desempregado. Vivendo sozinho no apartamento herdado da mãe que morrera há pouco tempo, Rafael conta apenas com o dinheiro do seguro-desemprego para manter a si e o seu genioso gato de estimação, Bóris. As coisas começam a mudar quando ele conhece Ariane, uma jovem que acaba de se mudar para o apartamento ao lado e numa conversa rápida desperta a curiosidade do nosso protagonista ao ler para ele as cartas do tarô. Mas a vida segue sem grandes contratempos, Rafael continua à procura de um emprego, enviando currículos e marcando entrevistas, obviamente fracassando várias vezes. Contudo, num verdadeiro golpe de sorte do destino, Rafael acaba chamando a atenção de GG, o proprietário da Eletronik, uma grande rede de lojas de departamentos e é contratado. Tudo parece estar se encaminhando, mas logo nos primeiros dias de trabalho, Rafael e Cal, um estagiário bastante folgado do almoxarifado discutem e são obrigados a trabalhar juntos por determinação do próprio GG.
O que Rafael logo descobre é que Cal é um demônio fugitivo do inferno, que se aproveita da burocracia para se esconder. Por uma razão inexplicada, ele agora precisa que Rafael concorde em assinar um contrato com ele para continuar vivendo na Terra, sob o risco de ser descoberto e ter de voltar ao inferno. Rafael reluta, mas tendo sua vida em risco devido ao ataque de um demônio no metrô, acaba assinando o contrato e passa a ser o contratante daquele demônio, que o protegerá e o servirá conforme suas determinações. A partir daí a história se desenrola e vemos Rafael tentando lidar com todo um novo mundo que se descortina diante de seus olhos. Tudo que antes era mito ou lenda passa a ser possível e real e isto evidentemente o colocará em inúmeros perigos. Mas talvez o maior desafio para ambos vá ser aprender a conviver e trabalhar juntos, já que detestam-se mutuamente e não vão querer dar o braço a torcer para o outro. O conflito logo se transforma em curiosidade e Rafael logo se vê imerso em realidades paralelas, descobrindo sociedades secretas, artefatos mágicos, testemunhando pactos e rituais, convivendo com fantasmas, bruxas e claro, demônios.
O livro possui um ótimo acabamento gráfico, em capa-dura com aplicação de cores metalizadas. Internamente ele traz ilustrações dos personagens e cenas marcantes em forma de cartas de tarô, fazendo referência ao baralho que Ariane lê para Rafael lá no início.
Uma das características que mais me agradaram foi o caráter mais descompromissado da trama. Embora trate de temas e assuntos complexos, o livro prefere focar-se mais nas jornadas de seus personagens principais, nada óbvias devo salientar, sem apelar para grandes maquinações políticas envolvendo conspiradores dos altos círculos infernais para fazer a história se desenvolver. Obviamente elas acontecem e estão lá, mas ficam relegadas ao terceiro plano e sinceramente foi um alívio ver que não havia aqui nada parecido com um O Demonologista para exemplificar.
Minha única queixa fica para a sub trama ambientada no bairro oriental, cujo clima me pareceu destoar ligeiramente do restante do livro, ainda que o arco sirva para mostrar as relações entre criaturas sobrenaturais de culturas diferentes dentro deste universo e também como uma espécie de provação para Rafael. Em dado momento, algumas daquelas cenas ficaram tão intrincadas e confusas que precisei reler para entender quem era quem novamente e captar todo o contexto dos personagens e da situação em que se encontravam no desfecho do arco.
Andrei já mencionou que Neil Gaiman é uma de suas grandes influências e que manteve Os Filhos de Anansi em mente enquanto escrevia, e ficou impossível para mim não fazer várias associações entre ambos os livros, seja pela miríade de mitologias abarcadas, pela forma como os personagens adentram um mundo fantástico muito maior do que tudo que já conheciam, pela caracterização do protagonista e dos coadjuvantes e as relações entre eles ou até mesmo pelo bom humor predominante na maior parte do texto.
Como um ouvinte já de longa data do podcast Mundo Freak Confidencial, não pude deixar de notar algumas semelhanças entre ideias e conceitos que já ouvia por lá e alguns dos que aparecem também no livro. Ambos compartilham a mesma temática de mistérios do ocultismo, das teorias da conspiração e o envolvimento com o insólito e o sobrenatural. Tantas similaridades fizeram com que eu até lesse com a voz do autor/host algumas das passagens mais didáticas do livro, que certamente também será muito apreciado pelos fãs do programa.
Kalciferum possui uma linguagem ágil, uma trama bem construída, com boas surpresas ao longo do seu desenvolvimento e consegue entreter, divertir e fazer com que você anseie por mais daquele universo e seus personagens. É um ótimo primeiro livro e abre espaço para ser aprofundado em continuações muito bem vindas e desde já aguardadas. Vejo muito potencial para Rafael, Cal e todos aqueles personagens secundários igualmente cativantes em aventuras futuras e spin-offs. Demônios, bruxas e vagantes são bem mais reais do se imagina, mas a pergunta que fica no ar é o que mais se esconde nas sombras e não vemos ou escolhemos ignorar?

Ilustraverso: Simone Beatriz

Todo mundo ama uma boa capa, um mapa bem feito e ilustrações apaixonantes, sejam elas em livros, grafic novels, guias ilustrados, para usar de papel de parede ou pelo simples prazer de admirar. Porém nem todo mundo costuma dar a valor a pessoa por trás da arte, mas por sorte aqui é diferente. Quem sabe você não descobre aqui a pessoa que vai ser responsável por aquele presente diferenciado ou para concluir/iniciar aquele projeto que está engavetado: uma HQ ou a capa e ilustrações de um bom livro.
Na sessão Ilustraverso o artista e sua arte tem vez e reconhecimento. A artista da vez é uma ilustradora com forte inclinação ao shoujo, responsável por artes delicadas e belíssimas. Conheçam a arte de Simone Beatriz!
Simone trabalha e reside em São Paulo. Desenhou a série Oiran para a Editora Hant. Ganhou, durante anos consecutivos, premiações nos eventos do MangaCón em São Paulo e já publicou o mangá Bass (de sua autoria) também numa revista experimental sobre o tema. Em 2004, desenhou as ilustrações para o VII Festival do Japão. Desenhou Zucker para a revista Neo Tokyo e sua compilação para a Editora NewPOP. Também para a NewPOP desenhou Helena, adaptação da obra de Machado de Assis. Atualmente, desenha Os 50 Avistamentos do Grande Fofinho e é presença constante nas artes do RPG Brigada Ligeira Estelar.
Você pode conferir uma amostra da arte aí embaixo e as galerias no Site da Artista, no ArtStation ou no DeviantArt. Aos interessados em um contato profissional e em obter mais informações, o contato pode ser feito através do email: simone.beatriz@studio.seasons.nom.br ou pelo formulário na aba de contato de seu site.





Batman: A Piada Mortal


Um dia ruim. É apenas isso que separa um homem são da loucura. Pelo menos segundo o Coringa, um dos maiores e mais conhecidos - se não o maior e mais conhecido - vilão do mundo dos quadrinhos. E ele quer provar o seu ponto de vista enlouquecendo ninguém menos que o principal aliado de seu maior inimigo: o Comissário Gordon. Cabe ao Cavaleiro das Trevas impedir.
O genial roteirista Alan Moore (Watchmen, V de Vingança) e o artista Brian Bolland (Camelot 3000) mergulharam na mente do Palhaço Psicótico e presentearam os fãs da nona arte com uma das melhores histórias já escritas sobre a origem do Coringa, analisando de forma definitiva sua relação com o Cavaleiro das Trevas e Gotham.
Brian Bolland é o astro da edição. Além de escrever o posfácio e nos presentear com uma aventura de oito páginas e esboços, o artista britânico fez questão de recolorir toda a história - que antes tinha cores de John Higgins - trazendo uma nova dimensão à obra e recriando completamente a atmosfera da HQ. Esta edição de luxo traz a íntegra de Batman: A Piada Mortal e ainda republica, como extra, a primeira história do Coringa.
Título: Batman: A Piada Mortal
Autores: Alan Moore e Brian Bolland
Editora: Panini / DC Comics
Ano: 2011 / Número de Páginas: 86


A Piada Mortal é mais uma daquelas histórias em quadrinhos tidas como clássicas e que por isto mesmo chegam cedo aos ouvidos de qualquer leitor minimamente interessado nesta mídia. Sucesso desde o seu lançamento original em 1988, a HQ roteirizada por Alan Moore e ilustrada por Brian Bolland, é peça histórica importante na construção da mitologia que cerca a figura do homem-morcego e o seu grande arquiinimigo, o Coringa.
Na história temos um Coringa ligeiramente mais sádico que o habitual, levando o Batman aos limites da sua paciência e até às últimas consequências para detê-lo. A história se inicia com uma visita de Batman ao Asilo Arkham para tentar dar um basta às sucessivas escaramuças que ele e o palhaço vêm tendo desde sempre. Lá Batman descobre que ele fugiu novamente, deixando um sósia preso em seu seu lugar. Batman então, mais uma vez, parte no encalço do vilão para recapturá-lo. Paralelamente acompanhamos o desenrolar de mais um plano do criminoso que está decidido a provar ao homem morcego que qualquer um pode se tornar um louco, bastando que para isto tenha um dia ruim o suficiente. Decidido a dar ao Batman este dia ruim e munido de sua lógica deturpada pela loucura (ou será que não?), o Coringa escolhe como vítima o comissário Gordon, invadindo a sua casa, ferindo gravemente a sua filha Bárbara com um tiro na coluna e capturando-o para servir de isca em seu parque de diversões macabro…
Mas o que teria tornado o Coringa tão perverso e dado a ele motivações tão vis? A história também traz cenas em flashback que buscam explicar isso. No passado o Coringa foi um comediante fracassado que incapaz de sustentar a si e a esposa grávida, aceitou participar de um assalto a uma indústria química na qual já havia trabalhado antes, mas tudo dá errado e testemunhamos assim a origem do louco e a influência direta que o próprio Batman teve nisto.
A parceria Alan Moore e Brian Bolland produziu uma das mais aclamadas histórias do homem morcego e plantou as bases para muitos dos conceitos que seriam usados tanto em histórias futuras quanto nas adaptações para outras mídias, dos filmes aos games. As tão características páginas de nove quadros de Moore são ricas em diálogos elaborados com fortes questionamentos filosóficos, enquanto trazem a tona a moral cinza dos personagens, a questão da injustiça social e sobretudo o complexo e mortal relacionamento mantido entre Batman e Coringa. Para o relançamento em encadernado, Brian Bolland recoloriu toda a HQ com uma nova paleta de cores mais sóbrias e soturnas casando perfeitamente com o clima aflitivo exigido para a história, algo que não acontecia na primeira versão cuja colorização ficou a cargo de John Higgins.
O encadernado da Panini é curto, mas bem completo, trazendo além da íntegra de A Piada Mortal outras duas histórias adicionais. A primeira, “O Homem Inocente”, escrita e desenhada pelo próprio Brian Bolland traz uma história sombria e moralmente dúbia cujo desenvolvimento me causou arrepios de pavor, e a segunda é a história onde o Coringa aparece pela primeira vez, em Batman 1 de 1940. Além disso a edição é enriquecida com textos de prefácio, posfácio, galeria de esboços e perfis dos autores. Graficamente ela segue o acabamento padrão de luxo da editora, com capa dura fosca e papel couché de alta qualidade e não notei quaisquer erros de revisão durante a leitura.
O desfecho aberto e ambíguo é considerado um dos mais controversos dos quadrinhos e rende acaloradas discussões entre os fãs ainda hoje. Particularmente estava tão absorto com a trama que, apesar de já conhecer de antemão algumas das implicações dele, achei que ele chegou de forma bastante abrupta me deixando sem chão por alguns momentos e me fazendo voltar algumas páginas para checar se havia perdido algo importante... E não! Estava tudo ali, era aquilo! Ou não, já que o espanto e a incerteza continuam presentes ressignificando aquela página final a cada nova leitura. Uma amostra intrigante da genialidade e do brilhantismo do roteiro de Alan Moore.
Desnecessário dizer que A Piada Mortal é item indispensável na estante de qualquer fã de quadrinhos. Para os não tão fãs, ou que não têm familiaridade com esta forma de arte, a HQ também é uma ótima pedida pois é uma história curta e fechada, que não requer maiores informações sobre a cronologia e pode também ajudar a livrar o leitor de quaisquer preconceitos que possa ter sobre histórias de super heróis. Apesar de curta, A Piada Mortal é repleta de simbolismos, com uma alta carga dramática e psicológica, violência incômoda e um dos melhores desfechos que já tive a oportunidade de ler, fazendo jus à fama e merecendo o lugar de destaque que ocupa entre as grandes obras da nona arte.


Ilustraverso: Sabe o que é Inktober?



Quem curte ilustrações e quer conhecer o trabalho de novos artistas, precisa aproveitar que estamos no Inktober para explorar esse universo! 
Provavelmente você já deve ter visto que nos últimos dias que uma série de pessoas - ou pelo menos algumas em especifico - estão falando sobre o Inktober nas principais redes sociais e outros sites na internet. OK, você ainda não sabe do que estou falando e nem viu nada assim por aí? Pois bem, vou explicar…
O Inktober é uma iniciativa criada pelo ilustrador Jake Parker em 2009 como um desafio para melhorar as próprias habilidades de desenho com tinta e desenvolver hábitos positivos em relação a prática artística. Desde então artistas de todo o mundo aderiram ao desafio: a ideia é fazer e postar um desenho a tinta por dia, durante o mês de outubro.
Qualquer pessoa pode participar, não precisa ser artista profissional para tal,  basta fazer um desenho em tinta (você pode fazer um lápis sob o desenho se você quiser), postar no seu blog ( ou tumblr, instagram, twitter, facebook, flickr, Pinterest…) com a hashtag #inktober, e repetir diariamente o exercício. O Inktober se trata de crescimento, para melhorar e formar hábitos positivos, então quanto mais você for consistente, melhor.
Agora sabendo disso, que tal vasculhar sua rede social favorita ou pesquisar pelas hashtags #Inktober e #Inktober2016? Para incentivar, aqui vai uma colher de chá:




Peter Pan

Todas as crianças crescem, menos uma.
Um dos mais populares clássicos infantis, Peter Pan é uma história que, como Alice no País das Maravilhas, une gerações, contagiando também adultos com sua energia, imaginação e um enredo que permite diversos níveis de interpretação.
Essa tradução do texto integral da obra de J.M. Barrie transporta crianças e adultos para um mundo mágico, povoado pela família Darling e pelos habitantes da Terra do Nunca - Peter Pan, os meninos perdidos, Sininho, o Capitão Gancho e seus piratas... A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.


Título: Peter Pan
Autor: James Matthew Barrie
Tradução: Julia Romeu
Ano 2014 / Número de Páginas 256


Peter Pan é uma daquelas histórias que desde muito cedo passam a fazer parte da nossa bagagem cultural através das muitas adaptações e versões que nos chegam pelas mais diversas mídias. Quem nunca ouviu algo a respeito do intrépido garoto que não queria crescer? Ou da Terra do Nunca onde todas as aventuras são possíveis? E da fada Sininho ou do temível Capitão Gancho? Apesar desta grande popularidade, pouca gente têm contato direto com a história original de James Matthew Barrie. Lê-la de sua fonte original pode reservar boas surpresas para o leitor.
Como acontece com muitas histórias, Peter Pan foi originalmente concebido enquanto Barrie entretinha os filhos de um casal de amigos seus lhes contado uma história. Posteriormente ele aproveitou os personagens e alguns elementos dessa história para compor uma peça teatral cujo sucesso estrondoso o levou a escrever e publicar uma versão definitiva em prosa, publicada em 1911 com o título de Peter Pan e Wendy. Monteiro Lobato foi responsável pela popularização da história no Brasil ao recontá-la através dos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo em 1930. Depois vieram as muitas animações e produções cinematográficas, sendo a da Disney de 1953 provavelmente a mais popular delas.
A história é ambientada na Inglaterra e se foca inicialmente na família Darling, descrevendo como foi a sua formação, a chegada das crianças, Wendy, Pedro e Miguel e o modo como elas vivem atualmente, tendo a cadela Naná como uma espécie de babá. Peter Pan aparece inicialmente como uma espécie de amigo imaginário dessas crianças, com as quais brincam e interagem com frequência. Numa noite em que os pais delas precisam sair para um evento social, o Sr. Darling se irrita com Naná e a prende do lado de fora da casa. Essa é a oportunidade perfeita que Peter Pan (sim, ele existe!) esperava para recuperar sua sombra, que em visitas anteriores fora separada do seu corpo com uma mordida certeira da cadela-babá. É Wendy quem o recebe quando ele entra pela janela e fica encantada com as habilidades do garoto, sua esperteza e sua capacidade de voar e ajuda-o a costurar a sombra novamente no seu devido lugar. Peter conta que ele, Sininho e os Meninos Perdidos vivem na Terra do Nunca, um lugar para onde as crianças vão quando suas babás se descuidam e elas caem de seus carrinhos e convida Wendy para ir com ele até lá, para contar histórias para eles e ser sua mãe. Wendy acaba aceitando a proposta fascinada com a possibilidade de conhecer as maravilhas encantadoras daquele lugar, apenas pedindo que Peter leve seus irmãos mais novos também. Logo Peter Pan ensina a eles como devem fazer para voar e partem todos para a Terra do Nunca, localizada à segunda estrela à direita, direto até o amanhecer.
Dois temas se destacam em meio as inúmeras aventuras que as crianças e Peter vivem na Terra do Nunca. O primeiro e o mais característico é a questão do crescimento. É notória a aversão de Peter pelas responsabilidades ou a quaisquer sinais que remetam à vida adulta, sobretudo quando percebemos os sentimentos conflituosos dele para com Wendy, Sininho e a Princesa Tigrinha. O segundo grande tema é a perda, tanto dos pais quanto da inocência e displicência infantil. Ao viver por tanto tempo na Terra do Nunca, Wendy se dá conta de que começa a esquecer dos próprios pais, percebe a atitude egoísta que tivera ao abandoná-los pela liberdade oferecida por Peter Pan e anseia poder voltar para eles. Ao fazê-lo ela opta por crescer e aos poucos perde o contato com o onírico, as histórias, a fantasia e a aventura ao lado de Peter Pan.
Me peguei questionando em vários momentos alguns dos comportamentos vistos nos livros e não consegui me abstrair deles durante a leitura. A facilidade com que Wendy assume para si todas as tarefas domésticas e as responsabilidades de ser uma mãe para Peter e os Meninos Perdidos foi talvez o mais incômodo deles pelo estranhamento, ainda que possa ser interpretado como uma mera representação de uma típica brincadeira de casinha. Sininho é representada como um ser feérico inconstante e me surpreendeu por demonstrar ciúmes extremos de Peter, inclusive planejando a morte de Wendy em dado momento. Aliás a forma banal como a morte é descrita e narrada também é algo problemático. Em meio aos conflitos entre os vários povos da Terra do Nunca e os piratas do Capitão Gancho, as baixas são incontáveis! Novamente talvez devesse interpretar como apenas mais uma das brincadeiras corriqueiras que crianças fazem o tempo todo. Acredito que Peter Pan será melhor apreciado por crianças que podem se abster de alguns desses questionamentos em detrimento da aventura onírica que ele propõe com muito mais facilidade. Para os já adultos fica um pouco mais difícil não enxergar alguns destes pontos com um pouco mais de malícia e talvez isso comprometa o sabor displicente de uma história de entretenimento, ainda que ela trabalhe o tempo todo com a psicologia e a visão infantil do mundo.
Peter Pan é um clássico infantil, influente e presente e por isso merece ser conhecido diretamente de sua fonte original. Ainda que a leitura para mim não tenha sido tão imersiva quanto eu esperava, não posso deixar de reconhecer o seu valor ao trabalhar bem tantas cenas carregadas de magia e de sutilezas talvez possíveis apenas para os corações mais puros e inocentes. Para voar com esta história, recomendo fazer antes o exercício proposto por Peter quando ensina as crianças a arte de voar pela primeira vez: “Você tem que pensar em coisas boas e lindas e elas suspendem você no ar.” Para alguns funciona, para outros talvez seja necessário um bom punhado de poeiras das fadas.

Multiverso X.:09 | Estranhas Indicações

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Aproveitando o hype da série original Netflix, Stranger Things, o Capitão Ace Barros reuniu os tripulantes Airechu, Julio Barcellos e a Hall-e para gravar nosso um episódio com o tema. Porém, muito já foi falado sobre a série, sua produção, roteiro e personagens; diversos reviews já foram produzidos em outros podcasts e canais do youtube. Sendo assim pensamos em aproveitar algo que a série trabalhou bem: as referências. 
Em mais um de nossos casts de indicações trabalharemos com a temática Estranha Indicações, tomando como base o sentimento de nostalgia gerado pela série e suas referências. Que tal jogar um jogo com o mesmo clima do RPG dos garotos? Quem sabe então ler a Saga da Fênix, dos X-Men? Que tal entrar no clima Sessão da Tarde com Conta Comigo e Os Goonies? E porque não saber um pouco do projeto governamental MK Ultra e sua relação com Stranger Things e o Mundo Freak Confidencial?
Acompanhe-nos, estimado explorador de universos!

DURAÇÃO: 1h 29min 39seg

COMENTADO DURANTE O PROGRAMA:

STRANGER THINGS: IMDB - Assista na Netflix - Vídeos comparativo com referências
OLD DRAGON: Site da Red Box - Caixa Básica
DUNGEON SAGA: Hot Site - Imagens do Jogo

X-MEN - A SAGA DA FÊNIX: Resenha do Multiverso X - Wikipédia
CONTA COMIGO (Stand By Me) - IMDB - Chamada da Sessão da Tarde
OS GOONIES: IMDB - Chamada do Cine Fámilia - Livro - Resenha no Multiverso X
MK ULTRA:  Mundo Freak Confidencial 114: Conspiração MK Ultra - MFC 113: Stranger Things e o Mundo Inverso  - Artigo do Mundo Freak

LINKS RELACIONADOS:

O RETORNO DA REVISTA DRAGÃO BRASIL: CAMPANHA

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Portas do Éden

O livro Portas do Éden é do quadrinista argentino Pablo Holmberg, que assina sob o pseudênimo Kioskerman. Valendo-se da estrutura dos quadrinhos, Kioskerman experimentou e inovou na linguagem, que se afasta do humor e se aproxima da poesia. As tiras abordam questões humanas e profundas, por meio de cenas, personagens e elementos de um mundo mágico, o Éden.
As tiras foram originalmente publicadas no site do autor (www.kioskerman.com.ar). Ao ler a série inteira no livro, é possível encontrar elementos em comum e mergulhar nas diferentes camadas de significados que a obra propõe.
Título: Portas do Éden
Editora: Lote 42
Autor: Kioskerman
Ano: 2015 / Número de Páginas: 120


Provavelmente as tirinhas são o tipo de quadrinho mais lido e consumido diariamente na internet sobretudo através da disseminação e engajamento proporcionados pelas redes sociais. Diria que é impossível não ver (e ler) pelo menos uma delas por dia em sua timeline. Mafalda, Peanuts, Turma da Mônica, Calvin e Haroldo e Garfield dividem espaço diariamente com Dr. Pepper, Sarah Andersen, André Dahmer e Laerte além de inúmeras outras tiras de artistas independentes e alguns até anônimos. Foi exatamente através desse caos e aleatoriedade da internet que tomei conhecimento das tiras de Kioskerman pela primeira vez e tão logo foi possível adquiri o compilado com algumas delas publicado pela editora Lote 42.
Kioskerman, na verdade um pseudônimo do argentino Pablo Holmberg, publica suas tiras na internet desde 2004, época em que ainda as enviava semanalmente por e-mail aos seus seguidores sob o nome de El Señor del Kiosko (O senhor da banca). Em 2006 ele inicia a publicação da série de tiras Éden, que posteriormente seriam compiladas e lançadas como livro na Argentina e teriam seus direitos de tradução vendidos para diversos países. Portas do Éden é o segundo livro do quadrinista, lançado em 2013 na Argentina e ganhando sua primeira edição internacional no Brasil pela Lote 42 em 2015.
Dotadas de uma linguagem própria, mais distanciada do humor cartunesco e mais próxima da poesia gráfica, as tirinhas de Kioskerman valem-se de um domínio apurado da arte sequencial pelo autor que consegue de forma concisa, em apenas quatro quadros, nos transmitir mensagens profundas, reflexivas e carregadas de emoção.
Ambientadas no Éden, as tirinhas utilizam todos os elementos disponíveis nele como ingredientes da sua composição: seres humanos, animais, plantas, deuses, astros, ideias, absolutamente tudo se transforma em personagem e muitos deles são recorrentes, tais como O Rei e A Rainha! Há no Éden algo de onírico e platônico que rapidamente percebemos como familiar e inerente a nós mesmos. Através de sua atmosfera bucólica e fantasia arquetípica sutil, o autor nos proporciona uma visão da sua própria percepção do mundo, de seus sentimentos e da sua sensibilidade artística.
Com temas que flertam desde o cotidiano mais simples, até a espiritualidade, o amor,a filosofia, o medo, a angústia e a poesia, as tirinhas de Kioskerman transcendem os quatro quadros nas quais são ilustradas e vão além, levando o leitor a refletir, mesmo que por alguns instantes, sobre aquilo que acabou de ler num exercício de olhar para seu próprio interior, buscando significar e correlacionar todos estes elementos inerentemente humanos e comuns a todos nós.
A edição da Lote 42 reúne mais de cem tirinhas publicadas entre os anos de 2010 a 2013 em um álbum com um excelente acabamento gráfico, caprichado nos mínimos detalhes, desde o miolo em papel de alta gramatura, passando pela gravação em hotstamp dourado na capa, até as abas mais longas que dão firmeza e resistência ao volume e ainda escondem uma ilustração (e uma história) extra. A tradução foi realizada pela editora e jornalista argentina Cecilia Arbolave. Um outro compilado de tirinhas de Kioskerman já havia sido publicado no Brasil em 2010 pela editora Zarabatana e estou muito curioso para lê-lo também. Vale mencionar que as tirinhas são independentes e não seguem uma linearidade definida podendo ser lidas aleatoriamente e sem que o leitor possua ambos os compilados.
Apreciei demais a leitura! Algumas das tiras me impressionaram mais pelos seus grafismos criativos, outras pela beleza poética de seu texto, algumas pelo humor sutil de canto da boca e quase todas por uma combinação genial disso tudo. Pelo seu tom mais reflexivo elas vão conversar de maneiras diferentes com leitores diferentes, dependendo das experiências pessoais e do momento de vida de cada um, de modo que é um tipo de arte que vai estar sempre em mutação, assim como o seu público. O compilado é ideal para deixar sempre a mão, para folhear, redescobrir e se surpreender novamente a cada nova olhadinha. Recomendo muito para fãs de quadrinhos como arte e como entretenimento em geral e também para apreciadores de poesia e de obras que falam mais de nós mesmos do que delas em si.
Kioskerman continua publicando tirinhas, que tanto podem ser conferidas em espanhol no site oficial ou através de suas redes sociais. Você também pode visitar o hotsite da Lote 42 sobre o compilado e ler uma pequena amostra delas logo abaixo.