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Voo Fantasma



Uma mistura de A Identidade Bourne com Indiana Jones num thriller de tirar o fôlego, de Bear Grylls, astro das séries À prova de tudo e No pior dos casos.
Mãe e filho são sequestrados de dentro de uma barraca numa montanha nevada. Um soldado leal é torturado e executado num pântano remoto. Um avião de guerra desaparecido, contendo um segredo de proporções catastróficas, é descoberto no coração da Floresta Amazônica. Uma única trama une esses três acontecimentos, e só um homem será capaz de desvendá-la: Will Jaeger, o caçador. Jaeger, ex-combatente do Serviço Aéreo Especial britânico, se vê envolvido numa conspiração que pretende fazer renascer das cinzas o Terceiro Reich de Hitler – e que vai levá-lo da África, via Reino Unido, para as profundezas da Amazônia, onde se escondem segredos macabros da Segunda Guerra Mundial
Título: Voo Fantasma
Autor: Bear Grylls
Editora: Record
Número de páginas: 462


Um nome grande e colorido em destaque na capa prende minha atenção e logo reconheço a quem ele pertence. Isso por si só é o suficiente para prender a minha curiosidade e fazer com que me aproxime e verifique do que se trata aquela obra, afinal o autor é conhecido por seu histórico de viver aventuras reais. Lendo a sinopse entendo se tratar de um romance especulativo, um thriller conspiratório envolvendo a Segunda Guerra Mundial, Terceiro Reich e cenários exóticos. Então me questiono: seria Bear Grylls capaz de produzir um conteúdo bacana também na ficção?
Voo Fantasma conta a história de William "Will" Jaeger, um ex-oficial da SAS Britânica que após perder mulher e filhos, os quais não acredita terem morrido, abandona sua vida para buscar pistas de seu paradeiro. A última delas o levou até a Guiné Equatorial, ou foi preso e trancafiado em um calabouço onde vem sendo torturado sob a acusação de conspirar contra o governo. Mas nos momentos de necessidades é que surgem os amigos e Raff, um maori ex-membro da SAS, surge para resgatá-lo.
Como não existe almoço grátis Jeager descobre os motivos por trás do resgate, além da amizade: um de seus melhores amigos morreu sob condições suspeitas e sua presença é requisitada para substituí-lo em uma missão, ou melhor dizendo, uma expedição patrocinada para a produção de um documentário/reality show sobre uma misteriosa aeronave sem registro - um voo fantasma - perdida na floresta amazônica. Intrigado após encontrar uma suposta ligação entre a morte de seu amigo, o passado de seu avô militar e o desaparecimento de sua família.
William aceitar liderar o grupo expedicionário e encontrar respostas para suas perguntas em meio a saltos de para-quedas, lutas corporais, aranhas mortais, nadar com piranhas e jacarés, encontrar índios isolados, enfrentar sanguessugas, traições e inimigos armados na floresta amazônica. A cada passo dado uma coisa fica mais clara na mente de Jeager: talvez a ameaça nazista não tenha morrido com Hitler na guerra...
O resultado dessa mistura é o que você acompanha neste livro. Bear Grylls consegue trabalhar bem os conceitos planejados e executar sua aventura inicial como autor de maneira satisfatória. Os personagens são bem desenvolvidos ao decorrer da trama, alguns mais outros menos, mas o destaque evidentemente foca com o protagonista. Muitos mistério rondam os outros personagens, mesmo os mais próximos ainda escondem muito segredos. E disso o livro está cheio. A trama vai além da resolução do mistério que nomeia o livro, entregando o proposto e introduzindo novas questões sobre a conspiração descoberta, tal qual uma série com novos problemas surgindo no último episódio da temporada. Que por sinal Voo Fantasma daria uma série de TV bem bacana.
Grylls traz para as páginas do livro muito de si. Voo Fantasma é nitidamente calcado em suas experiências pessoais, tanto para a composição do personagem principal - que assim como o autor é um ex-membro das forças armadas - quanto para a função descritiva do narrador. Isso traz peso e um pouco de realidade para a obra, já que tem propriedade para falar sobre sobrevivência, aventuras e a vida militar, e não apenas baseia-se em pesquisas e consultas. Todo essa carga é transferida para a narrativa detalhada, porém ágil, e essencial para a construção dos detalhes da história e cenários. Alguns podem considerar isso tanto um ponto positivo quanto negativo, vai depender de seu gosto e expectativa.
No entanto esse zelo da parte do autor, em diversos momentos, acaba passando desapercebido ao se misturar com os detalhes fictícios tornando-o difícil de distinguir quem é quem na história. Quanto mais distante a informação for da sua realidade, maior a chance disso acontecer. Nem precisa ir muito longe: toda a parte da Amazônia com as tribos indígenas, animais e geografia já é difícil de separar.
Em suma, Voo Fantasma termina deixando no leitor uma dupla sensação: a de ter lido uma grande introdução - não leve isso para o sentido ruim - e a de saber que a série pode apresentar ainda muita coisa boa. Bear Grylls com certeza nos entrega em seu romance de estreia um divertido thriller conspiratório com boas doses de adrenalina, ação, mistério e suspense, que vale a pena ser lido. Quem gosta de bons livros do gênero acaba de encontrar mais um para incluir em sua lista.