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Mares de Sangue

Após uma batalha brutal no submundo do crime, o golpista Locke Lamora e seu fiel companheiro, Jean Tannen, fogem de sua cidade natal e desembarcam na exótica Tal Verrar para se recuperar das perdas e feridas. Porém, mesmo no extremo ocidental da civilização, não conseguem descansar por muito tempo e logo estão de volta ao que fazem de melhor: roubar dos ricos e embolsar o dinheiro.
Desta vez, eles têm como alvo o maior dos prêmios, a Agulha do Pecado, a mais exclusiva casa de jogos do mundo, onde a regra de ouro é punir com a morte qualquer um que tente trapacear. É o tipo de desafio a que Locke não consegue resistir... só que o crime perfeito terá que esperar.
Antigos rivais dos Nobres Vigaristas revelam o plano a Stragos, o ambicioso líder militar verrari, que resolve manipulá-los em favor de seus próprios interesses. Em pouco tempo, a dupla se vê envolvida com o mundo da pirataria, um trabalho inusitado para ladrões que mal sabem diferenciar a proa da popa de um navio.
Em Mares de sangue, Locke e Jean terão que se mostrar malabaristas de mentiras, enganando todos ao seu redor sem a mínima falha, para que consigam sair vivos. Mas até mesmo isso pode não ser o bastante...
Título: Mares de Sangue
Série: Nobres Vigaristas - Vol. 2
Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Número de Páginas: 514


Quando um livro te captura e te entrega não apenas diversão, mas uma enorme qualidade, é quase uma certeza que se houver uma sequência - que faça sentido, afinal ninguém merece caça-níquéis baratos - você irá atrás dela. As vezes isso acontece e você só tem a opção de esperar o lançamento do desejado volume daquela série. Uma triste angustia...
Ainda bem que quando adentrei nesse novo mundo a Editora Arqueiro já havia lançado três volumes da série. :) Até que precise esperar pelo quarto volume já me satisfiz desbravando com prazer as desventuras dos Nobre Vigaristas.
E tão boa quanto a de As Mentiras de Locke Lamora, foi a leitura de Mares de Sangue...
Após o desenrolar dos eventos narrados no primeiro volume da série, os Nobres Vigaristas Locke Lamora e Jean Tannen deixam Camorr para trás na esperança reconstruir suas vidas em Tal Verrar, no extremo ocidente. Abalados pelas perdas, os servos fieis do Treze Sem Nome, precisam deixar o descanso de lado, reencontrar sua vocação para o crime e fazer o aquilo que fazem de melhor: roubar dos ricos e embolsar o dinheiro.
Em meio a execução de um arriscado golpe no grande "cassino" Agulha do Pecado, onde a regra de ouro é punir com a morte qualquer um que tente trapacear, antigos inimigos voltam para tornar as coisas mais difíceis. Para ser sincero: muito mais difíceis.
Conhecendo o segredo de Locke e Jean graças ao auxílio dos vingativos Magos-Servidores, Maxilan Stragos - o Arconte de Tal Verrar - resolve manipulá-los e forçá-los a trabalhar em favor de seus próprios interesses. O líder militar verrari precisa que os Nobre Vigaristas se lancem ao mar para convencer piratas a atacarem os portos do reino para assim no comando de sua marinha, tornar-se herói e recuperar sua autoridade diminuída pelos tempos de paz.
Locke e Jean precisam a todo o tempo usar suas mentes e habilidades para encontrar uma forma de libertar-se do domínio do Arconte, sobreviver a jornada em meio aos piratas e voltar para finalizar seu audacioso plano na Agulha do Pecado. E por fim, talvez apenas isso não seja o bastante. Será preciso ir além...
Em Mares de Sangue, Scott Lynch nos trás de volta os seus Nobres Vigaristas, mantendo sua já apresentada agradável e fluida narrativa em terceira pessoa e seus interlúdios informativos. Apesar de estar em plena expansão de seu cenário, o ritmo imposto pelo autor permanece ágil apesar da grande quantidade de informações que passa a cada página, tornando a leitura agradável. A linguagem utilizada pelo Lynch permanece também simples e de fácil entendimento, e embora graças ao descostume com os jargões navais fiquemos confusos em alguns momentos não chega a atrapalhar bom andamento da leitura.
A tão elogiada construção do cenário elogiada na resenha do volume anterior se torna ainda mais digna de nota. Deixamos os ares itálicos que permeavam Camorr e seus canais, e somos levados a conhecer mais a fundo culturas apenas citadas em As Mentiras de Locke Lamora. Mais especificamente Tal Verrar e suas proximidades, e também os mistérios que rondam as ilhas piratas dos Ventos Fantasmas. Com cada vez mais cor e graça, o cenário se mostra ainda mais rico e envolvente; não é só repleto de informação para dar grandeza, é repleto de informação para que os detalhes lhe convençam que por mais diferente que aquela realidade lhe pareça, ainda sim seja plenamente palpável. Das vestes a cultura popular com suas datas, festejos e cultos, das regras e leis aos tratados não escritos, cada elemento te encaminha para uma imersão profunda e encantadora.
Lynch insiste em brincar de surpreender o leitor com seus plots, tramas e sub-tramas, e cada informação dada no avançar das páginas pode ser útil para compreensão dos fatos em algum momento. É bom prestar atenção nisso. Sendo assim não podemos esquecer de um elemento decisivo para que fiquemos grudados nas páginas do livro: as personagens. Lamora e Tannen voltam a nos conquistar com sua lealdade, seus golpes bem arquitetados, e com uma inocência que os coloca várias vezes em risco. A amizade da dupla é testada em diferente momentos da trama e você teme pelo pior. Conhecemos também coadjuvantes intrigantes como Requin, o proprietário da Agulha do Pecado, e sua esposa e segurança Selendri, outros ocultos como Merrane e  outros nem tanto como o Arconte Stragos. É claro temos aqueles que além de ter uma grande importância na trama te ganham pela postura e carisma como a capitã Zamira Drakasha e a tenente Ezri Delmastro. Ambas são mulheres independentes que por nada no mundo abririam mão do controle de suas próprias vidas e do que conseguiram no mar.
Mares de Sangue é uma história com aventura, romance, amizade em uma corrida contra o tempo para os protagonistas, mas também com aquela riqueza de detalhes que agrada aqueles como eu. A cada etapa ouso dizer que a série Nobres Vigaristas se torna mais instigante e apaixonantes, e se começada duvido muito que tenha vontade de parar. Concordo plenamente, dessa vez com as palavras da Locus Magazine ao dizer que: "Nenhum crítico pode deixar de admitir as qualidades inesgotáveis de Lynch: sua inventividade, sua audaciosa construção de mundos, sua caracterização cativante."