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O Castelo das Águias

Localizado nas Terras Férteis de Athelgard, região habitada por homens e elfos, o Castelo das Águias abriga uma Escola de Magia, onde os aprendizes devem se iniciar nas artes dos bardos e dos saltimbancos antes de qualquer encanto ou ritual. Apesar de sua juventude, Anna de Bryke aceita o desafio de se tornar a nova Mestra de Sagas do Castelo. Aprende os princípios da Magia da Forma e do Pensamento e tem a oportunidade de conhecer pessoas como o idealizador da Escola, Mestre Camdell; Urien, o professor de Música; Lara, uma maga frágil e enigmática, e o austero Kieran de Scyllix, o guardião das águias que mantêm um forte elo místico com os moradores do Castelo. Enquanto se habitua à nova vida e descobre em Kieran um poço de sentimentos confusos e turbulentos, uma exigência do Conselho de Guerra das Terras Férteis põe em risco a vida e a liberdade das águias. Com o apoio de Kieran, Anna lutará para preservá-las, desvendando uma trama de conspiração e segredos que envolvem importantes magos do Castelo.
Título: O Castelo das Águias
Série: Athelgard
Autor: Ana Lúcia Merege
Editora: Draco
Número de Páginas: 192


Fantasia é uma de minhas grandes paixões, se posso dizer assim, não é difícil que um livro do gênero acabe por chamar a minha atenção, seja ele nacional ou estrangeiro. Esse foi o caso de O Castelo das Águias, livro nacional lançado pela Editora Draco, que apesar da demora na fila de leitura (comprei-o em maio de 2013) finalmente pude apreciar a história.
A história se inicia com a chegada de Anna de Bryke, nossa jovem protagonista, à escola para magos - O Castelo das Águias - para assumir o posto como a nova Mestra das Sagas (algo próximo a uma professora de literatura, mas com mais proximidade da tradição oral). Apesar de conhecer o mundo por canções e histórias - afinal essa é sua profissão - é a primeira vez que a mestiça está saindo de sua tribo, localizada na Floresta do Teixo. Ao chegar lá, ela conhece os outros mestres e alunos e precisa lidar com suas expectativas e inseguranças para se adaptar a sua nova realidade. Anna é uma mulher inteligente e tem o dom da oratória, com isso não demora a fazer amigos e arrumar encrenca.
E também um pouco mais...
Ao conhecer Kieran - o Mestre das Águias - um mago sério e reservado com o dobro de sua idade, que como ela é um humano com pouco sangue élfico em uma escola dominada por elfos, um interesse desperta. Paralelo a isso outra trama começa a correr: representantes de cidades aliadas à Vrindavahn do Castelo das Águias, sob a liderança do mago elfo Hillias, querem permissão para levar consigo, permanentemente, algumas das famosas aves da região, que podem ser transformadas temporariamente em armas de guerra através de um encanto conhecido pelo Mestre das Águias e seus discípulos. Kieran não se incomoda em emprestá-las se houver real necessidade, mas recusa-se a cedê-las, pois as águias adoecem e morrem quando se tenta mantê-las como guerreiras longe das águas do Lago Azul. Hillias está, porém, convencido de que será capaz de resolver o problema e se esforça por persuadir o conselho da cidade e conseguir a permissão para testar. Em meio a essa questão Anna é nomeada pelo Mentor da escola para participar do conselho e aplicar seu conhecimento de retórica e literatura aos conselheiros e persuadi-los a recusar o pedido dos aliados.
Obviamente, essa participação irá ter consequências futuras para Anna, Kieran e as Águias do castelo...
Ana Lúcia Merege nos apresenta a trama através do ponto da protagonista com uma narrativa sóbria e auto contida, seguindo a personalidade da personagem, mas de forma agradável e fluida, e uma linguagem simples, sem travas na leitura. Junto com a recém-chegada Mestra de Sagas vamos desbravando o cenário descobrindo seus personagens e sendo apresentados aos conflitos. E nos detalhes observados a cada dia se amarram as questões mais importantes. 
O universo criado pela autora é bastante rico, mas em detrimento da narrativa veloz - que não é um defeito, é claro - ficamos conhecendo apenas uma parcela dele. Em suma: temos o suficiente para não ficarmos perdidos naquela nova realidade, mas ficamos na vontade de desbravá-la mais a fundo, mesmo que fosse através das Sagas contadas por Anna. Durante toda a leitura ansiei entender mais sobre os costumes dos diferentes povos de Athelgard (humanos e elfos), sua mitologia com o panteão politeísta que referencia as entidades Nórdigas e Celtas e também a presença do culto ao Deus Único, e a relação dos personagens com a mesma, pois tudo era-me novo e interessante.
Isso também interfere um pouco no desenvolvimento da trama, repleta de personagens e pontos interessantes, mas que deixa a impressão de que se houvesse um pouco mais de espaço (ou páginas) poderia ser ainda melhor trabalhada (destaque no AINDA, ok?). Certas questões parecem acontecer de forma mais acelerada para que não se prolongue e atrapalhe o ritmo já apresentado até então, e senti isso no próprio romance vivido pela protagonista.
Entrando na parte estética do livro não posso deixar de fazer uma confissão: antes mesmo de ler a sinopse do livro, a ilustração de capa produzida pela Carolina Mylius (cujo trabalho merece e irá ganhar uma postagem a parte na coluna Ilustraverso) garantiu a compra do livro. É feio julgar o livro pela capa, eu sei, mas vai dizer isso para alguém tão visual quanto eu! Claro não dá pra deixar de elogiar o trabalho de composição da capa (tipografia e estilização) que casou muito bem com a imagem e o tornou ainda mais chamativo.
Enfim tenho que dizer que apesar de seus altos e baixos O Castelo das Águias é uma boa obra e que irá te render um bom entretenimento com uma escrita leve e de qualidade. Como disse anteriormente, o universo criado pela autora tem grande potencial e deve ser melhor aprofundado e aproveitado nas sequências e spin-offs (confio nisso). Fica aqui a minha recomendação!