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O Fim da Eternidade

Andrew Harlan é um Eterno: membro de uma organização que monitora e controla o Tempo. Um Técnico que lida diariamente com o destino de bilhões de pessoas no mundo inteiro: sua função é iniciar Mudanças de Realidade, ou seja, alterar o curso da História. Condicionado por um treinamento rigoroso e por uma rígida autodisciplina, Harlan aprendeu a deixar as emoções de lado na hora de fazer seu trabalho.
Tudo vai bem até o dia em que ele conhece a atraente Noÿs Lambent, uma mulher que abala suas estruturas e faz com que passe a rever seus conceitos, em nome de algo tão antigo quanto o próprio tempo: o amor. Agora ele terá de arriscar tudo - não apenas seu emprego, mas sua vida, a de Noÿs e até mesmo o curso da História.
Da extensa obra de Isaac Asimov, "O Fim da Eternidade" (publicado originalmente em 1955), junto com a série "Fundação e The Gods Themselves", está entre os melhores livros escritos pelo autor, e é considerada uma das mais bem-sucedidas histórias de viagem no tempo.
Título: O Fim da Eternidade
Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Lançamento: 2007
Páginas: 255


Sempre tive aquela curiosidade latente para ler as obras de Isaac Asimov, em grande parte por conhecer seus famosos robôs positrônicos e as leis da robótica muito antes de ter tido a oportunidade de ter algum de seus livros em mãos. Ano passado após ler, aqui no Multiverso X, uma resenha sobre aquela que é provavelmente a sua obra mais famosa, - Eu, Robô - decidi pagar essa velha dívida comigo mesmo e adentrar de vez o universo asimoviano. Obviamente fiquei fascinado com a forma como ele trabalhou seus robôs e logo fui atrás de mais! Mas curiosamente a segunda obra dele que leio e que é tema desta resenha não tem nenhum ser positrônico nela, tratando muito mais da própria humanidade sob um viés filosófico hipotético extremamente bem embasado e profundamente tocante.
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Em O Fim da Eternidade Isaac Asimov desenvolve uma surpreendente história sobre viagens no tempo, modificações induzidas conscientemente na realidade e alterações no futuro e de como o despertar de uma paixão põe em risco a existência da própria Eternidade.
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A Eternidade aqui não é o mesmo conceito de um tempo que dura para sempre, mas sim uma organização burocrática, situada fora dos limites do tempo e que controla as viagens temporais e o desenvolvimento da humanidade ao longo de incontáveis Séculos. A sociedade que forma a Eternidade é dividida em castas hierarquicas conforme a função que desempenham e é composta majoritariamente por homens, também chamados de Eternos. Alguns dos Eternos são Observadores, encarregados de estudar meticulosamente os séculos aos quais são designados e enviar relatórios sobre as variáveis daquela sociedade. Outros são os Técnicos, estes efetivamente decidem o quê, quando e como mudanças nas realidades dos séculos serão introduzidas a fim de se evitar catástrofes sociais (que variam desde uma guerra atômica, até a explosão do uso de drogas por exemplo) beneficiando ao longo prazo uma maior parcela daquela sociedade. Além da Manutenção, os homens que mantém a estrutura da Eternidade em funcionamento e dos Computadores, os gestores políticos que detém a palavra final sobre todas as decisões relativas à ela, aos Séculos e às Realidades. Há ainda os Tempistas, as pessoas comuns que habitam os Séculos e não fazem parte da Eternidade e os Análogos, que são Tempistas modificados por alterações de realidade induzidas pela Eternidade. Parece complicado mas conforme as páginas do livro avançam os papéis e as funções ficam mais claros e você os compreenderá naturalmente.
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O protagonista, Andrew Harlan, é um dos melhores Técnicos da Eternidade e ele se vê num grande dilema ao conhecer Noÿs Lambent e experimentar pela primeira vez um grande amor. Isto o faz repensar e questionar toda a sua vida, e tudo aquilo que ele e a Eternidade são.
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É incrível a quantidade de tópicos filosoficamente relevantes levantados num livro tão curto: poderia o amor de um homem por em risco a existência de toda a Eternidade e dos Séculos sobre os quais ela exerce influência? O que aconteceria se você voltasse no tempo e se encontrasse consigo mesmo? Podendo viajar no tempo para trás e para frente, quão curioso você seria para buscar um descendente evoluído da sua própria espécie e o quão arriscado isto poderia ser? Que implicações teriam as mudanças introduzidas no passado, em Séculos seguintes? Quem decide como essas mudanças serão feitas e com que direito? Por que almejamos tanto explorar o espaço e deixar o conforto da Terra, partindo rumo às estrelas? Mesmo com tudo isto e sendo uma obra de ficção complexa, O Fim da Eternidade não requer grandes conhecimentos científicos para ser lido e o que é preciso para entendê-lo é explicado em suas páginas sem prejudicar a narrativa.
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Narrado em terceira pessoa e não obedecendo uma sequência linear, a trama vai sendo construída aos poucos com muitos momentos de virada. Até a última página você não tem nenhuma certeza de como tudo aquilo vai terminar e é incrível a capacidade do autor de costurar uma trama tão elaborada, tão rica em detalhes e ao mesmo tempo capaz de prender seu leitor do início ao fim como em alguns dos melhores suspenses.
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O Fim da Eternidade é sem dúvida alguma uma leitura indispensável para fãs de ficção científica, de tramas bem construídas e de livros com conteúdo. Ouso dizer que é ainda mais impactante que Eu, Robô apesar de não deter a mesma popularidade. Enfim, é a prova inegável de que Asimov soube brincar de Deus. Recomendo!